Alguns temas são recorrentes quando conversamos ou escrevemos sobre a pós-gaduação, às vezes un tanto envergonhados. Especialmente o do estudante profissional (entra na graduação e vai até doutor), e o eterno pós-graduando que arranja qualquer subterfúgio - como "acompanhar conjuje " - para continuar rodando a bolsa das agências de fomento à PG em passeios no estrangeiro.
Vou transcrever - com autorização - uma conversa particular com o nosso cevnauta pioneiro - começou como administrador da antiga lista de discussão Movimento Estudantil e hoje pilota a Comunidade Basquete - Carlos Alex http://cev.org.br/qq/carlosalex .Tomara que a turma tenha ânimo para entrar na conversa. laercio
"o Brasil tem 26 programas de pós-graduação, totalizando 40 cursos, sendo que 14 cursos são um conjunto de mestrado/doutorado.
- 26 cursos de mestrado
- 14 cursos de doutorado
A questão é: que tipo de contribuição esses "doutores" irão dar na formação de graduação? Serão donos de laboratórios, repetindo o que seus orientadores lhes ensinaram? Que experiência prática, de escola, de clubes, de equipes esportivas esses doutores terão? NENHUMA! Mas terão o título de DOUTOR que lhes abrirá as portas das universidades, preferencialmente uma pública que garantirá poucas horas em sala de aula (até nenhuma, só laboratório e pós-graduações) e gordo salário sem o perigo de ser demitido por incompetência..."
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Carlos Alex Martins Soares
em 29 de Dezembro de 2011 às 15:23.
Laércio e Pessoal,
eu fui atrás disso por causa do processo seletivo que fiz na ESEF-UFPel. Lamentavelmente não fui aprovado, mas a dor de cabeça não fica menor por isso. Vejam bem, eram três fases: avaliação do currículo + prova dissertativa + entrevista. Saí da análise do currículo com 9,1, segunda maior nota entre 92 inscritos. Da prova, no sistema duplo cego onde o tal número "cego" era o meu número de inscrição (cego onde, se estava publicado no mural do pós e na internet?), fiquei com 6,0 e a pessoa que me ultrapassou depois, na entrevista, tirou 9,0. Mesmo assim, ela nào estava entre as duas vagas e minha média das provas objetivas, antes da entrevista, era a segunda maior entre todos os candidatos. As notas da entrevista não foram publicadas junto com o resultado final. Fiz o pedido formal. Negaram o direito que tenho de receber minhas notas para elaborar minha defesa. Hoje, após o prazo de recurso ser encerrado, as notas dos aprovados foram publicadas sob orientação da procuradoria jurídica da UFPel, mas não as notas dos suplentes, onde estou classificado, e nem minha resposta do recurso que protocolei na segunda. Meu prazo esgotou-se. Se abrirem novo prazo estarão burlando o próprio edital, por que se serve para mim, serve para os demais não aprovados.
Outro problema é o critério adotado nas entrevistas. Fui para a entrevista esperando ser questionado sobre o projeto e o memorial descritivo, como determinava o edital. Perguntaram como eu iria me sustentar durante o mestrado, se teria dedicação exclusiva, algumas coisas do projeto, mas NENHUM UMA PALAVRA SOBRE O MEMORIAL. Quem passou, possui artigos com a orientadora. Em outras linhas de pesquisa, todos receberam 10, ou seja, a entrevista foi pró-forma.
Falando disso, um caso interessante ocorreu na ESEF-UFPel: o guri nem colocou grau e foi aprovado. O problema é que ele entrou na entrevista como sétimo tendo cinco vagas. Ele precisava tirar 2,32 a mais que a guria para entrar. Adivinhem? Na entrevista tirou 2,4 a mais que a guria e entrou. Tudo bem, mas e daí? Bem, ele integra uma equipe de ciclismo, com patrocinadores, e tem como colega de equipe o futuro orientador. Brasil!
A preocupação é sempre crescer, estar pronto para atingir o grau de chegar ao mestrado. Quando a ESEF-UFPel elabora um instrumento de avaliação de currículo e consigo 91 pontos em 100 possíveis, imagino, ingenuamente, que estou apto a cursar um programa de mestrado, sendo que já tenho créditos cursados e experiência profissional de 14 anos - sem contar o tempo de graduação. Mas o que ocorre? Uma manobra em uma prova totalmente subjetiva...
Bem, especificamente sobre a análise que estamos fazendo nos cursos de pós-graduação em educação física, o mais subjetivo deles é o processo escolhido pela UGF. Agora, para concorrer, o candidato precisa ter um artigo já publicado com o orientador.
Os programas de pós-graduações precisam se deter na questão legal. Não estamos mais nos anos 1980 e a temrinalidade não é um grande problema, pois a maioria dos programas oferece bolsas e isso facilita cursar e incute certa responsabilidade nos bolsistas-mestrandos. A questão legal diz que o ensino é um poder delegado da União, logo a discricionariedade dos programas e a autonomia universitária não lhes dá o poder de utilizar provas subjetivas ou elencar a tutorialidade como critério de aprovação. Pessoal, trata-se de concurso público. É isso que são os mestrados e doutorados.
Estou estudando os editais disponíveis na internet, mas posso falar do geral da UFPel, onde são 31 mestrados. Apenas dois usam a entrevista como critério de seleção e de forma eliminatória. Muitos já estão utilizando apenas currículo Lattes e prova escrita. Alguns utilizam a defesa do anteprojeto para terem contato com o candidato. Tudo bem, desde que tenham divulgado critérios e os respeitem durante essa etapa. Isso foi o que a ESEF-UFPel não fez ao desconsiderar a análise e utilização do memorial descritivo na entrevista.
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