Acabo de publicar em meu Blog, aqui no Maranhão, as indagações (?) de um Mestre Capoeira sobre Sapo: http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/2009/08/16/a-morte-de-um-capoeira/
Como é de conhecimento de quem faz Educação Física, Esporte(s), e Lazer no Maranhão, tenho me dedicado ao estudo de sua história, já há mais de 20 anos. Meus escritos – mais de 140! – constam de anais de congressos nacionais e internacionais. Meus artigos são publicados por aqui, pelo Brasil, e em outros países. São trabalhos acadêmicos – pesquisa científica! E seguem todos os procedimentos metodológicos da investigação científica. Isso posto, estranhei mensagem eletrônica que recebi esta manhã – domingo, 16 de agosto de 2009, mensagem enviada as 09:00 horas – por um Mestre Capoeira, indagamendo-me:
“Ola! Professor Vaz, já tem novas provas sobre a morte do Sapo - do mandante. Aquele pessoa que vc, falou ser responsavel pelo morte dele….na turma curso de Educação Física da UEMA. Espero que o senhor tenha mais, ética e saiba não envolver os seus alunos em briga de grande. para mim o senhor foi nesses meus 32 anos de malandragem,malicia,mandiga e manha que envolve a capoeira no Maranhão o uinco que parece ter provas e evidencias que o Sapo teria sido morto. Até então tudo era por oralidade e flação do povo.”
Ué? Sapo não morreu? Será que o Mestre estaria se referindo a Anselmo Barnabé Rodrigues – mais conhecido como Mestre Sapo? Se for esse, lamento informar, mas ele morreu, sim! E já tem muitos anos… E morreu, até onde eu saiba atropelado. Foi morto por um carro, dirigido por uma pessoa. Essa pessoa, que dirigia o carro em que foi atropelado, foi quem o matou. Isso é fato conhecido de todos. Até eu soube…
Mestre Sapo morreu em 1982. Mereceu, do Professor Laércio Elias Pereira, um “Tributo ao Mestre Sapo”, em que é traçada, poeticamente, sua história de vida:
“Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou outro baiano, Moraes Moreira.
“Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-a-dia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte.
“Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guarda-costas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraia nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo ??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo.
“Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’ a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica.
“Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física ia ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’.
“Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cinqüenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da morte. Sapo era amigo de todo mundo”. (in PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao Mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17)
Sapo foi morto por atropelamento, e quem dirigia o carro era um amigo! Perguntei ao Professor Doutor Laércio Elias Pereira – que escreveu esse tributo e era amigo de Sapo – quem estava ao volante? Disse-me. Era um professor de educação física e este trabalhava comigo; fui até ele, perguntei se poderia falar sobre o assunto, pois estava a pesquisar sobre a Capoeira e soubera ser ele o motorista do carro que atropelara o Mestre Sapo. Falou-me de como se deu… Confirmado! Sapo foi morto, em 1982, atropelado…
- “[…] já tem novas provas sobre a morte do Sapo - do mandante […]”. Por que teria? Ou buscaria?
- “[…]Aquele pessoa que vc, falou ser responsavel pelo morte dele….na turma curso de Educação Física da UEMA.[…]” Sim, o que tem? É pessoa conhecida por demais… foi atropelamento… todos sabem… você, meu Mestre, tem alguma dúvida? Tem alguma informação de que não dispomos? Aquela aula foi há quantos anos? Mais de cinco… E só agora você vem me perguntar sobre isso? Será por que ‘um Sapo” foi assassinado semana passada na Ilhinha? Pensou que fosse o Mestre Sapo?
“[…] Espero que o senhor tenha mais, ética e saiba não envolver os seus alunos em briga de grande […] Confesso que não entendi… onde está a falta de ética, de minha parte? Onde envolvi aluno meu em briga de grande? Que briga? Do que você esta falando?
4. “[…]para mim o senhor foi nesses meus 32 anos de malandragem,malicia,mandiga e manha que envolve a capoeira no Maranhão o uinco que parece ter provas e evidencias que o Sapo teria sido morto[…]” Como, ter provas e evidencias, de que Sapo teria sido morto… Ele não foi morto? Por atropelamento? Morreu de morte natural? Suicidou-se? Encantou-se? Ou está vivo?
Estou sem entender o questionamento do Mestre…
Em tempo: omito, aqui, os nomes do Mestre inquisidor e do professor atropelador. Ambos certamente estão lendo este Blog. Se o quiserem podem emitir comentários neste mesmo espaço, ai embaixo…
MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005. // SOUZA, Augusto Cássio Viana de. A capoeira em São Luís.]: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. São Luís : UFMA, 2002. Monografia de graduação em História // MESTRE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO – em entrevista concedida a Hermílio Armando Viana Nina, aluno do Curso de Educação Física da UEMA, em fevereiro de 2005. Anexos. // Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “Mestres de Capoeira do Maranhão”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005 // RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes // Mayara Mendes de Azevedo – Entrevistas com os Mestres Bamba, Bolinho, e Aziz, na introdução do “Trabalho sobre Capoeira e suas origens no Maranhão”, apresentado á disciplina História do Esportes, ministrada pelo Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz, do Curso Seqüencial de Educação Física da UEMA, fevereiro de 2005, Entrevistas.
Comentários
Por
Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 17 de Agosto de 2009 às 07:46.
Recebi resposta do Mestre Inquisidor:
estava a escrever quando apertou botão errado e mandou mensagem incompleta para mim... disse esta recolhendo material para livro que esta a escrever e buscava novas informações... a pergunta, incompleta, não foi formulada... e saiu truncado... pois é... a internet tem dessas coisas...
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