Resumo

O presente artigo trata de uma investigação acerca da teoria do filósofo Alva Noë sobre a percepção visual e como ela responde à seguinte questão: “o cego realmente vê com o uso do sistema de substituição tátil-visual?”. Conhecido como TVSS em inglês, é uma prótese construída nos anos 70 pelo neurocientista Bach-y-Rita capaz de recuperar a capacidade visual de cegos ao transformar dados sensoriais táteis em visuais com o uso de uma câmera e eletrodos conectados à uma parte do corpo do usuário. As imagens de um objeto são convertidas em sinais elétricos e transmitidos para um eletrodo. O cérebro, por fim, identifica os sinais elétricos e, conforme o usuário habitua-se com os sinais táteis, o cérebro interpreta-os como sinais visuais. Esta reflexão remete ao problema de Molyneux, proposto à Locke, o qual questiona se um cego que tem sua visão restaurada é capaz de reconhecer objetos que antes reconhecia apenas pelo tato. O problema não possui uma resposta conclusiva e o aparelho de TVSS de Bach-y-Rita é considerado uma boa resposta para a questão. Sobre a teoria de Noë, para perceber visualmente é necessário que utilizemos de movimentos corporais para que a percepção seja utilizada em sua capacidade plena. Não há hierarquia perceptual na teoria de Noë: a visão não é mais importante do que o tato. Perceber, para o filósofo, é agir. Portanto, intenta-se, aqui, apresentar o ponto de vista do filósofo com a finalidade de expor uma visão alternativa acerca de problemáticas da filosofia da percepção.

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