Pensussiguintiansim: Deficientes Físicos somos todos os seres humanos. Uns necessitam pernas mecânicas pra viver; outros, sola de sapato. Panela de pressão é órgão do nosso aparelho digestivo, gente! Supermercado também. E ônibus, plantações, estradas, etc, fazem parte necessária do nosso metabolismo.
Já dizia o filósofo (muitos, mas menciono Marx; se bem me lembro, cap. sobre Capital, tóp. “Circulação” do “Grundrisse”, mas não só): o que não meramente existe, o que É – o Ser – é Ser porque traz em si, imediata ou mediadamente, as condições da reposição da sua própria existência. Nos bichos, seres vivos, essas condições são as anatômicas e fisiológicas; nos homens, residualmente também o são, mas as condições que lhe são Essencialmente Humanas são tão postiças quanto a minha dentadura; são culturais (Marx as diz Sociais). Por isso, na minha opinião, a Paraolimpíada é mais importante que a Olimpíada convencional, pois incide justamente sobre a medida na qual o desempenho humano pode prescindir de sua base anatômico-fisiológica, de Ser-Meramente-Vivo. Marx entendia esta base – salvo engano meu quanto aos termos – como a “Barreira natural”, sobre a qual se erigiria a humanidade como dado ontológico: o Ser Social.
E paletó é tão social (cultural) quanto perna mecânica. O que difere em essência Torben de Lars é que o último é portador de uma condição que é alvo de um preconceito socialmente construído, não mais que isto. Atleta olímpico precisa de luvas, vara, joelheiras, etc. Paraolímpico, da tal “handbike” Cadeira de Rugbi perna de alumínio... nem sei muito bem; sobre protese, só entendo da minha dentadura, mas na paraolimpíada não tem a modalidade Gastronomia.
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