Trajano, Martinho, Gesta

 

Terminada a leitura de "O Brasil holandês (1630-1654)", do Evaldo Mello, 2010, trago um adendo à história de nosso atletismo, no artigo ’Corrida entre os indios canelas’, que mandei semana passada, revista e ampliada, conforme solicitação do Trajano. espero que o projeto de que falou seja levado adiante...

 

LEOPOLDO 

 

Já no Brasil holandês, se distinguiam a população indígena entre os ‘brasilianos’ ou ‘brasilienses’ e os ‘tapuias’. As relações entre os holandeses e os tapuias são tratadas abundantemente nas fontes neerlandesas, como é o caso das narrativas de Gerrit Gerbranstsz Hulck, publicada em 1635: “Breve descrição dos tapuias no Brasil; e a "Narrativa de viagem de Rouloux Baro’,  em seu contato com Janduí, o chefe tapuia do Rio Grande do Norte, aliado dos holandeses:

“[...] Ao nascer do sol, o ancião ordenou às mulheres que fizessem farinha e aos homens que fossem à caça de ratos e voltassem logo após o meio-dia, a fim de correr a árvore. Obedeceram e entrementes dois tapuias trouxeram sobre suas espáduas dois troncos de árvores, de mais de vinte pés de comprimento. Tiraram-lhes a casca na chama do fogo e poliram a madeira toda em volta, sem deixar nenhum nó. E quando todo o povo regressou cada qual pintou o corpo em diversas cores. Isto feito, aqueles que tinham apanhado ratos soltaram-nos na planície, depois parte deles carregou prontamente aqueles troncos, correndo com uma velocidade inigualável atrás dos ratos. Quando um deles parecia cansado, outro o substituía sem retardar a corrida, que durou mais de uma hora. Depois de terminada, cada um que voltava contava como e de que modo perseguira, ferira e matara os ratos. O ancião Janduí correra com eles e Ra coisa maravilhosa ver um homem de mais de cem anos (segundo a opinião dos seus, de mais de 160) correr com tanta destreza.” (in “Relação da viagem de Rouloux Baro”, anexa a Pierre Moreau, História das últimas lutas no Brasil entre holandeses e portugueses, Belo Horizonte, 1979, p.99, citado por MELLO, 2010, p. 269; grifos nosso).

O Atletismo aparece em Maranhão anterior ao período colonial, através da Corrida de Toras – pertencente ao grupo de provas de revezamentos – dos Índios Kanelas Finas – pertencentes à etnia Jê, presentes por estas terras há pelo menos cinco mil anos. O “esporte nacional dos Tapuya”, que praticavam uma corrida a pé encetada carregando peso, é registrado por dois historiadores franceses - Claude d´Abeville – História da Missão dos padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e terras circunvizinhas, de 1614; e Ives d´Evreux – Viagem ao Norte do Brasil feitas nos anos de 1613 a 1614, publicada em 1864.

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