PROJETO

 

ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) NO BRASIL e no MUNDO

&

LIVRO-ÁLBUM DOS MESTRES CAPOEIRAS

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz

 

A TÍTULO DE JUSTIFICATIVA

 

Miltinho,

At. de André, Lamartine, Laércio:

 

Sinto-me provocado! Você tem colocado no nosso “Jornal do Capoeira” o pioneirismo do Maranhão na construção do Atlas da Capoeira e do Livro-Álbum dos Mestres (e Contramestres) Capoeira; eu, a frente desse projeto... O que, sabemos, não é verdade!

A idéia de construção de um Atlas deve-se ao Professor-Doutor Lamartine Pereira da Costa (Mestre Capoeira) e ao Mestre André Luis Lacé Lopes (Mestre em Administração), a do Livro-Álbum. Como você disse, em correspondência pessoal, citando Mestre Caiçara, "Cada quá no seu cada quá"...

Em meu “CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO”, publicado ano passado no Jornal, proponho-me a “resgatar os primórdios da capoeira praticada em São Luís do Maranhão (Brasil), assim como seu estágio atual, através do resgate da história de vida de seus principais atores – os Mestres de Capoeira -... Ainda, procura-se cadastrar os Mestres atuantes em São Luís, através de projeto apresentado por Mestre André Lacé, do Rio de Janeiro (Brasil)...”.

“Na “introdução” dessa pequena contribuição, afirmo que ”em correspondência pessoal, via correio eletrônico, o Mestre André Lace, do Rio de Janeiro, enviou-me documento[1] em que propunha “DEZ Projetos para o Rio de Janeiro” chamando-me a atenção para o “Projeto Livro Álbum dos Mestres de Capoeira no Rio de Janeiro”, em que propõem o cadastramento dos aproximadamente 150 mestres capoeiras do Rio de Janeiro; uma página para cada mestre, com foto. Haverá uma parte Introdutória com resumo da História da Capoeira no Rio de Janeiro e, também, resumo crítico dos principais livros sobre o assunto. Este projeto está, atualmente, com 12 biografias. Está restabelecida a primazia da idéia...

Em outra correspondência, ao indagar sobre um aspecto da Capoeira no Maranhão, sugeriu-me a elaboração do “Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira de São Luís do Maranhão”, assim como anteriormente já havia sugerido a criação de um “Centro de Capoeiragem do Maranhão”. Os demais projetos são:

  • Projeto SEIS RODAS ESPECIAIS de CAPOEIRA - Idealização (através de concurso para arquitetos urbanistas), construção e implantação de uma Programação Anual.  Rodas especiais, concha acústica de cimento para a “orquestra”, roda acimentada de apresentação e arquibancada tipo anfiteatro.
  • Projeto “CENTRO DE MEMÓRIA DA ARTE-AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO” - um espaço que poderá abrigar o “Centro de Memórias da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem”.
  • Projeto CONCURSO LITERÁRIO ANUAL - Redação, para o 2º grau; Monografia, para o 3º grau - Tema Básico: Capoeiragem no Rio de Janeiro, no Brasil e no Mundo.
  • Projeto FUNDAÇÃO RIO CAPOEIRA - Criação de um Organismo que realmente contemple todos os múltiplos aspectos da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O Projeto incluirá a criação de um PONTO DE ENCONTRO DOS CAPOEIRAS que, em princípio, será calcado na experiência vitoriosa do Espaço nos Capoeiras, no Mercado Popular da Uruguaiana.
  • Projeto LABORATÓRIOS DE CAPOEIRA - Série de experiências práticas testando a real eficácia da Capoeira enquanto Luta Marcial.
  • Projeto FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA - Criação de um grupo multidisciplinar para estudar, sem fantasias, os fundamentos da Capoeiragem em todos seus múltiplos aspectos: religioso, filosófico, ritmo e cantado, histórico, sociológico etc.
  • Projeto UNIVERSIDADE DA CAPOEIRA - Projeto, inicialmente, apresentado do Governo Federal e, depois, à Universidade Estácio de Sá.
  • Projeto HOMENAGENS ESPECIAIS - Exemplo: reforma completa do túmulo do Sr. Agenor Sampaio, Sinhozinho, com colocação solene de uma Placa de Agradecimento.
  • CAPOEIRA EDITORIAL - Republicação enriquecida por uma avaliação crítica dos principais livros escritos Capoeiragem – ODC, Plácido de Abreu, ZUMA, Inezil Penna Marinho etc.

 

 

PROPOSTAS - "CADA QUÁ NO SEU CADA QUÁ"...

 

  • ATLAS DA CAPOEIRA(GEM) no BRASIL e no MUNDO

 

Não devemos nos afastar do “ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL”; a construção – coletiva, como se propõem no Atlas – será parte integrante do mesmo, inserido no capítulo das “Tradições”. Assim, dentro da estrutura proposta por DaCosta (org.) (2005; Atlas do Esporte no Brasil. Rio de Janeiro : Shape), devemos estabelecer as origens e a definição da Capoeira, para em seguida, traçar a sua memória (fatos e acontecimentos, quando, quem, onde, como, porque) em ordem cronológica... o objetivo, explicitado, é o de “elaborar mapeamento por meio de levantamento de fatos de memória  e de inventário das condições presentes de ocorrências” - dessas atividades, no caso, da Capoeira(gem) -, “constituindo um conjunto de dados espaciais (mapas) e/ou dados quantitativos (tabelas e quadros) e qualitativos (textos descritivos e analíticos resumidos), com as respectivas interpretações que possam render significados setoriais, regionais e nacionais” - (agora, internacionais, também).

No Atlas, fez-se a opção pela cronologia dos fatos de memória como sustentação de cada capítulo. O Atlas da Capoeira, seguir-se-á essa mesma construção; assim sendo, é um documento de memória e não de história, a qual poderá ser mobilizada para as devidas interpretações , se julgadas convenientes por outros estudos.

 

  • LIVRO-ALBUM DOS MESTRES CAPOEIRA

Naturalmente, seguir-se-á a proposta de André Lace... E será parte integrante do Atlas da Capoeira (gem). Cada Estado – e País – elaborará o seu. Mas, quem é o Mestre Capoeira (e o Contramestre...); na falta de uma regulamentação – desculpe Mestre André – comum a todas as capoeiras, ficar-se-á com a tradição: o reconhecimento, como Mestre, pelos seus pares; junto com o nome pelo qual é conhecido dentro da capoeira (batismo), o nome “civil”, e principalmente, quem o iniciou, quem o preparou quem lhe outorgou o título. Como se observa esse(s) nome(s) não são necessariamente os mesmos, muito embora se encontrem mestres que tem toda a sua trajetória ligado a um mesmo Mestre...; quando se deu o reconhecimento pela Mestria; a qual capoeira pertence (estilo); e uma breve história de vida.

 

 

OPERACIONALIZAÇÃO

 

Além dos dados já constantes no Atlas do Esporte no Brasil – Capoeira, por Sérgio Luiz de Sousa Vieira (p. 116-117); e Capoeiragem, por André Lace Lopes (p. 386-387), devemos proceder a busca da memória da Capoeira – Brasil, Estados, Outros Países -; o que for comum, no capítulo geral – Brasil -; cada estado da Federação, com suas especificidades; e cada país onde hoje se pratica a Capoeira – fora o Brasil – o resgate de sua memória...

A Coordenação dos trabalhos caberá aos Miltinho Astronauta (toda contribuição deverá ser encaminhado ao Jornal do Capoeira, onde haverá um link para tal), André Lace (revisão) e Lamartine (revisão final, com sua equipo, e inclusão no Atlas do Brasil).

Em cada Estado, ou País, haverá uma pessoa responsável pela coleta das informações (coordenador estadual) com quantos forem os colaboradores, dentro do espírito da construção do Atlas 2005 – cada colaborador vira autor.

 

Primeira questão: definição! Como vamos definir “Capoeira(gem) ? Vamos aceitar a do Atlas2005? A da FICA? Vamos construir outra?

 

a) “Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada”. Federação Internacional de Capoeira - FICA[2]

 

b) “um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (VIEIRA, 2005).[3]

c) vernaculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi; no Dialeto Caipira de Amadeu Amaral: ’Capuêra, s. f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Temos, assim: capoeira = capoeirista, o lutador; e capoeira = a luta, o jogo de agilidade corporal. “Por capoeiragem devemos entender: o ato de jogar a capoeira.”.[4].

 

d) Considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.  [5]

 

e) Considera-se como pratica desportiva não-formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo Artigo anterior, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes.  [6]

 

            Segundo: quem? Vamos definir alguns Mestres pioneiros/criadores: Bimba, Pastinha, Sinhozinho, Cyriaco, Besouro Mangangá, Canjiquinha - reconhecidos por todos; cada estado/país inseriria em seu capítulo, o(s) seu(s) pioneiro(os)... quando, quem, como ...

 

            (continua) – esperando outras contribuições ...

           


[1] A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal – Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão).

[2] Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001

[3] VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.

[4] IN http://www.capoeiradobrasil.com.br/

[5] Federação Internacional de Capoeira - FICA -em seu art. 4º.

[6] Federação Internacional de Capoeira – FICA/Regulamento Internacional da Capoeira, em seu artigo 5º.

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