Cevnauta da Avaliação,

A estatística - que para os debochados que não dominam a área é a arte de torturar os números para que eles confessem qualquer coisa - é fundamental para os cevnautas da avaliação.

É importante acompanhar a produção teórica na área, mas também o que está sendo realizado pelos divulgadores de ciência (muita gente gosta de usar o ambíguo banalização), como essa matéria da Globo Universidade (16/11/2013 06h24):

Matemática: estatísticas ajudam a entender e a organizar esportes
No exterior, dados numéricos são mais utilizados do que no Brasil

Campeão brasileiro de futebol em 2013, o Cruzeiro entrou em campo contra o Vitória, na última quarta-feira, com as duas mãos na taça. O clube mineiro tinha 99,999% de chances de sair do gramado campeão brasileiro e apenas uma combinação de resultados muito específica daria o título para o Atlético Paranaense. Mas, de onde vieram esses dados? Qual é a lógica por trás deles? É isso que Gilcione Costa, professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica a seguir.

Gilcione, que ajuda a atualizar o site Probabilidades no futebol, conta que os cálculos e o uso das estatísticas variam de acordo com o esporte e até de acordo com o país onde são feitas. “Nos Estados Unidos, os esportes são muito mais técnicos, então, as estatísticas são mais utilizadas por treinadores na hora de escalar seu time”. Em esportes como futebol americano e beisebol, há um grande estudo das estatísticas de cada atleta e jogada, para que sejam organizadas a ordem de entrada de cada um (no caso do beisebol) ou mesmo da estratégia adotada no decorrer do jogo. Essas estatísticas também influenciam bastante os dirigentes na hora de contratar os jogadores.

Além do beisebol e do futebol americano, outros esportes como o xadrez e a sinuca também são muito baseados em estatísticas. No Brasil, clubes de futebol que têm matemáticos ou estatísticos, podem se aproveitar de dados para identificar padrões e falhas nos adversários. Já nas contratações os dados não interferem muito. “Estatísticas e memória são muito presentes na cultura dos Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, os dirigentes são mais emotivos. Não levam essas estatísticas em consideração”, conta Gilcione.

Para fora dos esportes, as estatísticas são muito utilizadas pela imprensa, por exemplo, mostrando aos torcedores as chances de seus times serem campeões, conquistarem uma vaga para a Copa Libertadores da América ou de escaparem do rebaixamento. “As estatísticas também são muito usadas em casas de aposta”, comenta Costa. O professor explica que um resultado pouco provável pode render muito mais dinheiro ao apostador que um resultado com grandes chances de acontecer.

Esportes diferentes, cálculos diferentes

Gilcione comenta que, em esportes diferentes, os cálculos e estatísticas também variam. Por mais que atletas e equipes passem por bons e maus momentos, em campeonatos de tênis ou vôlei, por exemplo, é possível apontar, nas primeiras rodadas, aqueles que lutarão por um título. “No tênis, as chances do Rafael Nadal ou outro grande competidor vencer chegam a 90%”, destaca Gilcione. “Quando a gente analisa o futebol, a questão é bem diferente, já que as “zebras” (resultados inesperados) são muito mais comuns”.

Apesar de haver uma frequência de zebras, o futebol também tem uma lógica por trás das probabilidades. O professor explica que as possibilidades de vitória ou empate em uma partida se relacionam às campanhas realizadas até ali. Por exemplo, na partida realizada na última quinta-feira, entre Fluminense e Náutico, os estatísticos analisaram o retrospecto do time do Rio de Janeiro como mandante e dos pernambucanos como vistantes. “Se o Fluminense vencesse 60% das partidas como mandante e o Náutico perdesse 80% como visitante, a probabilidade de vitória tricolor seria de 70%”, comenta.

Mas Gilcione faz uma ressalva: quando os estatísticos dizem que uma equipe tem 99% de chances de vencer um título ou ser rebaixado, eles não estão decretando que aquilo vai acontecer com a equipe. “Em 2009, o Fluminense tinha 99% de chances de ser rebaixado para a Série B, mas não foi. A torcida ficou chateada com os matemáticos. Mas, em momento algum, dissemos que o time já estava rebaixado”, conta o professor. Ele faz uma comparação com a loteria. “As chances de alguém ganhar é de 1 em 50 milhões. São 50 milhões de chances de você perder, mas a gente acaba falando sobre a chance de ganhar. No caso do Fluminense, aconteceu a mesma coisa. Era uma chance de se manter e 99 de cair”, conta o professor.

Na Formula 1, acontece um cálculo semelhante. “Cada corredor tem uma média de resultados. Levamos em consideração a média de um corredor e também as chances de quebra”, conta Gilcione. Por exemplo, o piloto alemão Sebastian Vettel tem, na temporada, maiores chances de vencer uma corrida, do que o inglês Lewis Hamilton ou o espanhol Fernando Alonso. Por isso, ele tem maiores chances de vitória que os outros. “Não é uma classificação aleatória ou homogênea. Cada participante tem um peso diferente. Por isso, é mais provável que o Vettel vença a corrida”, completa Gilcione.

FONTE com vídeo: http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2013/11/matematica-estatisticas-ajudam-entender-e-organizar-esportes.html

 

 

 

 

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