Cevnautas da Ciência da Informação,
   O prof Aldo Barreto deveria atualizar o artigo original na revista idem, ou publicar um novo artigo, como era no tempo do Gutembergue? Laercio

[Lexias] Perspectivas da ciência da informação em 2011
Aldo Aarreto
  
Perspectivas da ciência da informação em 2011 (*)
http://lexias.tumblr.com/

O fluxo de informação tradicional quando transferindo o documento basepapel possuí características marcantes e uma ideologia interna sedimentada há cerca de cinquenta anos nas práticas que priorizou os objetivos da área:

1 -Unidirecionamento: o receptor da informação tem acesso a cada estoque de informação sucessivamente; o receptor tem acesso a um acervo físico por vez, seja na biblioteca, no arquivo ou no museu;

2 - A estrutura de informação possui a mesma característica: documentos são estruturas textuais lineares que seguem um formato sequencial como um folhetim que se vai contanto do início ao fim;

3 – Existe uma mediação de interface entre os estoques de documento e o usuário da informação, ou para interagir com o fluxo ou para delimitar a sua necessidade de conteúdos ou para avaliar o produto final da interface.

4 - O encadeamento interno dos eventos formadores do fluxo de informação esta povoado por rituais de ocultamento. Estes protocolos de segredo se verificam em várias fases da organização interna para reformatação do documento e seu armazenamento e recuperação.

Contudo, as facilidades de acesso pela web marcam a interatividade para o receptor ao lidar com os estoques globais. O usuário de informação não mais aceita percorrer os caminhos ocultos dos universos particulares da linguagem mediada nem perder tempo com as intrincadas regras das taxonomias voltadas para ordenar os processos de uma acervação convencional. Praticas operacionais que não lhe dizem mais respeito.

Esta é uma nova sensação ao se observar e viver a realidade, existe um reposicionamento dos atores da área ao longo do tempo. O ciberespaço introduz o conceito de um espaço de comunicação que descarta a necessidade da presença física para constituir uma troca de informação. Um espaço em que a vivência enquanto experiência intelectual não necessita da presença corpórea.

É difícil entender e observar, a realidade, o momento exato em que estamos inseridos, por mais incrível que ele possa ser. Existe uma proximidade que nos impede de ver com clareza o aqui e o agora. Por isso não temos o afastamento necessário para entender que existimos hoje em duas realidades: uma realidade objetiva onde vivida corporeamente com uma presença física e onde construímos todos os atos e traços de nossa aventura individual rumo ao (in)finito. Uma outra realidade virtual denota a extrapolação do concreto; o rompimento com as formas tradicionais do acontecer delimitado. O virtual sendo oposto  ao atual, carrega uma potência de ser e por suas características podemos vivenciar uma realidade sem estar lá, sem a presença física, não importando distâncias ou superfícies.

É importante saber, então, que habitamos duas realidades na mesma época, ao mesmo tempo. Esta anfibiedade em que vivemos é a capacidade criada para habitar e interatuar em contextos e condições diferenciadas: aterrados no viver físico ou libertados de amarras no mundo virtual. Existe uma condição atual que faz nosso viver estar em dois espaços: o da realidade da existência formal e o da realidade potencial onde existimos metaforicamente linkados a diferentes espaços de informação.

Eu existo virtualmente no mundo das minhas narrativas sem distância espaço ou tempo definido. Minha vivência é a da conexão ou conexões que estipulo e meu destino é perseguir os links de minha trajetória. Virtualmente existo na elaboração das minhas narrativas para um âmbito simbólico que não é fixo, físico ou designado.

A pergunta, então é: estando a ciência da informação, como atualmente entendida e ensinada, presa  em uma única realidade,  como subsistira enquanto área de conhecimento aplicado nos próximos anos? Se existir alguma duvida, porque continuar a ensinar conteúdos e práticas declinantes a alunos que iniciam hoje a sua formação? Por que reproduzir continuamente condições de aprendizado que já estão fora dos requisitos do mercado de trabalho de hoje.

Por que na formação de recursos humanos para esta área, os discentes, docentes e a comunidade de pesquisa não estão discutindo um futuro possível frente a uma tecnologia cada vez mais intensa, presente e modificadora.

Acredito que os objetivos e os documentos tradicionais da área e as suas práticas ortodoxas de organização e controle permanecerão ainda na memória para entendermos o que fomos na construção do que seremos.

Contudo, esta memória não será mais a dinâmica, das práticas de informação coniventes com  o desenvolvimento do ser humano e da sua realidade.

(*) parte deste texto, em  desenvolvimento, é o seguimento e atualização do artigo "Perspectivas da ciência da informação", publicado na Revista de Biblioteconomia de Brasília v.2, n.2, 1997.

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