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Na colação, aluno descobre que diploma não vale
Na Universidade do Estado do Amapá, fundada há 5 anos, cursos ainda não são reconhecidos
JEAN-PHILIP STRUCK DE SÃO PAULO
Mais de cem alunos da Universidade do Estado do Amapá foram informados que teriam que adiar a cerimônia de colação de grau devido à falta de reconhecimento dos cursos. Em funcionamento há cinco anos, a universidade ainda não regularizou nenhum curso no CEE (Conselho Estadual de Educação) nem se cadastrou no MEC (Ministério da Educação). Para o ministério, a Ueap não existe. Sem o diploma, os alunos podem ter dificuldade para prestar concursos públicos e fazer mestrado.
Os 112 alunos que organizavam a colação de grau foram avisados no início de março que teriam que adiá-la devido à falta de reconhecimento dos cursos no CEE. Eles são os primeiros a terminar a graduação na universidade, que conta com 2.158 alunos em 12 cursos, como letras e química. Segundo a instituição, 61 deles receberão certificados de conclusão de curso -os demais têm pendências acadêmicas. Com o certificado, é possível se inscrever em outra universidade, mas ele tem de ser renovado a cada 90 dias.
LENTIDÃO - A Ueap diz que a lentidão do reconhecimento se deve a erros da gestão anterior e a deficiências do Estado. O CEE, que reconhece cursos e valida diplomas de universidades estaduais, diz que o processo, entregue em 2009, avança lentamente porque o conselho não tem experiência na avaliação de cursos superiores. A Ueap é a primeira instituição estadual de ensino superior do Amapá. Ainda de acordo com o CEE, especialistas têm que ser trazidos de outros Estados para avaliar os cursos. Não há previsão para o fim do processo. Já o reconhecimento do MEC, segundo a universidade, ainda não foi concluído. Sem ele, Ueap não pode participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudante), que avalia os alunos, nem receber recursos de emendas parlamentares. A universidade, que tem orçamento anual de R$ 8 milhões, funciona em dois campus. Um deles é alugado por R$ 35 mil mensais, valor que não é pago desde outubro.
Em cinco anos de existência, a Ueap nunca fez concurso para contratar professores. Os docentes são funcionários cedidos pelo Estado ou temporários.
Folha de São Paulo, 01/04/2011 - São Paulo SP
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