CAPOEIRA ANGOLA DO MARANHÃO
CARMO (2006) [1] em seu NA RODA DA CAPOEIRA – um estudo semântico-lexical da mandinga angoleira dentro do projeto ALiMA – o português falado no Maranhão, tem como objetivo contribuir para o conhecimento da realidade lingüístico-cultural do Maranhão. Dessa forma a autora investigou o universo da capoeira Angola em São Luís do Maranhão, elaborando, ao final um glossário da Capoeira Angola.
Em visita à várias casas de capoeiras, realizou entrevistas, aplicadas a um aluno, um professor e três mestres de capoeira, cinco informantes, visando à elaboração do glossário. Está organizado em
a) termos pertencentes aos campos semânticos selecionados:
1. Instrumentos musicais – composto de termos que nomeiam os tipos de instrumentos utilizados nas rodas de capoeira;
2. Movimentos – composto de termos que denominam os movimentos defensivos e desequilibrantes;
3. Golpes – composto de termos que nomeiam os tipos de golpes de ataque e defesa utilizados nas rodas de capoeira;
4. Toques – composto de termos que nomeiam os tipos de toques feitos nos berimbaus e usados para entoar os cânticos na roda de capoeira.
b) termos não inseridos nos campos selecionados, porém registrados durante a pesquisa.
Os verbetes do glossário estão organizados obedecendo a seguinte estrutura: termo-entrada + categoria gramatical + gênero + definição + remissivas + variantes.
A autora traz a seguinte classificação dos movimentos básicos, segundo o Mestre Bola Sete, em Capoeira na Bahia[2]: quinze movimentos (quatro defensivos, quatro desequilibrantes e sete golpes, sendo, respectivamente: ginga, negativa, role e aú; rasteira, banda, tesoura, boca-de-calça; rabo-de-arraia; meia-lua, ponteira, chibatada, chapa, joelhada e cabeçada.
MOVIMENTOS DEFENSIVOS E DESEQUILIBRANTES
Aú. s.m. Consiste em um salto com as pernas para o ar, fazendo apoio com as mãos no solo, voltando, em seguida, à posição inicial. Usado para entrar na roda. É um movimento defensivo.
Banda. s.f. o capoeira se aproxima encaixando uma perna atrás do corpo do adversário, calçando-o e procurando derrubá-lo com o auxílio do braço ou da cabeça. É um movimento desequilibrante.
Boca-de-calça. s.f. o capoeira abaixa o corpo e segura a ‘boca de calça’ ou a perna do adversário, puxando-a em sua direção, derrubando-a para trás. É um movimento desequilibrante.
Ginga. S.f. o principal movimento da capoeira. O capoeirista se movimenta com o corpo para a direita e para a esquerda, com a intenção de confundir o seu adversário e se colocar em posição adequada para o ataque. Movimento defensivo.
Negativa. S.m. Movimento em que o capoeirista se abaixa, rapidamente, apoiando-se no chão com uma mão e um pé. Pode ser dado de lado ou de frente. É um movimento defensivo.
Rasteira. S.f. O capoeirista aplica uma ‘varredura’, isto é, encaixa o pé na altura do calcanhar do adversário, procurando derrubá-lo no chão. É um movimento desequilibrante.
Rolê. S.m. O capoeirista rola o corpo rapidamente no chão, com o auxílio das mãos e dos pés, afastando-se ou aproximando-se do adversário. É um movimento defensivo.
Tesoura. S.f. É um movimento desequilibrante, em que o capoeirista encaixa as duas pernas na altura dos joelhos do adversário e, com uma girada de corpo, procura derrubá-lo no chão.
GOLPES DE ATAQUE E DE DEFESA
Cabeçada. S.f. Movimento de ataque em que o capoeirista lança a cabeça no abdômen, no peito ou no rosto do adversário.
Chapa de costas. S.f. é um golpe de coxa erguida, desferido com a planta do pé, na altura do plexo solar, ou em qualquer parte do corpo do adversário. Pode ser aplicado de frente, de lado, ou solto (quando é aplicado sem apoio das mãos no solo),
Chibatada. S.f. Golpe aplicado com o dorso do pé, de preferência à altura dos rins, do rosto e plexo solar do adversário.
Joelhada. S.f. Só é aplicado quando o capoeirista está bem próximo do adversário. Os órgãos genitais e a coxa são os locais mais visados para aplicá-la.
Meia-lua. S.f. è um golpe em forma de meia-lia nas combinações de golpes. Pode ser usado para tingir o adversário com as faces laterais do pé., de preferência, na cabeça. Pode ser dado de frente e de lado.
Ponteira. S.f. É um golpe de fácil aplicação e bastante perigoso. O capoeirista leva a perna ao local desejado com bastante rapidez e a recolhe imediatamente. Desferido com a ponta do pé nos órgãos genitais, no joelho e embaixo do queixo do adversário.
Rabo-de-arraia. S.f. O capoeirista gira o corpo na direção do adversário com uma perna flexionada, servindo de apoio no solo juntamente com as mãos e com a outra perna, completamente estirada, procura atingi-lo com o calcanhar na altura dos rins ou da cabeça. Esse golpe é, também, denominado, em outras vertentes da capoeira, de meia-lua de compasso.
[1] CARMO, Rosangela Maria Costa Pinto do. NA RODA DA CAPOEIRA – um estudo semântico-lexical da mandinga angoleira. In RAMOS, Conceição de Maria de Araújo; ROCHA, Maria de Fátima Sopas; BEZERRA, José de Ribamar Mendes. (Org.). A DIVERSIDADE DO PORTUGUÊS FALADO NO MARANHÃO: O Atlas Lingüístico do Maranhão em foco. São Luís: EDUFMA, 2006, p. 80-103.
[2] BOLA SETE, Mestre. A capoeira na Bahia. 4 ed. Rio de janeiro: Pallas, 2003.
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