Cevnautas da AMA,

     Ao mesmo tempo em que uma pesquisa nos EEUU mostra que o índice de autista saltou para o recorde de 1 em cada 51 crianças

http://www.myhealthnewsdaily.com/3639-autism-prevalence-rises-children.html?cmpid=520523

Pesquisadores lançam revista sobre autismo
Por Elton Alisson

Agência FAPESP – A pesquisa sobre o transtorno do espectro autista – uma disfunção global do desenvolvimento que afeta as capacidades de comunicação, socialização e comportamento de milhares de pessoas em todo o mundo – vem obtendo avanços nos últimos anos que apontam para a melhoria da avaliação e do tratamento do distúrbio comportamental.

Alguns dos resultados de estudos realizados nesse campo do conhecimento são publicados em diversas revistas científicas internacionais.

Nenhuma dessas publicações, no entanto, é direcionada especificamente à divulgação de resultados de pesquisas relacionadas à análise do comportamento para avaliação e tratamento do transtorno do espectro autista.

“Há várias revistas científicas internacionais sobre autismo, que abrangem diferentes áreas, mas nenhuma delas tem ênfase na análise do comportamento de indivíduos com o transtorno do espectro autista”, disse Celso Goyos, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), à Agência FAPESP.

De modo a suprir essa carência, Goyos e um grupo de pesquisadores de diferentes países lançou uma revista científica internacional on-line com esse foco.

Intitulado International Journal of Behavior Analysis & Autism Spectrum Disorders (IJOBAS), o periódico, de livre acesso, publicará artigos originais sobre pesquisas aplicadas, translacionais ou experimentais na área.

“Nós pretendemos atrair artigos de qualidade sobre pesquisas relacionadas especificamente à análise do comportamento, que possam ser utilizadas para avaliação e tratamento de pessoas com transtorno do espectro autista e, ao mesmo tempo, deixar espaço para outras publicações, que têm a intenção de serem mais abrangentes, abarcarem outras áreas”, afirmou Goyos.

ESPCA sobre Autismo

De acordo com o pesquisador, o periódico é resultado de um projeto idealizado há vários anos, que por diversas razões se concretizou por meio da realização de uma Escola São Paulo de Ciência Avançada: Avanços na Pesquisa e no Tratamento do Comportamento Autista (ESPCA Autism), na UFSCar, no início de 2012.

Realizado no âmbito da ESPCA, modalidade de apoio da FAPESP, o evento foi organizado por Goyos em parceria com os pesquisadores Caio Miguel, da California State University, e Thomas Higbee, da Utah State University, dos Estados Unidos, e reuniu aproximadamente 60 convidados estrangeiros, provenientes, principalmente, da América do Norte e da Europa.

Uma das questões que os pesquisadores discutiram durante o encontro foi a necessidade de se criar meios de divulgação dos resultados das pesquisas realizadas na área de análise do comportamento de autistas, em que a maioria dos convidados do evento atua.

Com base nas discussões, os organizadores da ESPCA sobre autismo decidiram publicar um livro on-line – que está em processo de edição e, possivelmente, será de livre acesso – sobre os trabalhos apresentados durante o encontro.

Na avaliação deles, contudo, há um número expressivo de estudos em andamento que necessitaria de mais publicações. Com base nessa constatação, decidiram lançar uma revista científica específica sobre o assunto.

“Existe apoio empírico robusto e abundante para a eficácia da abordagem comportamental aplicada ao tratamento do transtorno do espectro autista”, afirmou Goyos.

Revista internacional

Para lançar a revista, foi formado um corpo editorial composto por Goyos, como editor-chefe, além de Higbee e Brian Iwata, da Universidade da Flórida (EUA), Jeff Sigafoos, da Victoria University of Wellington (Nova Zelândia), Neil Martin, da Queens University e da Universidade de Kent (Reino Unido), Dickie Yu, da Universidade de Manitoba (Canadá), Giovana Escobal e Nassim Elias, ambos da UFSCar, como editores associados.

Segundo Goyos, a ideia era de que a publicação tivesse um caráter internacional e reunisse especialistas com larga experiência na área e pesquisadores em início de carreira – nos mesmos moldes das ESPCAs apoiadas pela FAPESP, que unem pesquisadores de grande reputação em suas áreas e estudantes de pós-graduação.

“Tentamos aplicar no periódico a mesma concepção das ESPCAs realizadas pela FAPESP”, disse Goyos.

Os pesquisadores também tiveram a preocupação de disponibilizar a publicação em um sistema on-line de livre acesso já adotado por algumas revistas científicas brasileiras – chamado Open Journals Systems (OSJ) –, de modo que os usuários possam navegar livremente pela página, submeter artigos e ter acesso a todo o conteúdo da revista, após registrar-se gratuitamente.

“Por ser on-line, a revista terá um dinamismo bem maior do que as publicações tradicionais na área, que são impressas”, avaliou Goyos.

Visibilidade no exterior

De acordo com Goyos, a meta é indexar a publicação nas principais bases de revistas científicas internacionais, como a SciELO, apoiada pela FAPESP, de modo a contribuir para aumentar a visibilidade no exterior das pesquisas realizadas no Brasil.

“Estamos nos tornando referência na área, mas a visibilidade das nossas pesquisas no exterior ainda é tímida”, afirmou Goyos. “Esperamos que ter uma revista científica na área instalada no Brasil, com brasileiros no corpo editorial, possa alavancar o conhecimento produzido no país em pesquisa sobre o transtorno do espectro autista e colocá-lo na vitrine internacional.”

O comitê editorial da revista convida pesquisadores, de todos os países e continentes, a submeterem seus artigos para publicação na primeira edição do periódico, prevista para junho. Os procedimentos para submissão de artigos podem ser acessados no site da revista.
 

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