Pesquisadores propõe que a supressão da ação do glucagon reduz os efeitos deletérios da falta e descarta o uso da insulina.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI205877-15257,00-A+CURA+PARA+O+DIABETES+TIPO.html
Por: REDAÇÃO ÉPOCA
O diabetes tipo 1 pode se transformar em uma doença assintomática, deixando o paciente livre da dependência à insulina. A potencial cura para a doença é bloquear a ação de um hormônio específico, o glucagon, segundo pesquisa do Centro Médico da Univerisdade do Sudoeste do Texas, nos Estados Unidos, publicada na edição de fevereiro do Diabetes.
A partir de experimentos com camundongos, os cientistas descobriram que a insulina se torna completamente supérflua e sua ausência não causa diabetes ou qualquer outra anormalidade quando a ação do glucagon é suprimida. O glucagon é um hormônio produzido pelo pâncreas, que impede que indivíduos fiquem com baixos níveis de açúcar no sangue. Na deficiência de insulina, em pessoas com diabetes tipo 1, no entanto, os níveis de glucagon se tornam inadequadamente altos e fazem com que o fígado libere quantidades excessivas de glicose na corrente sanguínea. Esta ação é contrária à insulina, que trabalha para remover o açúcar do sangue.
Segundo Roger Unger, líder do grupo de pesquisa, a insulina era, até então, considerada uma substância "toda-poderosa" sem a qual nenhum ser humano conseguiria sobreviver. "Este novo tratamento pode ser considerado muito próximo a uma ’cura’", diz o professor. O tratamento com a insulina tem sido a salvação para o diabetes tipo 1 (de origem genética, em que a pessoa depende da insulina para viver) em humanos desde que foi descoberto, em 1922. Mas mesmo que a insulina regule os níveis de glicose no sangue, ela não consegue restaurar a tolerância normal do organismo a essa substância. Já eliminando a ação do glucagon, a tolerância à glicose volta ao normal.
No estudo da Universidade do Sudoeste do Texas, os cientistas usaram camundongos geneticamente modificados para bloquear a ação do glucagon e testaram sua tolerância à glicose. O teste, que pode ser usado para diagnosticar o diabetes, diabetes gestacional e pré-diabetes, mede a capacidade do organismo de metabolizar, ou eliminar, a glicose da corrente sanguínea.
Os cientistas descobriram que os camundongos que produziam insulina normalmente, mas sem os receptores do glucagon, responderam normalmente ao teste. A mesma resposta foi percebida nos animais com as células produtoras de insulina destruídas – caracterizando diabetes. Ao mesmo tempo em que não sofreram ação da insulina ou do glucagon, não desenvolveram a doença.
"Estes resultados sugerem que, se não há glucagon, pouco importa se você tem insulina ou não", diz Unger. "Isso não significa que a insulina não seja importante. Ela é essencial para o crescimento e desenvolvimento do homem até a idade adulta. Mas nesta última fase, pelo menos no que diz respeito ao metabolismo da glicose, o papel da insulina é controlar o glucagon. E se você não tem glucagon, não precisa de insulina".
Agora, cabe aos pesquisadores encontrar uma maneira de bloquear a ação do glucagon no organismo humano. Será o fim do tratamento com insulina injetável em diabéticos tipo 1.
Comentários
Por
Rodrigo Terra Mattos Sanctos
em 17 de Maio de 2011 às 22:46.
Bem, acho que questões como: Esse indivíduo (sem glucagon) poderia realizar atividades mais intensas? Já que o glucagon sinaliza a falta de glicose para o fígado e tecido adiposo, disponibilizando Glicose e ácidos graxos respectivamente. O metabolismo do lactato que quando produzido pelo músculo, ganha o plasma vai ao fígado realizando o ciclo de cori, voltando a ser disponibilizado como glicose. Como o músculo esquelético captaria glicose sem insulina?
Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.