JOSÉ CARLOS MOREIRA, o Codó (Rede Atletismo), confirmou o favoritismo e foi o atleta mais rápido do Troféu Brasil de Atletismo 2009. O maranhense venceu a prova de 100 m e ainda confirmou o índice para o Mundial de Berlim, que será realizado em agosto. Codó comprovou estar em grande fase ao cruzar a linha de chegada com o tempo de 10.22. “Esta vitória é fruto de um trabalho que estou fazendo para correr abaixo do 10 segundos até o Mundial. A marca, porém, não foi a que eu esperava, pois o objetivo era quebrar o recorde do Troféu Brasil que é do Róbson (Robson Caetano, de 1991)”
Quando pessoas de gerações diferentes conversam sobre determinados astros do esporte, e se referem a eles pelo nome em que ficaram conhecidos, está-se falando de quem, afinal? Quantos ‘Ronaldos”, “Ronaldinhos”, “Romários”, “Romarinhos” temos por esse mundão afora? Lembro-me quando Ronaldo (ucho) apareceu. Eu estava em Minas Gerais, fazendo o Mestrado e ele, muito comentado na cidade, ainda uma esperança. Logo depois, despontou no futebol nacional e, quando da convocação para a seleção nacional, havia dois Ronaldo! Um deles, mais velho e famoso, ficou Ronaldão – zagueiro, se não me engano, depois transferido, acho, que para o Japão – e o adolescente recém-chegado, e logo tachado “Ronaldinho”… Depois virou Ronaldo, o Fenômeno; quando apareceu outro Ronaldo, logo chamado de Ronaldinho, o Gaúcho.
Quando ouço que Codó conquistou mais uma vitória, no Atletismo, logo penso: Qual Codó? Não seria, então que devesse “esse Codó” ser chamado de “Codózinho’? Pois tivemos outro grande velocista, originário daquela cidade, que era conhecido no meio esportivo nacional como Codó: trata-se de
FRANCISCO RONALDO MACIEL OLIVEIRA – o CODÓ! Nascido em Codó – daí seus apelidos - em 11 de abril de 1962, Ronaldo Codó, para diferenciar de quem estamos falando, vem de família pobre – o pai, Francisco Carvalho Oliveira era funcionário de uma usina de pilar arroz e a mãe era funcionária da Prefeitura Municipal; moravam, todos, na casa dos avós, pois não tinham condições de ter casa própria.
Em Codó, fez o primário na Escola Raimundo Muniz Bayma e o secundário no Complexo Escolar Renê Bayma, ambas as escolas públicas. Com muito sacrifício, mandaram o filho mais velho estudar na Capital, sendo aprovado – em 1977 - no Curso Técnico em Administração, do Liceu Maranhense. Morava em um pensionato, num beco existente entre o Seminário Santo Antonio e a Escola Modelo Benedito Leite.
No Liceu, começou a praticar Atletismo e Futsal, destacando-se mais naquele, conquistando a medalha de ouro nos 100 e 200 metros rasos dos JEM’s de 78 e 79. Nesse mesmo período, competindo pelo MAC, foi campeão do Troféu Norte e Nordeste de Atletismo, defendendo as cores do Maranhão; conseguiu, ainda, um título de vice-campeão brasileiro juvenil, no Campeonato Brasileiro disputado em São Paulo (o campeão foi Robson Caetano, também começando a se destacar naqueles anos de 79/80).
Destacando-se como atleta do Liceu, ganhou uma bolsa de estudos do Colégio Batista – por onde disputou seu último Jogos Escolares. Essa bolsa possibilitou sua permanência em São Luís, pois recebia, além de ensino gratuito, reforço alimentar (lanche), material didático e o passe para freqüentar as aulas e treinar. Seu técnico era o Sargento Lopes. Ronaldo foi treinado também pelo Autor; em 1980/81; quando passou para o Batista, os horários de aulas – pela tarde - não permitiam que treinasse no 24º BC com Lopes, pela manhã; então passou a treinar na pista da Escola Técnica, as 3as. e 5as. e aos sábados, com Lopes, no 24º BC e, depois, na Pista do Castelinho.
A pista do 24º BC consistia em uma reta ladeira abaixo, uma curva cheia de areia e uma reta oposta ladeira acima, e uma segunda curva inclinada… Nessa pista, correndo ladeira abaixo, Codó fazia 11,0 s, sendo sua melhor marca 10,8; no Castelinho, conseguia fazer 10,8; e em São Paulo, naquele Campeonato Brasileiro Juvenil, fez 10,6, ficando atrás apenas de Robson Caetano, com 10,5; em Brasília, nos JEB’s, fez um 5º lugar, repetindo a marca de 10,6… Isso, em 1979/80!
Naqueles JEB’s disputou os 200 metros; como estava acostumado a correr na pista do 24º BC em que os 200 metros começavam na reta oposta, ladeira acima, saindo no meio da reta, não sabia como colocar o bloco de partida, saindo em curva… Desafiado pelo técnico – o Autor – para uma saída como estava acostumado e por uma saída correta, colocando o bloco em curva, correndo os primeiros metros em linha reta, na curva, saíram ambos – cada um colocando o seu bloco da maneira que julgava correto (Ronaldo, em linha reta, apesar da curva, como fora ensinado por Lopes…) e perdeu… Então passou a aceitar as instruções do Autor, quanto à melhor maneira de saída dos 200 metros, conseguindo sua melhor performance.
A partir daí, passou a ser objeto de gozação de toda a delegação, pois o melhor velocista do Estado perdera para o seu técnico, numa saída de bloco; mais tarde, confessaria que fora uma grande lição, aprendendo a não menosprezar qualquer adversário e ouvir àqueles que tinham mais experiência… Uma lição para toda a vida.
Em 1981, foi aprovado no vestibular, para o Curso de Direito da UFMA. Durante seu período como universitário, dedicou-se ao Futsal, abandonando o Atletismo, que tantas glórias lhe deram, e ao Maranhão.
Hoje, é Juiz de Direito e dedica-se ao futebol society e ainda joga futebol, no time dos juízes – segundo ele, o melhor do Brasil. Continua sendo um campeão…
Em depoimento prestado em 2003 a O ESTADO, declarou que: “Eu sempre gostei de estudar, me esforçava bastante, tanto que passei no vestibular. Mas atribuo ao esporte grande parte de minha ascensão. Se não fosse o esporte, teria que voltar para Codó, pois não tinha condições financeiras de estudar em uma escola do porte do Batista, muito menos me manter na capital, que foi o que ocorreu com meu irmão”. (in PESTANA, Ironara. Ronaldo Maciel – “a vida deve ser levada como um jogo de xadrez”. O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 21 de setembro de 2003, Domingo. p. 8. Perfil).
SGT. LOPES - José Egvan Lopes da Silva, terceiro sargento, lotado no 24º BC, localizado no João Paulo; hoje, reformado como subtenente, tendo retornado à Juiz de Fora. No Maranhão, nos anos em que ficou aqui estacionado, dedicou-se ao ensino do Atletismo, formando vários atletas com destaque regional e nacional, como Nildes, Graça, Codó, Dentinho (da marcha atlética), Fumaça, dentre outros…
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