Editora Letras do Pensamento. Brasil None. 640 páginas.

Sobre

Prefácio: Juca Kfouri Apresentação especial: “Wladimir foi meu ídolo desde o início, no Corinthians. Aos 15 anos, quando passei a treinar com os profissionais, estar no vestiário com ele era um sonho pra mim. Mais tarde, na época da Democracia Corinthiana, eu, ele e o Magrão (Sócrates) formamos um trio de grande importância para o projeto. Aprendi e amadureci muito conversando com ele. Viramos amigos e estivemos juntos praticamente em todos os momentos importantes da vida do país naquele período, como no palanque das ‘Diretas', em abril de 1984. Tenho muito orgulho de ter virado amigo do Wladimir. Sabe quando você olha para trás no tempo e diz ‘eu não me vejo sem aquilo ou sem aquele alguém'? Pois é, eu olho para trás e não me vejo sem a amizade do Wladimir.” Walter Casagrande Júnior Apresentação: Wladimir chegou lutando. Como milhões de brasileiros, nasceu pobre numa família númerosa: seis irmãos, pai-pedreiro, mãe-empregada doméstica. Querendo ser “alguém na vida”, buscou os estudos. Mas foi a bola de futebol que lhe deu tudo. Disciplinado, subiu os degraus da profissão rapidamente. Quando se deu conta, era o lateral esquerdo do Corinthians, amado por uma legião de torcedores. As cenas de um cotidiano preto e branco começaram então a se suceder. Experimentou o trauma da perda de um título certo e se emocionou com o maior jogo da sua vida: em 1976, contra o Fluminense, no Maracanã, templo do futebol mundial. No ano seguinte, ajudou a tirar o Corinthians da fila – após 22 anos, a nação sofrida expulsou do peito o grito de campeão. O maior marcador da história corintiana teve vida difícil na Seleção Brasileira. Era um jogador que pensava, e isso não interessava a quem chefiava. Além do mais, exigia dos dirigentes do futebol brasileiro o fim da Lei do Passe, que escravizava o jogador. Determinado, lutou pelos direitos trabalhistas de sua classe profissional e chegou a presidente do Sindicato dos Atletas. Tentou convencê-los de que coletivamente eles eram poderosos, metiam medo nos “cartolas”. Abriu a boca para condenar a ditadura militar que comandava o país e enfrentou aqueles que usavam o racismo como forma de opressão. Na Democracia Corinthiana, o projeto mais libertário que o mundo do futebol profissional conheceu, a voz moderadora de Wladimir trouxe equilíbrio aos incendiários Sócrates e Casagrande – não foi à toa que recebeu do técnico do Corinthians a faixa de capitão. Enquanto jogava livre e feliz, fora dos gramados se engajava na defesa das eleições diretas, contribuindo para a redemocratização do país. Por tudo isso, até hoje Wladimir (806 jogos com a camisa do Corinthians) é amado pela nação corintiana e respeitado por todas as outras torcidas do país. No livro escrito por Hélio Alcântara, você vai conhecer o atleta perfeito e o ser humano com suas fraquezas, o ativista e o sindicalista angustiado – todos concentrados num só. E, como diz Juca Kfouri no prefácio, você vai entrar no vestiário e nos gramados para disputar jogos espetaculares. Junto com o maior lateral esquerdo da história centenária do Corinthians. Boa viagem. Hélio Alcântara.