Chamou alguma atenção meus trabalhos no Congresso Mundial de Historiadores do Esporte, acontecido semana passada, na Gama Filho/Candelária, especialmente a questão de fontes históricas e exploração das mesmas. Senti um friozinho na barriga, quando vi alguns medalhões da educação física em uma das apresentações, especialmente a que se refere a ‘partido capoeiro em São Vicente de Ferrer’; conversando com a Ester, capoeira holandesa, disse que estava explicando aos outros participantes o que ouvira de minhas apresentações, e houve um certo interesse naquilo que vinhamos apresentando. Diferente das histórias da(s) capoeira(s0 que escutam pelas ‘Europas”, dos diversos Mestres que atuam por lá. Achismos puros e inveções mirabolantes… sem qualquer respeito pela pesquisa.

Pensando nisso, resolvi compartilhar uma dessas histórias, de um Mestre capoeira de nosso interior, expresso em livro:

A cidade em que atua é Açailandia, e faz parte do Atlas do Esporte no Maranhão…

1996 – o introdutor da Capoeira em Açailândia foi Roberth Francisco de Sousa Cruz (Piabão); vem fazendo, desde então, um trabalho de divulgação da modalidade junto às crianças de várias escolas locais; em outubro de 1997 representou Açailândia na cidade do Rio de Janeiro. [Nascimento informa, em seu livro, a pág. 147, quando se refere à introdução da Capoeira, que esta é “uma modalidade esportiva que surgiu na Bahia, em 1649. Naquela época, Vicente Ferreira Pastinha juntou-se em uma capoeira com os negros africanos que vieram para o Brasil, fazendo uma luta disfarçada de dança, para defender suas colônias e aldeias. Daí originou-se a dança Abada-Capoeira e a Maculelê.”.]

Fonte: NASCIMENTO, Evangelista Mota. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA. Imperatriz: Ética, 1998

Comentários

Por Joelson Sousa
em 12 de Agosto de 2013 às 01:19.

Primeiramente parabens pelo compartilhar das conexões historicas que tem contribuido para dismistificar muitos mitos sobre as innformações que aprendemos pela oralidade. É sabido que muitas oralidades foram com o tempo sendo distorcida e distanciando do que o eram. Mas sem rodeios. Sou da universidade Fedesral do Pará, estou realizando uma pesquisa sobre a capoeira primitiva... e gostei muito de varios de seus artigos. Contudo, gostaria de obter mais informaçoes historicas dos seus debates. Deste modo, me refiro ao texto que você retrata sobre a cronologia da capoeira (publicado em 19.03.2010 ás 17:39). Gostaria de obter as referencias bibliografica completa a qual você referenda nesse texto durante a exposição. Nao estou duvidando de seu texto. Mas como tenho aprendido na universidade - devemos buscar a fonte e sermos inquiridores no que conserne ao conhecimento, para que possamos ampliar discursões reflexivas e possibilitar contribuições quanto pesquisa e divulgação dessas fontes.

Bem, gostaria muitissimo de conhece-lo. De poder dialogar com você. Meu contato no Facebook é Joelson Muzenza e meu fone : (91) 81935114(tim)/ (91) 91008291(vivo).

Depois, desta pesquisa sobre a Capoeira primitiva. Ja tenho uma outra atraz que me aguarda - que é sobre a "capoeira e o carimbó", uma pratica que os capoeiristas desenvolviam ao som do toque do berimbau a dança do carimbó". E fontes que ja pesquisei dão referencia deste fato - vem do Maranhão. Você tem conhecimento sobre?

Atenciosamente,

Joelson Sousa

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 12 de Agosto de 2013 às 10:00.

Joelson

Obrigado; voce pode entrar no www.atlascapoeirabrasil.org.br que terá muita informação sobre a capoeira(gem); pode enttar em meu blog e ver http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2013/05/23/esporte-e-educacao-fisica-ao-redor-do-mundo-passado-presente-e-futuro-physical-education-and-sport-around-the-globe-past-present-and-future-novo-livro-na-praca-lancamento/ , e se colocar busca, capoeira, bverá todas as postagens e indicações.

Costumo, sempre, colocar as referencias biograficas, em meus escritos, mesmo os postados no Blog... me mande teu endereço eletronico, que mando algum matyrial a voce.

Quanto ao uktimo item, sugiro a voce pesquisar o estilo 'onça pintada', de um grupo ai do Pará,m com algumam penetração no Maranhão - fronterira com o Pará - do grupo ACANPE... muito interessante; não se trata de uma capoeira primitiva, mas de um moderna, mistura da capoeira angola com o aku-aku e o agarre marajoara...

Em alguns livros de historia, especdialmente quando falam de Lauro Sodre, há referencias a capoeira,m sua participação nos embates politicos do inicio do seculo passado; como no Maranhão, era denomjinada de Carioca... na Cabanagem, há referecnias da partcipação de capoeiras; nas lutas do Amapá, capoeiras paraenses - Cabralzinho - deu uma surra no comandante frances, em pleno Macapá... e assim segue a nossa História...

Vou ver se publico algumas coisas, na Comunidade...

 

 

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 12 de Agosto de 2013 às 10:03.

TRADIÇÕES

Formada pelos três esportes principais de origem nacional: - CAPOEIRA; PETECA; RODEIO.

 

CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM NO MARANHÃO

 

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

 

DEFINIÇÕES

Por Capoeira deve-se entender “... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada” (Regulamento Internacional da Capoeira); assim como

Capoeira, em termos esportivos, refere-se a “... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 39-40).

 

Capoeiragem”, de acordo com o Mestre André Lace: ” uma luta dramática”(in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388).

CARIOCA” - uma briga-de-rua, portanto capoeiragem (no sentido apresentado por Lacé Lopes) – outra denominação que se deu ‘a capoeira, enquanto luta praticada no Maranhão, no século XIX e ainda conhecida por esse nome por alguns praticantes no início do século XX..

 

1884 - em Turiaçú é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio – em que constava: “Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124)

2003 - Mestre Mizinho, natural de Cururupu, informa que naquela cidade também se praticava uma luta, semelhante a Capoeira, a que denominavam “carioca”:

2005 - Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira informa que seu avô, falecido aos 92 anos, estivador do Porto de São Luís – Cais da Sagração, Portinho, Rampa Campos Melo – sempre se referia á “capoeira” como “carioca”, luta praticada em sua juventude. Mestre Diniz, nascido em 1929, lembra que “na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”.

- em Codó, entre os antigos, a capoeira é denominada de “carioca”.

 

1820 – registra-se nesta data referência a “punga dos homens”, jogo que utiliza movimentos semelhantes à capoeira.

1825 Em “O Censor”, edição de 24 de janeiro, Garcia de Abranches ao comentar o posicionamento político do Marques governante – Lord Cockrane – compara alguns portugueses com os desocupados do Rocio – em sua maioria caixeiros – que “pela sua péssima educação, muitos brancos da Europa são tão vis, e tão baixos, como esses mulatos que andam a espancar, a roubar e a matar, pelas ruas da Cidade...” (p. 12-13). Estaria o Censor referindo-se aos capoeiras?

1829 - registram-se certas atividades lúdicas dos negros. Nesse ano é publicado no jornal “A Estrela do Norte” a seguinte reclamação de um morador da cidade: “Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “(ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46, Coleção de Obras Raras, Biblioteca Pública Benedito Leite)

1835 - na Rua dos Apicuns, local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:- “A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte"  contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís.” (ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834,  e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836  in VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).

1843 - o Diretor da Casa dos Educandos Artífices do Maranhão em relato ao Presidente da Província informava que havia “um outro problema”: a segurança dos alunos e do patrimônio da casa, em razão da existência de vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados, o que resultava em atos de violência cotidianos, pela falta de intervenção policial no local. Sobre os Capoeiras reclamava esse Diretor: “Capoeiras que nem os donos das tavernas derrubam, nem a Câmara Municipal os constrange a derrubar, apesar das proximidades em que estão a respeito da Cidade cometessem por aqui crimes de toda a qualidade que por ignorados ficam impunes, tendo já sido espancado gravemente um quitandeiro, e já são muitas as noites em que daqui ouço pedir socorro, sendo uma destas a passada, na qual, às nove horas e quinze minutos, estando todos aqui já em repouso, ouvi uma voz que parecia de mulher ou pessoas moças, bradar que lhe acudissem que a matavam, e isto por vezes, indo aos gritos progressivamente a denotarem que o conflito se alongava pelo que pareceu que a pessoa acometida era levada de rojo por outra de maiores forças, o que apesar da insuficiência dos educandos para me ajudarem, atendendo as suas idades e robustez, e não tendo mais quem me coadjuvasse, não podendo resistir à vontade de socorro a humanidade aflita e não tendo ainda perdido o hábito adquirido na profissão que sigo, chamei dois educandos dos maiores e com eles mal armados, sai a percorrer as mediações desta casa, sem que me fosse possível descobrir coisa alguma, por que antes que pudesse conseguir por os ditos educandos em estado de me acompanharem, passou-se algum tempo e durante ele julgo que a vítima foi levada pelo seu perseguidor para longe daqui. Estes atentados são praticados pelos negros dos sítios que há na estrada que em conseqüência da má administração em que os tem, andam toda a noite pela mesma estrada, praticando tudo quanto a sua natural brutalidade lhe faz lembrar, e se V. Exa. se não dignar de tomar alguma providência a este respeito parece-me que não só a estrada se tornará intransitável de noite, como até pelo estado em que existem só os negros dos sítios e os vindos da Cidade se reúnem, entregues à sua descrição, podem trazer conseqüências mais desagradáveis [...] o que falo é para prevenir que este estabelecimento venha a ser insultado como me parecesse muito provável em as cousas como se acham. (FALCÃO, 1843). (citado por CASTRO, 2007, p. 191-192). A Casa dos Educandos Artífices estava alojada em um edifício construído ainda no Século XVIII, situado num ambiente de “ares agradáveis, liberdade própria do campo, vista aprazível e fora do reboliço da cidade”, entre o Campo do Ourique e o Alto da Carneira – hoje, Bairro do Diamante, ocupado pelo Ministério da Agricultura. O Autor do relatório, José Antônio Falcão, era tenente-coronel reformado do Exército, e havia assentado praça em São Luís, juntamente com seu irmão Feliciano Antônio Falcão, em 1831, como cadete no Regimento de Linha. Antônio Falcão foi o organizador da Casa dos Educandos Artífices, e seu diretor no período de 1841 a 1853. Já Feliciano Antônio Falcão, seu irmão, comandou a força expedicionária para combater os Balaios em Icatu e comandou a terceira tropa por ordem de Luis Alves de Lima e Silva, depois Duque de Caxias, entre as localidades de Icatu e Miritiba (hoje, Humberto de Campos), até o fim da Balaiada. (CASTRO, 2007, p. 184). Cumpre lembrar que estes alertas foram feitos no ano de 1843, apenas um ano após o término da Balaiada – iniciada em 1838, originada com as lutas dos quilombolas na área de Codó (Distrito do Urubu) como antecedentes à eclosão da Revolta, até a condenação do Negro Cosme, em 1842[1], estando envolvidos vários capoeiras, entre eles negros escravos, alguns fugitivos do interior da província e outros alforriados. Seriam esses Capoeiras remanescentes da Balaiada?

 

1863 – Josué Montelo, em seu romance “Os degraus do Paraíso”, em que trata da vida social e dos costumes de São Luis do Maranhão, fala-nos de prática da capoeira neste ano de 1863 quando da inauguração da iluminação pública com lampiões de gás; ao comentar as modificações na vida da cidade com as ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas."

O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso Canto-Pequeno, situado na Rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Em alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunirem em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.

1877 – MARTINS (1989, in MARTINS, Dejard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO. São Luís: (s.n.), aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. "JOGO DA CAPOEIRA "Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p. 179) 

1889 - No mês de julho desse mesmo ano teriam ocorrido outras duas conferências em que os republicanos foram apedrejados pelos libertos de 13 do maio (denominados capoeiras) insuflados pelos monarquistas. (Fonte: Luiz Alberto Ferreira - Escola Caminho das Estrelas O MOVIMENTO REPUBLICANO NO MARANHÃO  - 1888-1889)

1915 - NASCIMENTO DE MORAES, em uma crônica que retrata os costume e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utiliza o termo capoeiragem: “A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed. São Luís : Cento Cultural Nascimento de Moraes, 2000, p. 95).

Em outro trecho é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira: “Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a  certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”. (in MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005

ANOS 30/40 -Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – que é considerado o mestre mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís.

ANOS 50 -   

ANOS 60 – “Renascimento” da capoeira em São Luís, com a chegada de ROBERVAL SEREJO no início dos anos 60. Criação do Grupo “Bantus”, do qual participavam, além de Mestre Roberval Serejo (graduado por Arthur Emídio); Mestre Diniz (aluno de Catumbi, de Alagoas), Mestre Jessé Lobão (aluno de Djalma Bandeira), de Babalú; Gouveia [José Anunciação Gouveia]; Ubirajara; Elmo Cascavel; Alô; Patinho [Antonio José da Conceição Ramos]; e Didi [Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida].

1965 – Mestre Paturi (Antonio Alberto Carvalho, nascido em 1946, o Mestre mais velho em atuação, hoje), inicia-se na Capoeira com os Mestres Manoelito e Leocádio, e após a chegada de Mestre Sapo, passa a treinar com este. Foi o primeiro a registrar uma Associação de Capoeira (?).  

1966 - Mestre Canjiquinha [Washington Bruno da Silva, 1925-1994], e seu Grupo Aberrê passam pelo Maranhão, apresentando-se em Bacabal, no teatro de Arena Municipal; e em São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (in REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador :Itapuã, 1968). Acompanhavam Mestre Canjiquinha Sapo [Anselmo Barnabé Rodrigues]; Brasília [Antônio Cardoso Andrade]; e Vitor Careca, os três, ‘a época, menores de idade.

1968 – Mestre Sapo retorna ao Maranhão, para ensinar capoeira. Vai se tornar a maior referência da capoeira do Maranhão, formando inúmeros alunos e graduando vários mestres, até sua morte, em 1982.

ANOS 1970 - A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação, localizada na Rua Rio Branco; é também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo; seus alunos, da academia Bantú, passam a treinar com Mestre Sapo.

Em uma de suas viagens, no final dos anos 70, Mestre Sapo, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Mestre Pelé de Salvador [Natalício Neves da Silva, nascido em 1934]

1979 – Mestre Robervaldo Sena Palhano funda, no bairro da Alemanha, a “Associação Cativos de Capoeira”, com estilo e características próprias, com o objetivo de divulgar e motivar a prática da capoeira; atualmente, possui as seguintes filias e locais de treinamento: São Luís – Mestre Murilo; Paço do Lumiar – Instrutor Genivaldo; Imperatriz – Mestre Miguel; Porto Franco – Instrutora Luiza; Bacabal – Instrutor Fábio; Buriti de Inácia vaz – Instrutor Roberto; Araguaina (TO) – Formado Pessoa; Cachoeirinha (TO) – Instrutor Pedro; Resende (RJ) – Mestre Ricardo; Penedo (RJ) – Mestre Ricardo; Porto Murtinho (MS) – Mestre Robervaldo; Correspondente na Suiça – Aluno URS.

ANOS 80 –

1982 – Morte de Mestre Sapo. Encerra-se um ciclo na capoeira no Maranhão, inciado por ele.

 

ANOS 90

1990 – em 26 de julho, é fundada a Federação Maranhense de Capoeira, pelo Mestre Robervaldo Sena Palhano, com as seguintes associações fundadoras: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Capoeira Cordel Branco; Grupo de Apoio à Capoeira. Sua primeira diretoria foi assim constituída: Presidente: Robervaldo Sena Palhano; Vice: Jorge Luis Lima de Sousa; Primeiro Secretário: Roberto Edeltrudes Pinto Cardoso; Segundo Secretário: Antonio Alberto Carvalho.

- Após a primeira gestão, assumiram a Federação: Jorge Luis Lima de Sousa e depois Evandro Costa.

– a Capoeira volta aos Jogos Escolares Maranhenses por interveniência de Mestre Robervaldo Sena Palhano, da Associação Cativos de Capoeira;  

 

ANOS 2000

2000 – Fundada, em maio, a Associação Nação Palmares de Capoeira; vem desenvolvendo um trabalho forte na capital e em várias outras cidades do Estado. Principalmente na Baixada Ocidental maranhense, onde se concentra a maioria de suas unidades de ensino. Fundada através da união de 8 professores e contra-mestres, atualmente sob a coordenação geral do Contra-Mestre Jota Jota, a Nação Palmares de Capoeira atravessou as fronteiras do Estado e do país se instalando na França, na Bélgica. Núcleos no Maranhão: Barreirinhas (Formado : Feiticeiro); Paulino Neves (Formado : Feiticeiro);  São Mateus (Estagiários : Cinô e Paturi); Viana (Formado : Zequinha); São João Batista (Formado : Zequinha); Pindaré-Mirim (Formado : Ventania).

2006 – assume a Federação Maranhense de Capoeira -“gestão volta ao mundo” – como  Presidente: Murilo Sérgio Sena Palhano (988806 54 89); Vice: Cláudio da Conceição Rodrigues; Primeiro Secretário: José Antonio de Araújo Coelho; Comunicação Social: Genivaldo Mendes;DiretorTécnico: Juvenal dos Santos Pereira; Tesoureiro: Márcia Andrade Sena Palhano; Diretor de Arbitragem: Jorge Luis Lima de Sousa.  Associações filiadas: Cativos da Capoeira; Filhos de Aruanda; Jeje Nagô; Mara Brasil; Amarauê; Art Brasil;Sheknah.


 

BOX

Mestre Sapo morreu em 1982. Mereceu do Professor Laércio Elias Pereira um “Tributo ao Mestre Sapo”, em que é traçada, poeticamente, sua história de vida:

 

Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou outro baiano, Moraes Moreira.

“Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-a-dia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte.

“Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guarda-costas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraia nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo ??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo.

“Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’ a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica.

“Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física foi ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’.

“Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cinqüenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da morte. Sapo era amigo de todo mundo”. (in PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17)

 


 

BOX – GENESE DA CAPOEIRA EM SÃO LUIS DO MARANHÃO

 

Manoelito

Leocádio

 

Zé Baianinho

Mané

 

 

GRUPO BANTUS

|

 

(Arthur Emídio)

Roberval Serejo

(Djalma Bandeira )

Jessé Lobão

(Catumbi)

Firmino Diniz

 

|

 

Babalú

Patinho

Ubirajara

Manuel Peitudinho

 

Elmo Cascavel

Alô

Gouveia

Didi

 

|

 

ABERRÊ

 

|

 

 

CANJIQUINHA

 

 

                                                                         |

 

Brasília

SAPO

Vítor Careca

 

|

 

                                                                                 MESTRE PATINHO

|

 

Costa Rodrigues

Academia Senzala

Parque do Bom Menino

Pró-Dança

Lítero

Gladyz Brenha

Marquinhos

Tião Carvalho

Bigu

Gavião

Jacaré

Robert

 

Carlos César

Brenha

Neto

|

 

LABORARTE

|

 

Laborarte

Mandigueiros do Amanhã

Centro Matroá

Escola Criação

Maré do Chão

N´Zambi

Brinquedos de Angola

Nelsinho

Klebinho

Bamba

Marco Aurélio

Same

Serginho

Marinheiro

Nestor

Elma

Frederico

|

 

CENTRO CULTURAL MESTRE  PATINHO

 

 

 

 

 


Acinho de Jesus

Alex

Cabeludo

Domingos de Deus

Euzamor

 

                                           |                                                                                                                                       |

 

Pudiapen

 

 

 

Águia

Sidnelson

 

 

 

 

Madeira

 

                                                                                                                                                                                   |

 

 

 

 

 

Abelha

Paulinho

Gavião

Arara

Merão

 

 

 

 

King

 

 

 


 

                                                                                                                

 

Paturi

De Paula

Dominguinhos

Pirrita

Raimundão

Açougueiro

 

                                            |                                     |                   |      

 

Ciba

 

Pedro Soares

Canarinho

Negão

Vânio

 

Socó

 

 

 

 

 

 

 

Generoso

 

Valdeci

Índio Maranhão

 

                                                                                                                                  

 

Cacá

Faquinha

 

 

(Canjiquinha)

Evandro

(Bimba)

Edy Baiano

Camisa

Bartô

Ribaldo

Pai Velho

Camisa

Rui Pinto

(Burguês)

Fuzuê

(CBC-RJ)

Sena

        |                 |              |            |            |             |            |              |               |             |

 

Mirinho

Baé

Bodinho

Pezão

Chiquitita

Cimbar

Juruna

Euzamor

Frazão

Magno

Mizinho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tutuca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                      |                                      |

 

 

 

 

Chicão

 

 

Curoja

 

 

 

Graúna

 

 

 

 


 

CAPOEIRA/CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS

– ANOS 1970 EM DIANTE

 

- Mestre Patinho -

- Mestre Nelsinho -

- Mestre Marco Aurélio -

 

 

DATAS/ACONTECIMENTOS/QUEM

 

SITUAÇÃO ATUAL

 

LOCAIS DE PRÁTICA (mapa São Luis)

 

DESTAQUES

- núcleos de ensino de capoeira

   - ANGOLA

   - REGIONAL

   - CONTEMPORÂNEA

- eventos

- competições

 

CAPOEIRA FEMININA

 

 

 

 

 

 


 

Em AÇAILÃNDIA - 1996 – o introdutor da Capoeira em Açailândia foi Roberth Francisco de Sousa Cruz (Piabão); vem fazendo, desde então, um trabalho de divulgação da modalidade junto às crianças de várias escolas locais; em outubro de 1997 representou Açailândia na cidade do Rio de Janeiro. [Nascimento informa, em seu livre, a pág. 147, quando se refere à introdução da Capoeira, que esta é “uma modalidade esportiva que surgiu na Bahia, em 1649. Naquela época, Vicente Ferreira Pastinha juntou-se em uma capoeira com os negros africanos que vieram para o Brasil, fazendo uma luta disfarçada de dança, para defender suas colônias e aldeias. Daí originou-se a dança Abada-Capoeira e a Maculelê.”.]. Fonte: NASCIMENTO, Evangelista Mota. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA. Imperatriz: Ética, 1998

 

Em BACABAL - 1974 - o professor João José da Silva montou uma academia de capoeira na Praça Silva Neto no centro da cidade de Bacabal. Capoeirista por opção e Engenheiro Agrônomo de profissão, trabalhava na empresa EMAPA e em suas horas vagas ensinava a arte da capoeira. Com o decorrer dos anos a academia deixou de existir. 1979 - inaugurado o Centro Social Urbano de Bacabal (CSU); entre suas atividades educativas incluía-se a capoeira, com as aulas ministradas por João José, único professor de capoeira, e contratado para ministrar aulas de capoeira neste Centro, o ensinamento ocorreu sem problemas nos anos que se seguiram. 1980 – surgimento do Grupo de Capoeira Escravos de Angola, do sr. Roberto ( ? ). O grupo tinha 08 pessoas que treinavam na casa do Instrutor Roberto, que ficava na Rua Osvaldo Cruz, enfrente a fábrica do Café Bacabal. O principal objetivo do grupo era compor músicas, tocar, cantar e fazer farra nas suas apresentações;  participaram do ultimo Festival de Musica Popular de Bacabal. 1981 - chegou de São Luis – MA o sr. Almir dos Santos, aluno de Capoeira do Professor Neguinho, que na época ensinava nos Centros Sociais  Urbanos de São Luis. Chegando a Bacabal se instalou na casa de sua avó, na Rua da Mangueira, e com o passar do tempo começou a ensinar capoeira aos seus vizinhos e conhecidos no quintal da casa. Foi então que veio a conhecer o professor João José que através do mesmo veio também a ser contratado para ensinar capoeira auxiliando-o no Centro Social Urbano de Bacabal. 1982 -  chegava a Bacabal o senhor Mariano Pereira Lopes, baiano, Se instalou na casa de seus pais e começou a por em prática a sua experiência na arte da capoeira, tentando formar grupos de capoeira na cidade e assim permaneceu por vários anos, mas devido a seu péssimo gênio não chegou a lugar algum com seus grupos. 1984 – por um tempo os mestres locais se ausentaram da capoeira em Bacabal; neste período, os discípulos destes professores formaram o Grupo de Capoeira CORDÃO DE OURO, composto por quatro pessoas: Antonio dos Reis Machado, Arapoã Evangelista Lopes, Iralde Ferreira da Costa, e Isabela da Silva. Realizaram várias apresentações de Capoeira pela cidade, com a intenção de divulgar o esporte. Mais tarde o grupo fora desarticulado por falta de estrutura e apoio das autoridades. Algum tempo depois alguns capoeiristas deste grupo se destacaram com trabalhos individuais dentro e fora da cidade, como foi o caso de Antonio dos Reis Machado – Mestre PINTA - que fundou a Escola de Capoeira Zâmbi, na Rua 10, casa 74, Bairro Vila São João e Iralde Ferreira da Costa – BIRIMBAL - que após ter tentado fazer alguns trabalhos em Bacabal, como o caso do grupo que montou no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos e em sua casa que durou pouco tempo por causa de sua profissão que o obrigava a viajar muito, em dessas viagens parou na cidade de Paulo Ramos – MA onde fundou o grupo SUCURI, que mais tarde veio para Bacabal ficando localizado no G.N.P.R., mais durou pouco tempo fechando suas portas após pouco mais de um ano.

- O Grupo de Capoeira Zâmbi surgiu com a finalidade de difundir e divulgar a cultura e a arte da defesa pessoal, a capoeira. Nesta época, os treinamentos eram realizados no campo do Conjunto Habitacional Aracati, nos horários das 16:00 às 18:00, todos os dias; era constituído de 14 pessoas. O grupo durou cerca de um ano e se extinguiu temporariamente. 1985 – ressurgimento do Grupo Zâmbi, no bairro da Areia, com sede provisória no CSU sendo o instrutor Antonio dos Reis Machado convidado pela senhora Maria José  “ZEZE,” diretora na época do CSU, para que ele ensinasse capoeira no Centro. O grupo tinha 20 integrantes e resistiu por um período de seis meses, quando então o instrutor precisou viajar, assim sendo o grupo se extinguiu por mais um período. 1986 - retomada do Grupo Zâmbi, no Clube Recreativo Icaraí, quando Antonio dos Reis Machado foi convidado pela diretora do clube a lecionar capoeira juntamente com os professores de ginástica e karatê. O programa da instituição durou pouco tempo e também por motivos particulares, como emprego, viagens o instrutor teve que abandonar por mais algum tempo o ensino da capoeira. 1987 - 18 de janeiro  - O Grupo de Capoeira Zâmbi volta nesse ano, agora com mais experiência e maturidade, e inaugura sua sede oficial, no antigo Clube Imperial na Rua 10, Casa 74, Bairro Vila São João.  A inauguração foi feita pelo Grupo Cordão de Ouro, constituído pelos srs: Almir dos Santos, Iralde Ferreira da Costa, Arapoã Evangelista Lopes, Mariano R. Sousa e Antonio dos Reis Machado – PINTA -, na função de Instrutor e Coordenador geral do grupo. Na época o grupo contava com 15 participantes que divulgavam a capoeira em Bacabal. - participação no aniversario do Frei Evaldo, Diretor do Colégio Nossa Senhora dos Anjos. O grupo se apresentou no palco do auditório do CONASA com a participação de vários alunos da escola que aproveitaram para homenagear o seu diretor.  - Abril - Após quatro meses de treinamento, participaram da “1ª AMOSTRA DE CAPOEIRA DO MARANHÃO“ no Ginásio Costa Rodrigues, com o objetivo principal de mostrar qual dos grupos de capoeira se apresentava melhor no Jogo Regional e Angola. - Agosto, 21 e 22  - a primeira apresentação do Grupo Zâmbi, em Bacabal, durante a EXPOABA; a Terceira Roda Aberta de Capoeira de Bacabal; houve outra apresentação no pátio do Colégio Nossa Senhora dos Anjos; com ajuda da Prefeitura de Bacabal foram trazidos vários integrantes dos Grupos de Capoeira Aruandê, e Cascavel, de São Luis, com a participação da Casa de Cultura de Bacabal. - Agosto, 29 o Grupo de Capoeira Zâmbi participou do 3º MOVIMENTO PRÓ CAPOEIRA DO MARANHÃO que se realizou no Teatro Itapicuraíba, no bairro do Anjo da Guarda, em São Luis – MA. O evento foi coordenado pelos grupos de capoeira Aruandê e Filhos de Aruanda, com a participação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN). - setembro, 27 -  o Grupo de Capoeira Zâmbi integra-se oficialmente ao movimento negro em Bacabal, patrocinado pelo GNPR - Grupo Negro Palmares Renascendo. O evento aconteceu na Praça Chagas Araújo, onde teve várias apresentações culturais como: “a canga”, peça teatral realizada pelo grupo de teatro de São Luis, bumba-meu-boi de Piratininga, afoxé pelo grupo local “Geafro”, show de musica com o cantor Negro Hamilton do CCN, e capoeira pelos Grupos de Capoeira Zâmbi e Sucuri, de Bacabal, e Raízes de Palmares, de São Luis – MA. - outubro - convidado a participar dos Festejos de São Francisco, no Povoado do Copem, no município de Bacabal; o grupo se apresentou no dia 30 no salão de festas do povoado, onde o instrutor falou da importância da capoeira na comunidade. - primeiro evento oficial, o 1° TORNEIO DE CAPOEIRA CLASSE EXTREANTES, que aconteceu entre os primeiros integrantes do grupo, onde se destacaram os seguintes alunos: Antonio Carlos da Silva (1° lugar individual, categoria médio juvenil), Antonio Carlos Andrade da Silva (2° lugar individual, categoria médio juvenil) e Charles Augusto França (3° lugar individual, categoria médio juvenil). 1994 - Em 23 de outubro Associação de Capoeira Zâmbi realiza o 1° FESTIVAL REGIONAL DE CAPOEIRA DE BACABAL, realizado no GNPR, com a participação do Núcleo de Cultura, representantes de Imperatriz e Comissão Julgadora de São Luis, constituído por Mestre Pirrita, Mestre Índio, Mestre Patinho, Mestre Jorge, Mestre Evandro e Mestre Roberval Seno. 1995 - em meados de 1995, o grupo se dissipa; motivo: uma discussão entre Mestre Pinta e seu aluno formado Raimundo da Silva Reis, conhecido como Ratinho. Ratinho monta um outro grupo em Bacabal, de nome Aruanda, composto por seus companheiros de treino e seus alunos, para quem já dava aulas nos bairros de Bacabal. O grupo era independente, sem sistema de graduação, e funcionava no GNPR, situado no bairro Madre Rosa. - Outra discussão, desta vez  no Grupo Aruanda, faz também o mesmo se dividisse. Os instrutores desta divisão começaram a se filiar com outros grupos de fora, para obterem um sistema de graduação, algo inexistente no grupo que participavam. 2000 – dezembro, 19 – é formado o Grupo Escravos Brancos quando Irlan Alves Veloso (Facão) se filiou a este grupo de Teresina – PI, de Mestre Albino. Antes, Irlan treinava na ACZ, hoje é estagiário no grupo Escravos Brancos, e treinam no Clube da AABB, com 45 alunos, ministrados por ele e seus instrutores. 2002 – inicio das atividades do Grupo Guerreiros do Quilombo com uma filiação de João Filho (Filão), ex-aluno de Ratinho e Jose Filho Marcos (Marcio), este ex-aluno de Irlan, com o grupo de Delmar (Zumbi) aluno formado por uma junção dele com o grupo Escravos Brancos para obtenção de graduação. O grupo iniciou seu treinamento no Centro Comunitário no Bairro Alto do Assunção; atualmente está instalado na sede provisória do Clube Melhor Idade Anos Dourados, no centro de Bacabal.Conta com 28 alunos; 2005 - a Associação de Capoeira Zâmbi, instalada na Rua Santa Terezinha, liderado por Mestre Pinta e seu aluno formado Huston (Caverna), tem alunos espalhados por toda Bacabal, totalizando mais de 80.

 

BOX

BIOGRAFIA DO MESTRE PINTA

Nome: Antonio dos Reis Machado (Mestre Pinta)

Filiação: Sebastião Machado de Oliveira e Eunice Francisca dos Reis

Nascimento: 17/11/1963

Residência: Rua Paraíba, Bairro Pedro Brito – Bacabal – MA

Estilo de Capoeira: Angola e Regional

Seu mestre: Mestre Pirrita da Associação de Capoeira Aruandê de São Luis – MA

Sua Academia: Associação de Capoeira Zâmbi, Rua Santa Terezinha, s/n – Bacabal  - MA

N° de alunos: mais de 80

Graduado em capoeira aluno formado sendo a 7ª Corda Amarela e Branca trançado (professor), pela Associação de Capoeira Aruandê de São Luis – MA e com curso de arbitragem de campeonato de capoeira pela Associação de Capoeira Aruandê de São Luis – MA em 13/10/1988.

 


[1] ARAÚJO, Maria Raimunda (org.). Documentos para a história da Balaiada. São Luís: FUNCMA, 2001

 

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 12 de Agosto de 2013 às 10:07.

CAPOEIRAGEM EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO

 

Por LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

       E Alunos do Curso Seqüencial de Educação Física – Turma C,

       Da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA

 

RESUMO

 

Procura-se resgatar os primórdios da capoeira praticada em São Luís do Maranhão (Brasil), assim como seu estágio atual, através do resgate da história de  vida de seus principais atores – os Mestres de Capoeira -  e de um de seus principais praticantes, o Mestre Sapo (Antonio Barnabé Rodrigues), que atuou em São Luís do Maranhão no período de 1966 a 1982.

Ainda, procura-se cadastrar os Mestres atuantes em São Luís, através de projeto apresentado por Mestre André Lacé, do Rio de Janeiro (Brasil) - “Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira de São Luís do Maranhão”, com uma página para cada mestre, com foto. Apresenta-se uma parte Introdutória com resumo da História da Capoeira, com seus dois principais estilos de prática.

 

Palavras-chave: CAPOEIRA; HISTÓRIA; MARANHÃO; MESTRE SAPO

 

 

INTRODUÇÃO

            Em correspondência pessoal, via correio eletrônico, o Mestre André Lace, do Rio de Janeiro, enviou-me documento[1] em que propunha “DEZ Projetos para o Rio de Janeiro” chamando-me a atenção para o “Projeto Livro Álbum dos Mestres de Capoeira no Rio de Janeiro”, em que propõem o cadastramento dos aproximadamente 150 mestres capoeiras do Rio de Janeiro; uma página para cada mestre, com foto. Haverá uma parte Introdutória com resumo da História da Capoeira no Rio de Janeiro e, também, resumo crítico dos principais livros sobre o assunto. Este projeto está, atualmente, com 12 biografias.

            Em outra correspondência, ao indagar sobre um aspecto da Capoeira no Maranhão, sugeriu-me a elaboração do “Livro-Álbum dos Mestres de Capoeira de São Luís do Maranhão”, assim como anteriormente já havia sugerido a criação de um “Centro de Capoeiragem do Maranhão”. Os demais projetos são:

  1. Projeto SEIS RODAS ESPECIAIS de CAPOEIRA - Idealização (através de concurso para arquitetos urbanistas), construção e implantação de uma Programação Anual.  Rodas especiais, concha acústica de cimento para a “orquestra”, roda acimentada de apresentação e arquibancada tipo anfiteatro.
  2. Projeto “CENTRO DE MEMÓRIA DA ARTE-AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO” - um espaço que poderá abrigar o “Centro de Memórias da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem”.
  3. Projeto CONCURSO LITERÁRIO ANUAL - Redação, para o 2º grau; Monografia, para o 3º grau - Tema Básico: Capoeiragem no Rio de Janeiro, no Brasil e no Mundo.
  4. Projeto FUNDAÇÃO RIO CAPOEIRA - Criação de um Organismo que realmente contemple todos os múltiplos aspectos da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O Projeto incluirá a criação de um PONTO DE ENCONTRO DOS CAPOEIRAS que, em princípio, será calcado na experiência vitoriosa do Espaço nos Capoeiras, no Mercado Popular da Uruguaiana.
  5. Projeto LABORATÓRIOS DE CAPOEIRA - Série de experiências práticas testando a real eficácia da Capoeira enquanto Luta Marcial.
  6. Projeto FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA - Criação de um grupo multidisciplinar para estudar, sem fantasias, os fundamentos da Capoeiragem em todos seus múltiplos aspectos: religioso, filosófico, ritmo e cantado, histórico, sociológico etc.
  7. Projeto UNIVERSIDADE DA CAPOEIRA - Projeto, inicialmente, apresentado do Governo Federal e, depois, à Universidade Estácio de Sá.
  8. Projeto HOMENAGENS ESPECIAIS - Exemplo: reforma completa do túmulo do Sr. Agenor Sampaio, Sinhozinho, com colocação solene de uma Placa de Agradecimento.
  9. CAPOEIRA EDITORIAL - Republicação enriquecida por uma avaliação crítica dos principais livros escritos Capoeiragem – ODC, Plácido de Abreu,  ZUMA, Inezil Penna Marinho etc.

 

AFINAL, O QUE É CAPOEIRAGEM?

            De acordo com seu Regulamento Internacional [2], a “Capoeira” passa a ser reconhecida internacionalmente como um:

“... Desporto de Criação Nacional, surgido no Brasil e como tal integrante do patrimônio cultural do povo brasileiro, legado histórico de sua formação e colonização, fruto do encontro das culturas indígena, portuguesa e africana, devendo ser protegida e incentivada”:

 

A existência da capoeira parece remontar aos quilombos brasileiros da época colonial, quando os escravos fugitivos, para se defenderem, fazem do próprio corpo uma arma. Não há indicações seguras de que a capoeira, tal qual a conhecemos hoje no Brasil, tenha se desenvolvido em qualquer outra parte do mundo (REIS, 2005)[3]:

“Como não existem pesquisa históricas a respeito da capoeira, para os séculos XVI a XVIII, não é possível reconstruirmos o processo que levou ao deslocamento da capoeira do campo à cidade, o que deve ter ocorrido por volta do começo do século XIX, posto que datam desse período as primeiras referências históricas (até agora conhecidas) referentes aos capoeiras urbanos”. (REIS, 2005). 

 

Ainda de acordo com seu Regulamento Internacional, a Capoeira por sua inserção no processo histórico da nação portuguesa no período colonial brasileiro, bem como por haver recebido da mesma suas influências culturais, também faz parte reconhecidamente do acervo cultural do povo português. Mais, em virtude da Capoeira ser concebida no Brasil passa a ser considerada também como um patrimônio cultural dos povos da América e da humanidade.

E ainda, em virtude dos dispostos em seu Regulamento, a Capoeira é reconhecida internacionalmente como:

A- Desporto Cultural;

B- Desporto de Identidade;

C- Desporto Tradicional. 

 

Por isto, considera-se como prática do desporto formal da Capoeira sua manifestação cultural sistematizada na relação ensino-aprendizagem, havendo um ou mais docentes e um corpo discente, onde se estabelece um sistema de graduação de alunos e daqueles que ministram o ensino, havendo uma identificação indumentária por uniformes e símbolos visuais, independentemente do recinto onde se encontrarem.

Assim, considera-se como pratica desportiva não-formal da Capoeira sua manifestação cultural, sem qualquer uma das configurações estabelecidas pelo anteriormente, e que seja praticada em recinto aberto, eminentemente por lazer, o que caracterizará a liberdade lúdica de seus praticantes.

Aquele documento ainda estabeleceu em seu art. 17 a Nomenclatura de Movimentos de Capoeira, estabelecida em duas partes:

A- Nomenclatura Histórica - colhida a partir da pesquisa nas obras dos primeiros autores a escreverem sobre a Capoeira, a saber: Plácido de Abreu, Coelho Neto e Annibal Burlamaqui (Zuma). A mesma poderá ser ampliada em função da evolução das pesquisas científicas.

 

B- Nomenclatura Oficial - estabelecida com base nos referenciais obtidos pelos trabalhos de Manuel dos Reis Machado (Ms. Bimba), fundador da segunda Escola Técnica de Educação Física no Brasil e por Vicente Ferreira Pastinha (Ms. Pastinha), fundador do primeiro Centro Esportivo de Capoeira, entendendo como única a Capoeira, porém considerando-se distintos seus os padrões de jogo advindos do emprego dos ritmos do berimbau em cada um dos legados que nos foram deixados como herança cultural.

 

            Quanto ao termo “Capoeiragem”, o Mestre André Lace assim se manifesta:

(a) Capoeira seria uma luta dramatizada;

(b) a Capoeiragem é uma luta dramática (in Atlas do Esporte no Brasil, 2005, p. 386-388) [4].

           

Ambas podem se confundir, mas esta (Capoeiragem) refere-se mais à luta de rua; aquela (Capoeira) é mais utilizada para rotular o ensino e a prática do jogo com acompanhamento musical (cantoria e ritmo; berimbau, pandeiro, caxixi, reco-reco, agogô, atabaque); esta, uma espécie de briga abrasileirada de rua, em desuso, na qual batiam-se palmas e cantavam versos curtos (samba duro, pernada carioca, etc.).       

            Para esse Autor, a Capoeiragem “nasceu em berço africano”, não com esse nome, certamente, e tampouco com suas formas atuais. Serve-se do perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado para essa assertiva, pois não se sabe onde tenha aportado, primeiro. Mas uma e outra – Capoeira e Capoeiragem – têm mais predominância na Bahia – aquela – e no Rio de Janeiro – esta. 

            É a Bahia o grande celeiro de mestres da Capoeira mais tradicional chamada de “Angola” – dança-luta -, embora praticada em outros estados, inclusive no Rio de Janeiro. A Capoeira Angola, também luta, envolveria e envolve outros componentes fascinantes, mas no dizer de Lace Lopes, “fora do presente contexto de luta pura”. Já a Capoeiragem, ou seja, a capoeira-luta, a capoeira briga-de-rua, concentrou-se no Rio de Janeiro.

            Sobre a origem da Capoeira, há uma tendência dominante entre pesquisadores e antropólogos em considerar que surgiu no Brasil, fruto do processo de aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e português (Vieira, 2005, p. 39-40) [5].

            Ainda seguindo esse autor, em seu processo histórico apresenta três eixos fundamentais: Capoeira Desportiva. Capoeira Regional e Capoeira Angola.  

            Capoeira, em termos esportivos, refere-se a

“... um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, agogô e reco-reco). Enfocado em sua origem como dança-luta acabou gerando desdobramentos e possibilidades de emprego como: ginásticas, dança, esporte, arte marcial, folclore, recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica”. (VIEIRA, 2005, p. 39-40).

 

 

CAPOEIRA: ANGOLA OU REGIONAL?

 

            Sobre o nome Capoeira, é Francisco Pereira da Silva[6] quem nos informa:

"Sempre se teve em consideração que este jogo de destreza corporal se constituía na arma com que os escravos fugidos se defendiam contra os seus naturais perseguidores, os escravocratas, representados na figura famigerada do capitão-do-mato. A luta geralmente se travava no mato, onde os pretos se homiziavam. Que tipo de mato era esse? A capoeira (vernaculização do tupi-guarani caá-puêra: caá = mato, puêra = que já foi). Assim, tem-se por melhor definição aquela (...) que vem no Dialeto Caipira de Amadeu Amaral: 'Capuêra, s. f. – mato que nasceu em lugar de outro derrubado ou queimado.

“Desta sorte, capoeira (forma culta de capuêra, mato), arena das primeiras escaramuças dos escravos rebeldes, teria sido o termo adotado para denominar a luta física nacional: a capoeira.

"Acontece, porém, que se trata de uma palavra de acepções numerosas, e por uma delas se designa um tipo de cesto ou gaiola de uso na guarda e transporte de galináceos. Dizem que os escravos conduziam capoeiras de galinhas ao mercado, e enquanto não se abriam às portas aos mercantes ficavam os crioulos a se distraírem no pátio exercitando o corpo no ‘brinquedo’ terrível que havia de se tornar tão famoso. Isto acontecia no Rio de Janeiro, e o filólogo Antenor Nascentes é de opinião que, por efeito metonímico, o nome do tal balaio passou a designar também o jogo atlético e o indivíduo que o pratica. Temos, assim: capoeira = capoeirista, o lutador; e capoeira = a luta, o jogo de agilidade corporal. Por capoeiragem devemos entender: o ato de jogar a capoeira.”. 

 

            Para REIS (2005)[7] foram nos anos 30 e 40 deste século, em Salvador, que  se abriram as primeiras "academias" com licença oficial para o ensino da capoeira como uma prática esportiva. Destacando-se dois mestres baianos negros e originários das camadas pobres da cidade, Bimba e Pastinha.

            Mestre Bimba, criador da capoeira Regional Baiana, não verá nenhum inconveniente em "mestiçar" essa luta, incorporando à mesma movimentos de lutas ocidentais e orientais (tais como Box, catch, savate, jiu-jitsu e luta greco-romana).

            Por outro lado Pastinha, contemporâneo de Bimba e igualmente empenhado na legitimação dessa prática, reagindo àquela "mestiçagem" da capoeira, afirmando a "pureza africana" da luta, difundindo o estilo da capoeira Angola e procurando distingui-lo da Regional.

            Para essa autora, Bimba e Pastinha elaboraram, através da capoeira, estratégias simbólicas e políticas diferenciadas que visavam, em última instância, ampliar o espaço político dos negros na sociedade brasileira e propõem dois caminhos possíveis para a inserção social dos negros naquele momento histórico:

 

“A capoeira "mestiça" representada pela capoeira Regional. Embora incorpore elementos de lutas ocidentais, a capoeira Regional guarda elementos que reafirmam a identidade étnica negra nas músicas, nos toques do berimbau e nos próprios movimentos que, conforme depoimento de mestre Bimba, são provenientes também do batuque e do maculelê (Rego, 1968:33)[[8]]. Assim, a capoeira Regional, ao colocar em contato sistemas de valores distintos e, portanto, construções corporais distintas (os movimentos corporais brancos e os negros), opera uma mediação, criando um campo simbólico ambíguo e ambivalente.

“a) A capoeira Regional seria uma afirmação de identidade que é mais ampla que a da capoeira Angola pois afirma não a existência do negro excluído da sociedade branca mas sua presença enquanto parte da sociedade brasileira e, finalmente, enquanto símbolo da nação como um todo.

“b) tem no ecletismo de que faz prova (por exemplo, a incorporação de elementos de outras formas de luta e a nova racionalidade na maximização dos efeitos dos golpes) um elemento de dinamismo que permite a construção de uma nova presença negra no cenário nacional.

“c) tem um preço a pagar por tudo isso, no plano político, que significa renunciar à afirmação de uma diferença na "identidade negra".

 

“A capoeira Angola, em contrapartida:

“a) a capoeira “pura”, como forma inequívoca de afirmação da identidade étnica. A capoeira Angola, em sua própria designação, reafirma peremptoriamente sua origem étnica e, ao "conservar" a construção corporal negra, demarca uma forma culturalmente distinta de jogar capoeira.

“b)existindo como resistência no momento de inclusão do negro na sociedade brasileira, só é revalorizada como reafirmação dessa mesma resistência em função da recuperação de uma "identidade negra" específica no cenário nacional, no bojo da construção política (contemporânea) de uma "consciência negra".

“c) essa construção só se torna possível a partir de uma postura "conservadora", que reinventa a tradição e só se mantém com a recuperação simultânea dos outros elementos que, no plano simbólico, organizam essa "visão de mundo negra" (como por exemplo, a afirmação da origem africana da capoeira a partir do ritual de iniciação denominado dança da zebra ou "N'Golo")[9]. (In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005. Grifos meus).

 

CAPEIRA ANGOLA[10]

            Não se sabe com certeza a origem da Capoeira Angola; alguns Mestres acreditam ter vindo da África, outros afirmam ter sido criada no Brasil pelos escravos africanos em ânsia de liberdade.

            Acredita-se que seja esta a origem, pois ainda não se conseguiu encontrar nada que levasse a crer que a Capoeira Angola fosse africana, apesar de saber-se que em África existia o "Jogo de zebra", ou “N'Golo” que era praticado com bastante violência, fazia parte de um ritual onde os negros lutavam num pequeno recinto e os vencedores tinham como prêmio as meninas da tribo, que ficavam moças. Ainda hoje, existe um ritual semelhante em Katagun, na Nigéria.

            Os negros vindos para o Brasil eram, em sua maioria, de Angola. Diziam-nos ser mais ágeis por terem estatura mediana e por isto tinham mais aproveitamento no trabalho e no jogo da Capoeira.

            O nome "CAPOEIRA" deu-se pelo motivo dos escravos ao fugirem para as matas. Os senhores mandavam os capitães-do-mato buscarem os escravos, que os atacavam com pés, mãos e cabeça, dando-lhes surras ou até mesmo matando-os, porém os que sobreviviam voltavam para os seus patrões indignados. Então os Senhores perguntavam:

-"Cadê os negros?" e a resposta era: - Nos pegaram na Capoeira", referindo-se ao local onde formam vencidos.

            A Capoeira no meio das matas era praticada como luta mortal, já nas fazendas ela era praticada como brinquedo inofensivo, pois ela estava sendo feita por baixo dos olhos dos Senhores de Engenho e dos Capitães-do-mato; e naquele momento se transformou em dança, pois ela precisava sobreviver, uma luta de resistência.

            O nome Capoeira Angola surgiu quando o Senhor de Engenho flagrava os negros jogando, ele dizia: -"Os negros estão brincando de Angola". Movimentos muito raros nas fazendas. Com as fugas em massa das fazendas, a Capoeira se afirmava como arma de defesa no meio das grandes matas, onde se situavam os Quilombos. (http://www.capoeira.esp.br)

            Hoje quando se fala de Capoeira Angola, se fala na Capoeira de Mestre Pastinha [11]. Antes de abrir sua escola, a Capoeira não tinha uniformização e nem um método de ensino. As pessoas aprendiam de oitiva. As roupas usadas eram de cor branca ou roupas comuns, alguns até descalço e outros calçados. Na escola de Mestre Pastinha, tinha um padrão, que era o uniforme preto e amarelo[12] e calçado; tinha as suas "Chamadas", as quais ele aprendera com seu mestre, um africano. Tentou manter os fundamentos da Capoeira que ele aprendeu
com seu mestre, um africano.


CAPOEIRA REGIONAL ou TRADICIONAL [13]

            O que caracterizava a Capoeira Regional, é a sua "Seqüência de Ensino"; esta seqüência é uma série de exercícios físicos completos e organizados em um número de lições práticas e eficientes a fim de que o principiante em Capoeira, dentro do menor espaço de tempo possível se convença do valor da luta, como um sistema de ataque e defesa. A seqüência é para o capoeirista o seu ABC. Ela veio contribuir de maneira definitiva para o aprendizado da Capoeira (in http://www.capoeira.esp.br/).

            Mestre Bimba [14] foi o sistematizador (criador) da Capoeira denominada de “Regional”. Sua maior contribuição foi a criação de um método de ensino, coisa que até então não existia.   "O capoeirista aprendia de oitava", dizia o Mestre. Inicia-se na Capoeira aos 12 anos de idade, na Estrada das Boiadas, hoje bairro da Liberdade, em Salvador, com Mestre Bentinho, Capitão da Cia. de Navegação Bahiana. Nesse tempo, a Capoeira era bastante perseguida e Bimba contava:

"... Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas fui um pouco de tudo. A polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só, que um dos castigos que davam a capoeiristas, que fossem presos brigando, era amarrar um dos punhos num rabo de cavalo e outro em cavalo paralelo. Os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em velocidade pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia".(in http://www.capoeira.esp.br/).

 

A essa altura, Bimba começou a sentir que a "Capoeira Angola", que ele praticava e ensinou por um bom tempo, tinha se modificado, degenerou-se e passou a servir de "prato do dia" para "pseudocapoeiristas", que a utilizavam unicamente para exibições em praças e, por possuir um número reduzido de golpes, deixava muito a desejar, em termos de luta. Aproveitou-se então do "Batuque" [15] e da "Angola" e criou o que ele chamou de "Capoeira Regional", uma luta baiana. Possuidor de grande inteligência, exímio praticante da "Capoeira Angola" e muito íntimo dos golpes do "Batuque", intimidade esta adquirida com seu pai, um mestre nesse esporte, foi fácil para Bimba, com seu gênio criativo, "descobrir a Regional". (in http://www.capoeira.esp.br/).

Para Reis (2005), a partir de então se observa uma crescente “baianização” da capoeira brasileira que produzirá a “impureza” das capoeiras de outros lugares, particularmente  daquela praticada no Rio de Janeiro. Para Reis,

“... não é possível discutir os motivos da migração do centro hegemônico da capoeira do Rio de Janeiro para a Bahia dos anos 30. De qualquer forma, importa destacar que, se a intelectualidade carioca de princípios do século XX tinha um projeto nacional para a capoeira, será a capoeira popular dos mestres de capoeira baianos que vingará e conformará a esportização da capoeira em todo o país.” 

 

A “CARIOCA”

 

            Seria a “Carioca” uma briga-de-rua – capoeiragem – no sentido apresentado por Lacé Lopes?

            De acordo com REIS (2005)[16]:

“No século XIX, os três principais centros históricos da capoeira eram as cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Destas, destacava-se a capoeira carioca em virtude da presença massiva e organizada das maltas de capoeiras, as quais distribuíam-se por todas as freguesias da Corte.” (grifos meus)

 

            Mas, em Turiaçú, no ano de 1884, é proclamada uma Lei – de no. 1.341, de 17 de maio [17] – em que constava:

“Artigo 42 – é proibido o brinquedo denominado Jogo Capoeira ou Carioca. Multa de 5$000 aos contraventores e se reincidente o dobro e 4 dias de prisão”. (Grifos nossos)

           

            Ainda, Mestre Mizinho[18], natural de Cururupu, informa que naquela cidade também se praticava uma luta, semelhante a Capoeira, a que denominavam “carioca”:

Quando de uma apresentação em Cururupu, alguns anos atrás, um senhor já de uma certa idade aproximou-se do grupo e falou-me que praticava aquela luta, em sua juventude, mas o nome era outro, era ‘carioca’.”.

            Mais recentemente – fevereiro de 2005 -, Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira[19] informa que seu avô, falecido aos 92 anos, estivador do Porto de São Luís – Cais da Sagração, Portinho, Rampa Campos Melo – sempre se referia á “capoeira” como “carioca”, luta praticada em sua juventude ...

            Mestre Diniz lembra que “ali, na rampa Campos Melo, quando eu era garoto, meu pai ia comprar na cidade e eu ficava no barco. Eu via de lá os estivadores jogando capoeira”[20].

Mas a Capoeira aparece registrada em Maranhão desde o princípio do século XIX. Domingos VIEIRA FILHO (1971)[21], ao traçar a história da Rua dos Apicuns dá-nos notícias de ser local freqüentado por "bandos de escravos em algazarra infernal que perturbava o sossego público", os quais, ao abrigo dos arvoredos, reproduziam certos folguedos típicos de sua terra natural:

"A esse respeito em 1855 (sic) um morador das imediações do Apicum da Quinta reclamava pelas colunas do 'Eco do Norte" [22] contra a folgança dos negros que, dizia, 'ali fazem certas brincadeiras ao costume de suas nações, concorrendo igualmente para semelhante fim todos pretos que podem escapar ao serviço doméstico de seus senhores, de maneira tal que com este entretenimento faltam ao seu dever...' (ed. de 6 de junho de 1835, S. Luís." (VIEIRA FILHO, 1971, p. 36).

 

Mas desde 1829 registram-se certas atividades lúdicas dos negros [23]. Nesse ano é publicado no jornal “A Estrela do Norte” [24] a seguinte reclamação de um morador da cidade:

“Há muito tempo a esta parte tenho notado um novo costume no Maranhão; propriamente novo não é, porém em alguma coisa disso; é um certo Batuque que, nas tardes de Domingo, há ali pelas ruas, e é infalível no largo da Sé, defronte do palácio do Sr. Presidente; estes batuques não são novos porque os havia, há muito, nas fábricas de arroz, roça, etc.; porém é novo o uso d’elles no centro da cidade; indaguem isto: um batuque de oitenta a cem pretos, encaxaçados, póde recrear alguém ? um batuque de danças deshonestas pode ser útil a alguém ? “.

 

Josué Montello, em seu romance “Os Degraus do Paraíso”[25], em que trata da vida social e dos costumes de São Luiz do Maranhão, na passagem do século XIX para o século XX, fala-nos de prática da capoeira no ano de 1863, conforme relato de Mestre Eli Pimenta[26]:

“ ... encontrei uma passagem interessante que fala da Capoeira naquela cidade e naquela época. O autor fala da inauguração da iluminação pública de São Luiz com lampiões de gás, ocorrida em 1863, e comenta as modificações na vida da cidade com a ruas mais claras durante a noite: "Ninguém mais se queixou de ter caído numa vala por falta de luz. Nem recebeu o golpe de um capoeira na escuridão. Os antigos archotes, com que os caminhantes noturnos iluminavam seus passos arriscados, não mais luziram no abandono das ruas."

            Mestre Eli Pimenta, em seu artigo, ainda comenta que essa alusão à Capoeira encontrada em  Os degraus do Paraíso  nos passa a idéia de que capoeiristas perambulavam pelas ruas de São Luiz  na primeira metade do século XIX, e não deixa de ser uma pista promissora de pesquisa para aqueles que querem descobrir a origem da Capoeira  no Brasil.

O que é confirmado por VIEIRA FILHO (1971) quando relata que no famoso Canto-Pequeno, situado na rua Afonso Pena, esquina com José Augusto Correia, era local preferido dos negros de canga ou de ganho em dias de semana, com suas rodilhas caprichosamente feitas, falastrões e ruidosos. Afirma esse autor  que ali, alguns domingos antes do carnaval, costumavam um magote de pretos se reunir em atordoada medonha, a ponto de, em 1863, um assinante do "Publicador Maranhense" reclamar a atenção das autoridades para esse fato.

MARTINS (1989)[27] aceita a capoeira como o primeiro “esporte” praticado em Maranhão tendo encontrado referência à sua prática com cunho competitivo por volta de 1877. Considera que tenha sido praticada antes, trazida pelos escravos bandu-angoleses. Fugitivos, os negros a utilizavam como meio de defesa, exercitando-se na prática da capoeira para apurarem a forma física, ganhando agilidade.

"JOGO DA CAPOEIRA

"Tem sido visto, por noites sucessivas, um grupo que, no canto escuro da rua das Hortas sair para o largo da cadeia, se entretém em experiências de força, quem melhor dá cabeçada, e de mais fortes músculos, acompanhando sua inocente brincadeira de vozarios e bonitos nomes que o tornam recomendável à ação dos encarregados do cumprimento da disposição legal, que proíbe o incômodo dos moradores e transeuntes". (MARTINS, 1989, p. 179) 

 

            Outro escritor maranhense, Artur Azevedo, refere-se a Capoeira, em uma de suas obras, embora o fato não se passe em São Luís do Maranhão. Na opereta "O Barão de Pituaçu", narra a conversa de um capoeira:

 

“JOSÉ - Não é partido político, não sinhô. Como político, eu sou republicano. É partido de capoeirage. Eu sou guaiamu.

“BERMUDES - Tu é o quê, moleque do diabo?

“JOSÉ - Guaiamu, legítimo guaiamu, de princípios. Esse partido é a facção mais adiantada da flor da gente. Quando houver rolo, hei de convidar o Sinhô Bermudes.

“BERMUDES - Apois.

“JOSÉ. - Verá como eu sei entrar bonito. (Fazendo uns passes de capoeira.)

“BERMUDES - Pra lá, moleque!” (Azevedo, Artur. O Barão de Pituaçu. Opereta em quatro atos, 1887, in CAVALHEIRO, 2005.) [28]

           

NASCIMENTO DE MORAES, em uma crônica que retrata os costumes e ambientes de São Luís em fins do século XIX e início do XX, publicada em 1915, utiliza o termo capoeiragem:

“A polícia é mal vista por lá, a cabroiera dos outros também não é bem recebida e, assim, quando menos se espera, por causa de uma raparigota qualquer, que se faceira e requebra com indivíduo estranho ali, o rolo fecha, a capoeiragem se desenfreia e quem puder que se salve”. (2000, p. 95, citado por MARTINS, 2005, p. 29)[29].

 

            MARTINS (2005) transcreve outro trecho da obra de Nascimento de Moraes, em que é mostrada com riqueza de detalhes uma briga, identificada como sendo a capoeira:

“Ninguém melhor do que ele vibrava a cabeça, passava a rasteira. Armado de um ‘lenço’ roliço e pesado, espalhava-se com destreza irresistível, como se as suas juntas fossem molas de aço. Força não tinha, mas sabia fugir-se numa escorregadela dos pulsos rijos que avidamente o tentassem segurar no rolo. Torcia-se e retorcia-se, pulava, avançava num salto, recuava ligeiro noutro, dava de braço e pés para a direita e para a esquerda, aparando no ‘lenço’ as pauladas da cabroiera, que o tinha à conta dos curados por feiticeiros de todos os males. Atribuíam-lhe outros, a superioridade na luta, a  certos sinais simbólicos feitos em ambos os braços, sinais que Aranha, muito de indústria, escondia ao exame dos curiosos, o que lhe aumentava o valor”. (MARTINS, 2005, p. 29) 23.

           

            Para o Mestre Mirinho[30] – Casimiro José Salgado Corrêa - a origem da capoeira no Maranhão se deu com o finado Roberval Serejo, quando fundou o grupo “Bantos”, em época remota. Este grupo praticava a capoeira na antiga Guarda Municipal, no Parque Veneza.

            Mestre Patinho relata o aparecimento desse grupo:

... bem aqui na Quinta, bem no SIOGE. Década de 60 era um grande reduto da capoeira principalmente na São Pantaleão, onde nasci.

Pois bem, um amigo que tinha recém chegado do Rio de Janeiro, Jessé Lobão, que treinou com Djalma Bandeira na década de 60; Babalú, um apaixonado pela capoeira; outro amigo que era marinheiro da marinha de Guerra, também aprendeu com o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo; juntamos Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio e eu formamos a primeira academia de capoeira, Bantú, e estava sem perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre Catumbi, preto alto descendente de escravo. Firmino foi ao Rio e aprendeu a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando.” (Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira)[31].

 

            Mestre Firmino Diniz – nascido em 1929 – que é considerado o mestre  mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira  na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo, apelido vindo de seu trabalho de vendedor dessa iguaria, que costuma tocar berimbau na “venda” de propriedade de sua mãe, localizada no bairro do Tirirical. Viu, algumas vezes, brigas desse capoeirista com policiais. (SOUZA, 2002, citado por MARTINS, 2005, p. 30)[32].

Mestre Diniz teve suas primeiras lições no Rio de Janeiro com “Catumbi”, um capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís. (MARTINS, 2005, p. 31)27.  Sapo chegou a freqüentar as rodas de capoeira de Mestre Diniz, assim também como jogava na academia Bantú, de Roberval Serejo.

            Antônio José da Conceição Ramos - na capoeira, Mestre Patinho -, tem como seu grande Mestre, o Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues. Conta que, aos nove anos, franzino, procurava uma atividade que lhe desse força nos braços e pernas e que, ao observar um vizinho (Jessé Lobão) fazendo exercícios de capoeira, apaixona-se pela atividade e passa a observar seus movimentos e a imitá-los, aprendendo sozinho os vários golpes e movimentos. Depois de algum tempo, passa a ter aulas com ele. Mais tarde teve outro mestre – Roberval Serejo -, com quem treinou por dois anos. Foi quando assistiu à demonstração dos baianos, no Palácio dos Leões ... no ano seguinte, quando Sapo se estabeleceu no Maranhão, Patinho estava entre seus primeiros alunos...[33]

            Roberval Serejo aparece no Maranhão por volta dos anos 60 do século passado; era escafandrista da Marinha[34], tendo aprendido capoeira no Rio de Janeiro - quando lá servia -, com o Mestre Arthur Emídio, um baiano de Itabuna,  considerado referência na história da capoeira:

“Segundo ‘Seu’ Gouveia [José Anunciação Gouveia] esse pequeno grupo [de capoeira, liderado por Roberval Serejo], não tinha um local nem horário fixo para seus treinamentos, sendo que, por volta de 1968, criou-se a primeira academia de capoeira em São Luís, denominada Bantú, quando passou a contar com vários alunos, como Babalú, Gouveia, Ubirajara, Elmo Cascavel, Alô, Jessé Lobão, Patinho e Didi”. (MARTINS, 2005, p. 31)[35].

 

            Para a maioria dos mestres capoeiras do Maranhão – ouvido de seus depoimentos -, a capoeira tem início, no estado, com a chegada de Mestre Sapo – Anselmo Barnabé Rodrigues – nos anos 60. É o que diz a lenda ...

            Diz a lenda, também, que Sapo veio a convite do então Governador do Estado – José Sarney – para ser seu guarda-costas[36].

            Mestre Patinho recorda que:

“... por volta de 62 e 63 esteve aqui em São Luís o Quarteto Aberrê com o Mestre Canjiquinha[37] e seus discípulos: Brasília, hoje Mestre Brasília, que mora em São Paulo; e o nosso querido Mestre Sapo; Vitor Careca....

“Por sorte do grupo, na Praça Deodoro, na apresentação, estava assistindo o Mestre Tacinho, que era marceneiro e trazia gaiola. Era campeão sul-americano de boxe no estilo médio ligeiro e gostava da capoeira. Vendo que o grupo tinha um total domínio da capoeira, apresentavam modalidades circenses, mas ligadas à capoeira, como navalha, faca, etc. Tacinho convidou-os para uma apresentação no Palácio do Governo, pois era motorista do Palácio. O Governador da época era Sarney, gostando muito da apresentação, convida um deles para ministrar aula de capoeira no Maranhão, pois não foi possível porque eram de menor. Anos depois, Mestre Barnabé (Mestre Sapo), Anselmo Barnabé Rodrigues, volta ao Maranhão”. (Mestre Patinho in Entrevistas).[38].

            De acordo com MARTINS (2005, p. 31), foi no ano de 1966 que Canjiquinha e seu grupo passou por São Luís, conforme notícia dos jornais da época:

“Capoeira no ginázio –

“Será, finalmente, hoje, no Ginázio Costa Rodrigues, a exibição de Canjiquinha o rei da capoeira baiana que juntamente com Brasília, Careca e Sapinho formam um discutido quarteto ...”.(Jornal Pequeno, São Luís, 16 de junho de 1966)

            O que é confirmado por REGO (1968, p. 277)[39] que lista o ano e os locais das exibições de Canjiquinha fora da Bahia, dentre elas: 1966 – Maranhão – Bacabal, no teatro de Arena Municipal; São Luís do Maranhão: Palácio do Governador; Jornal Pequeno; TV Ribamar; Residência do Prefeito da capital; Ginásio Costa Rodrigues. (citado por MARTINS, 2005,p. 33).

            Segundo depoimentos tomados por Martins (2005), Canjiquinha recebeu uma proposta de Alberto Tavares - Chefe da Casa Civil a época -, e do professor de Boxe Tacinho - motorista do Palácio -, para que deixasse um de seus alunos na cidade no intuito de implantar a capoeira na capital:

“Foi então que Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues) voltou com o grupo para Salvador para pedir autorização para seu pai, pois ainda era menor de idade (tinha 17 anos), retornando em seguida a São Luís, para ensinar capoeira.” (p. 33).

           

            Ainda de acordo com os depoimentos tomados por Martins (2005), Sapo retornou logo que completou a maioridade e foi contratado como segurança do Governador (in entrevista com Graça Maria Barbosa Rodrigues (Dona Graça), viúva de Mestre Sapo).

            O Grupo Folclórico Aberrê foi fundado por Mestre Canjiquinha[40] - Washighton Bruno da Silva[41]-, que levou a capoeira e o show folclórico por todo o Brasil. Iniciou-se na capoeira em 1935 então com 10 anos de idade, com o Mestre Raimundo Aberre. [42]

            Canjiquinha foi Contra Mestre na academia de Mestre Pastinha, mesmo não tendo sido aluno deste. Ao sair fundou, já como Mestre, a sua própria academia - em 22 de maio de 1952 -, por onde passaram grandes capoeiras, alguns dos quais hoje renomados Mestres: Brasília[43], Sapo, Vitor Careca, Manoel Pé de Bode, Antonio Diabo, Foca, Roberto Grande, Roberto Veneno, Roberto Macaco, Burro Inchado, Cristo Seco, Garrafão, Sibe, Alberto, Paulo Dedinho (conhecido hoje como Paulo dos Anjos), Madame Geni (conhecido hoje como Geni Capoeira), Olhando Pra Lua (conhecido hoje como Lua Rasta), Peixinho Mine-saia, Papagaio, Satubinha, Cabeleira, Língua de Teiú, Urso, Bola de Sal, Boemia Tropical, Salta Moita, Melhoral, Lucidío, Bico de Bule, Bando, Dodô, Salomé, Mercedes, Palio, Cigana, Urubu de Botina, entre outros.

O Grupo Aberrê, com Mestre Sapo (aos 17 anos) tocando pandeiro; no berimbau, Vítor Careca; jogando capoeira, estão Mestre Canjiquinha (de cabeça para baixo), e Mestre Brasília (Fonte: MARTINS, 2005, p. 33)

 

            Mestre Canjiquinha tinha um estilo próprio de praticar a capoeira Angola – a sua marca registrada - que passava para seus alunos - pois saia do característico jogo amarrado, lento, às vezes até monótono, para um jogo mais aberto, bonito, solto, com floreios, quedas, jogando em cima e embaixo com muita malícia e desenvoltura, sem jamais esquecer a filosofia e fundamentos da capoeira[44].

            Patinho praticava um estilo que chama de “Capoeiragem da Remanecença”, fundamentada:

“Por volta de 66 ou 67, está tendo uma roda de capoeira no Olho d´Água com o Mestre Sapo, coincidentemente estando na praia, entrei na roda, .Quando eu conheci Sapo, eu me defini no estilo Capoeiragem da Remanecença, fundamentada...

Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio, Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê”.(Mestre Patinho in Entrevistas)[45]

 

            GRUPO BANTUS

|

 

 

Roberval Serejo

(Catumbi)

Firmino Diniz

 

Patinho

(Djalma Bandeira)

Jessé Lobão

 

           

|

 

(Arthur Emídio)

Babalú

Gouveia

Ubirajara

Manuel Peitudinho

Alô

Elmo Cascavel

Didi

 

 

 

|

 

ABERRÊ

 

|

 

 

CANJIQUINHA

 

Brasília

SAPO

Vítor Careca

 

|

 

MESTRE PATINHO

|

 

Costa Rodrigues

Academia Senzala

Parque do Bom Menino

Pró-Dança

Lítero

Gladyz Brenha

Marquinhos

Tião Carvalho

Bigu

Gavião

Jacaré

Robert

 

Carlos César

Brenha

Neto

|

 

LABORARTE

|

 

Laborarte

Mandigueiros do Amanhã

Centro Matroá

Escola Criação

Maré do Chão

N´Zambi

Brinquedos de Angola

Nelsinho

Klebinho

Bamba

Marco Aurélio

Same

Serginho

Marinheiro

Nestor

Elma

Frederico

|

 

CENTRO CULTURAL MESTRE PATINHO

           

(Adaptado de Manoel Maria Pereira, 200532)

           

            A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira. Passou a ministrar aulas em uma academia de musculação, localizada na Rua Rio Branco. É também nesse ano que se dá a morte de Roberval Serejo.  Os alunos da academia Bantú passam a treinar com Mestre Sapo:

“Acredita-se que Mestre Sapo, embora muito novo passa a ser a maior referência da capoeira de São Luís, respaldado por Mestre Diniz, que era o mais experiente de todos, mas quer não tinha tempo de se dedicar ás aulas de capoeira em função de seu trabalho. No entanto, ainda continuava a promover suas rodas de capoeira”. (MARTINS, 2005, p. 36).

 

            Ainda de acordo com Martins (2005) em uma de suas viagens, no final dos anos 70, Mestre Sapo, conheceu o Mestre Zulú[46], em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. Entretanto, essa graduação não se deu de forma comum, ou seja, através de um Mestre para o seu discípulo, e sim através de cursos e exames para avaliar os seus conhecimentos. A partir de então, Mestre Sapo implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordas ou cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Mestre Pelé de Salvador[47]:

“Conforme depoimento de Diógenes Ferreira Magalhães de Almeida, Mestre Didi, Sapo, certa vez, contou que foi iniciado na capoeira pelo Mestre Pelé de Salvador. A esse respeito, o Mestre Alberto, através de uma conversa com o Mestre Pelé no ano de 2004, afirmou que este último, de fato, foi o primeiro Mestre de Mestre Sapo”.(MARTINS, 2005, depoimentos).

            Mestre Sapo morreu em 1982. Mereceu, do Professor Laércio Elias Pereira, um “Tributo ao Mestre Sapo”, em que é traçada, poeticamente, sua história de vida:

Era um dos ‘capitães da areia’ das histórias que Jorge Amado contou sobre os meninos que vivem nas praias de Salvador, deslocando um bico ou uma carteira, aqui e ali. Vivem é muito otimismo; sobrevivem à margem da sociedade dando e pedindo esmola, como cantou um outro baiano, Moraes Moreira.

“ Daí até chegar à capoeira pra turista foi fácil, que a Capoeira era parte de seu dia-a-dia. Já tinha até arranjado um lugar de destaque junto a Mestre Canjiquinha, que fazia apresentações em bares e boates da Bahia de Todos os Santos. Com Canjiquinha apareceu na maioria dos filmes feitos sobre a Bahia pela Atlântica e se orgulhava de ter filmado com Anselmo Duarte.

“ Convidado, Canjiquinha fez uma excursão pelo Nordeste, e, no Maranhão, o garoto Sapo foi convidado para ficar. Era bom de luta e a política local precisava de guarda-costas. Foi a primeira investida da máquina, desta vez a política. Com a facilidade de manejar armas pela nova profissão Mestre Sapo teria aí uma de suas paixões: sempre tinha um trintaeoito ou uma bereta pra ‘botar no prego’ e recuperar quando aparecesse algum, pois a convivência com políticos não tinha deixado nada que o ajudasse no leite das crianças, a não ser o estudo, com que ele deu um rabo-de-arraias nas poucas letras trazidas de Salvador. Estudou muito. Até o cursinho, e se foi sem ter conseguido superar o vestibular que a Universidade teima em manter na área médica, pra Educação Física. Mas era professor de Educação Física: Professor Anselmo. Anselmo ??? Que nada! Mestre Sapo. Era a segunda investida da máquina: a administrativa. A modernização da pobreza também tenta tirar a originalidade das pessoas. Como Sapo não seria aceito; só como Anselmo. Essa parada contra a máquina ele ganhou: nunca deixou de ser Mestre Sapo.

“ Crescendo em Capoeira e fama ele agora sai nos livros: a ramificação da Capoeira no Maranhão, contada por Waldeloir Rego em ‘Capoeira Angola’ é Mestre Sapo. Ah! E como juiz nacional da nova ‘Ginástica Brasileira’ a sua capoeira que ele brigou tanto pra não virar ginástica olímpica.

“ Ia se aperfeiçoar e o sonho de fazer Educação Física ia ficando cada vez mais sonho. Mas tinha orgulho de sua forma física: ‘Fique calmo!’, ‘Olha o bíceps!’.

“ Ele gostava de domingo. Um dia malemolente pra se tomar cana e brigar. Brigar com os companheiros de briga. E foi num domingo, domingo de cachaça e briga, que ele recebeu a terceira e definitiva investida da máquina: o automóvel, que mostrava a ‘mais vaia’ de sua capacidade de competição contra os músculos do Homem. Os músculos bem treinados de Mestre Sapo nada puderam contra a máquina forte e estúpida, medida em cavalos. Mais de cincoenta. Uma máquina movida por um companheiro de profissão, um amigo, pra combinar com o domingo, com a briga e a cachaça. Jamais seria um desconhecido dirigindo a máquina da morte. Sapo era amigo de todo mundo”. (in PEREIRA, Laércio Elias. Tributo ao mestre Sapo. São Luís, DESPORTO E LAZER, n. VII, ano II, maio/junho e julho de 1982, p. 17)

                      Mestre Sapo dava orientações aos competidores, dentre eles, podemos

                      identificar Mestre Curador (de camisa listrada).  


 

DIÁLOGO DE CORPOS[48]

            Traduzindo a capoeira angola como sendo um estilo que carrega uma práxis e um discurso ético que defende a não violência, eles ensinam que o capoeirista não deve aplicar seus conhecimentos para subjugar o oponente, mas para realizar um diálogo de corpo.

            E foi com base nessa práxis que no ano de 2000 foi criada a “Orquestra de Capoeira Angola Mestre Patinho”, constituído por 33 jovens músicos capoeiristas com a finalidade de resgatar a musicalidade da capoeira, relacionando-a com as demais manifestações de cultura negra no Maranhão.

            O repertório da Orquestra é pautado na execução, com berimbaus e caxixis, de alguns como tambor de crioula, bumba-meu-boi. E ele de São Simão, tambor de mina e afoxé e ainda os nove toques tradicionais da capoeira.

            Para quem não sabe, a capoeira apresenta-se como uma das mais ricas e importantes manifestações da cultura negra no Brasil, pois que sua prática envolve música, dança e luta.

 


[1] A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal – Estratégia 2005 - Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão).

[2] Aprovados em Assembléia Geral de fundação da Federação Internacional de Capoeira - FICA - ocorrida por ocasião do I Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado nos dias 03, 04, 05 e 06 de junho de 1999 na Cidade de São Paulo, SP, Brasil, revisados na Assembléia Geral Extraordinária ocorrida na Cidade de Lisboa, Portugal, em 02 de julho de 2001 e pelo II Congresso Técnico Internacional de Capoeira, realizado na Cidade de Vitória, ES, Brasil, nos dias 15, 16 e 17 de novembro de 2001.

[3] REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993).

 

[4] LACÉ LOPES, André. Capoeiragem.in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 386-388.

[5] VIEIRA, Sérgio Luiz de Souza. Capoeira. in PEREIRA DA COSTA, Lamartine (org.). ATLAS DE ESPORTES NO BRASIL. Rio de Janeiro : Shape, 2005, p. 39-40.

[6] IN http://www.capoeiradobrasil.com.br/

[7] REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993).

 

[8] Não consta da bibliografia apresentada pela Autora

[9] A autora agradece à professora Maria Lúcia Montes (Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo) por essas sugestivas idéias sobre as distintas propostas negras de participação social subjacentes às duas modalidades de capoeira.

[10] In http://www.capoeira.esp.br

[11] Vicente Ferreira Pastinha, nasceu em 05 de abril de 1889, em Salvador. Foi o maior nome da Capoeira Angola e hoje é citado como exemplo e referência da Capoeira Angola por vários escritores. Faleceu em 13 de novembro de 1981 e deu muito de si para a Capoeira, mas morreu na miséria, sem ter sequer onde morar. Enquanto viveu para a Capoeira, ele procurou manter os fundamentos da Capoeira Angola e até implantou alguns de sua própria criação. Vale dizer até que ele implantou alguns fundamentos como as "Chamadas" para o passo à dois, as composições dos instrumentos e outros. Escolhendo a Capoeira como a sua maneira de viver, praticou e ensinou a Capoeira Angola por muitos anos e fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, em Salvador/BA.

                Pastinha já foi a África mostrar a nossa Capoeira, no 1° Festival de Artes Negras no ano de 1966, com ele foram também: Mestre João Grande, Mestre Gato, Mestre Gildo Alfinete, Mestre Roberto Satanás e Camafeu de Oxossi. Divulgou a Capoeira de Angola por quase todo País. Citado nos livros do grande Jorge Amado, Mestre Pastinha apareceu sempre como uma figura carismática.

            Outros grandes amantes da Capoeira Angola foram Besouro Mangangá, Valdemar da Paixão, Totonho de Maré, Cobrinha Verde, Canjiquinha, Caiçara, Atenilo, Nagé Traíra, Pedro Mineiro, Porreta, Sete Morte, Bento Certeiro, dentre outros. (in  http://www.capoeira.esp.br).

[12] Pelo motivo do Mestre torcer pelo Ipiranga, um time de futebol da Bahia. Apesar de utilizar essas cores, ele próprio utilizava o branco.

[13] http://www.capoeira.esp.br/

[14] Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba , nascido a 23 de novembro de 1899 no bairro de Engenho Velho, freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia. Filho de Maria Martinha do Bonfim, e de Luiz Cândido Machado, grande "batuqueiro". Seu apelido, Bimba, ganhou logo ao nascer, em virtude de uma aposta feita por sua mãe e pela parteira que o "aparou". Sua mãe dizia que daria luz a uma menina; a parteira afirmava que seria um homem. Perdeu dona Maria Marinha, e o Manuel, recém-nascido, ganhou o apelido que o acompanharia para o resto da vida. Bimba é, na Bahia, um nome popular do órgão sexual masculino em crianças. (http://www.capoeira.esp.br ).

[15] Batuque - A luta braba, com quedas, com o qual o sujeito jogava o outro no chão.

[16] REIS, Letícia Vidor de Sousa. Capoeira, Corpo e História. In JORNAL DA CAPOEIRA, disponível em www.capoeira.jex.com.br, capturado em 14 de abril de 2005, artigo com base na dissertação de mestrado "Negros e brancos no jogo de capoeira: a reinvenção da tradição" (Reis, 1993).

[17] CÓDIGO DE POSTURAS DE TURIAÇU, Lei 1342, de 17 de maio de 1884. Arquivo Público do Maranhão, vol. 1884-85, p. 124.

[18] Alcemir Ferreira Araújo Filho, em conversa com o Autor, em Barreirinhas, em 2002, com a participação de Mestre Índio do Brasil e Mestre Baé, durante os Jogos Escolares do Município de Barreirinhas, quando se comentava sobre a história da Capoeira no Maranhão.

[19] Informação prestada por Dilvan de Jesus Fonseca Oliveira, aluno do Curso de Educação Física da UEMA, participante da pesquisa sobre os Mestres Capoeira no Maranhão, quando de aula sobre a história do esporte no Maranhão naquele curso, ministrada pelo Autor.

[20] Em entrevista concedida a SOUZA, Augusto Cássio Viana de. A capoeira em São Luís.: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. São Luís : UFMA, 2002. Monografia de graduação em História, p. 44, citado por MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005.

[21] VIEIRA FILHO, Domingos. BREVE HISTÓRIA DAS RUAS E PRAÇAS DE SÃO LUÍS. 2a. ed. rev. E aum. São  Luís :  (s.e.),  1971.

[22] ECCHO DO NORTE – jornal fundado em 02 de julho de 1834,  e dirigido por João Francisco Lisboa, um dos líderes do Partido Liberal. Impresso na Typographia de Abranches & Lisboa, em oitavo, forma de livro, com 12 páginas cada número. Sobreviveu até 1836.

[23] VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dantas Brito. A introdução do esporte (moderno) em Maranhão. In CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES, LAZER E DANÇA, VIII, Ponta Grossa - Pr, 14 a 17 de novembro de 2002. Coletâneas ... Ponta Grossa : UEPG, 2002. Publicado em CD-ROOM.

[24] ESTRELLA DO NORTE DO BRASIL, n. 6, 08 de agosto de 1829, p. 46

[25] MONTELO, Josué. OS DEGRAUS DO PARAÍSO. Rio de Janeiro : Martins Fontes, 1965

[26] PIMENTA, Eli. Capoeira em São Luiz do Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, acessado em 26 de abril de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

[27] MARTINS, Dejard. ESPORTES: UM MERGULHO NO TEMPO.  São Luís : (s.n.), 1989.

[28] CAVALHEIRO, Carlos Carvalho. Notas para a História da Capoeira em Sorocaba (1850 - 1930). In JORNAL DO CAPOEIRA, edição 32, 30 de maio a 05 de junho de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br

[29] In NASCIMENTO DE MORAES. Vencidos e Degenerados. 4 ed.São Luís : Cento Cultural nascimento de Moraes, 2000, citado por MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005.

[30] MESTRE DA CAPOEIRA NO MARANHÃO – em entrevista concedida a Hermílio Armando Viana Nina, aluno do Curso de Educação Física da UEMA, em fevereiro de 2005. Anexos.

[31] Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “Mestres de Capoeira do Maranhão”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005

[32] SOUZA, Augusto Cássio Viana de. A capoeira em São Luís.]: dinâmica e expansão no século XX dos anos 60 aos dias atuais. São Luís : UFMA, 2002. Monografia de graduação em História, citado por

MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005.

[33] In RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes

[34] Roberval Serejo morreu em 1970, enquanto mergulhava a trabalho na construção do Porto do Itaqui.

[35] MARTINS, Nelson Brito. UMA ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE MESTRE SAPO PARA A CAPOEIRA EM SÃO LUÍS. São Luís : UFMA, 2005. Monografia de Graduação em Educação Física (Licenciatura), defendida em abril de 2005.

[36] Em 1965, um quarteto baiano denominado Aberrê fez uma demonstração de  Capoeira no Palácio dos Leões – sede do governo estadual -, trazidos que foram pelo então governador José Sarney – que precisava de um guarda-costas. Desse grupo participavam Anselmo Barnabé Rodrigues – Mestre Sapo -,  o lendário Mestre Canjiquinha, Vítor Careca, e Brasília. Após essa apresentação, receberam convite para permanecer no Estado, para ensinar essa arte marcial brasileira. Em 1966, Mestre Sapo – incentivado por Alberto Tavares, aceita o convite e passa a fazer parte do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação – DEFER -, onde trabalha até sua morte, em 1982. in RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes

[37] O Mestre Canjiquinha levou a capoeira e o show folclórico por todo o Brasil, foi ele que induziu Maculelê nas academias de capoeira, fundou o Grupo Folclórico Aberrê. Participou de diversos filmes nacionais entre eles: O Pagador de Promessas, Capitães de Areis, Terra em Transe, A Grande Feira, O Cangaceiro, Senhor dos Navegantes, Deus e o Diabo na Terra do Sol. Participou também de fotonovela (sétimo céu). M 1963 foi premiado no festival de Cannes com a Palma de Ouro, além da capoeira foi cantor de Orquestra e goleiro do Esporte Clube Ipiranga. In http://www.zambiacongo.com.br/jornal.htm#2

[38] Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “Mestres de Capoeira do Maranhão”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005.

[39] REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico. Salvador :Itapuã, 1968

[40] Recebeu esse apelido porque gostava de cantar a música “Canjiquinha Quente”, um dos sucessos da cantora Carmem Miranda.

[41] nascido em 25 de Setembro de 1925 Salvador-Ba. Faleceu em 08 de Novembro de 1994.

[42] Bayer Notícias em maio de 1994, transcrito por Mestre Geni in  www.zambiacongo.com.br/jornal.htm#2

[43] Mestre Brasília: Antônio Cardoso Andrade, mestre Brasília, é também um dos pioneiros da Capoeira paulista. Aprendeu com mestre Canjiquinha, de quem foi amigo dedicado. Veio para São Paulo, gostou, acabou ficando. Praticava capoeira na antiga CMTC, com mestre Melo, e na academia do mestre Zé de Freitas, no Brás. Conheceu então mestre Suassuna, e juntos fundaram uma academia, a "Cordão de Ouro", que viria a se tornar no pólo principal da Capoeira paulista. Joga com extrema elegância e habilidade. Mantém academia e casa de espetáculos em São Paulo. É vice-presidente cultural da Federação de Capoeira do Estado de São Paulo, entidade filiada à Confederação Brasileira de Capoeira e à Federação Internacional de Capoeira, e membro do Conselho Superior de Mestres da CBC - seção São Paulo.in http://www.capoeiramalungo.hpg.ig.com.br/mestrebrasilia.HTM

 

[44] Mestre Geni in  www.zambiacongo.com.br/jornal.htm#2

[45] Antonio José da Conceição Ramos – Mestre Patinho – em entrevista concedida a Manoel Maria Pereira in “Mestres de Capoeira do Maranhão”, trabalho de pesquisa apresentado a disciplina História da Educação Física e Esportes, do Curso de Educação Física da UEMA, turma C-2005.

[46] Professor da Fundação Educacional; Professor Aposentado do Ministério da Educação; Professor do Curso de Pós Graduação Capoeira na Escola da Faculdade de Educação Física da UnB, (97/98); Químico; Pós-Graduado em Didática e em Metodologia do Ensino Superior; Autodidata, Pesquisador e Mestre de Capoeira; Introdutor da Capoeira na Rede Oficial de Ensino; Fundador do Centro Ideário de Capoeira; Formulador do Ideário de Capoeira e Idealizador da Vertente de Capoeira Arte-Luta; Autor de 19 Trabalhos Publicados; Técnico da Seleção Escolar de Capoeira de abr/85 a dez/90; Coordenador do CID Ideário; Idealizador e Promotor da Grande Roda Brasileira de Capoeira por 19 anos. In http://www.capoeiramalungo.hpg.ig.com.br/mestrezulu.HTM

[47] Natalício Neves da Silva, o mestre Pelé, nasceu em 1934. É do tempo em que se jogava capoeira nos finais de feira e nos dias de festa. Também fez parte de uma geração dividida entre a marginalizada capoeira de rua à institucionalizada capoeira nas academias. Conheceu a capoeira aos 12 anos de idade, quando ia às feiras e às festas populares do recôncavo baiano. . Era o povo que dava para o capoeirista o título de mestre, que disputava o título ali no jogo, jogo duro", lembra. O aprendizado da maioria dos capoeiristas dessa época era mesmo nas grandes rodas na rampa do Mercado Modelo e nas chamadas festas de largo, que começavam na festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia - coração da cidade baixa, próxima ao elevador Lacerda — no dia 1º de dezembro e se prolongavam até o dia 8 do mesmo mês. Depois, vinha a festa de Santa Luzia, freqüentada pelos estivadores (trabalhadores do cais do porto), muitos deles, capoeiristas. Foi Bugalho, carregador de embarcações que, nas horas de descanso e nas noites de lua-cheia, ensinou o menino Natalício a gingar nas areia da praia da Preguiça. Além das rodas da Liberdade nas tardes de domingo, em que o guarda civil Zacarias Boa Morte "tomava conta", Pelé mostrava sua arte nas rodas de Valdemar da Liberdade, num galpão de palha de dendê, cercado de bambu. Durante 25 anos Pelé deu aulas de capoeira e, também, no V Batalhão da Policia Militar. Além dessas atividades, mestre Pelé participou, ao mesmo tempo, de importantes grupos folclóricos da Bahia como o Viva Bahia. Fez apresentações com o grupo de mestre Canjiquinha, no Belvedere da Praça da Sé, shows para turistas, onde mostrava a capoeira, o maculelê, a puxada de rede e o samba de roda. In  http://www.capoeiramalungo.hpg.ig.com.br/mestres.htm

 

[48] In  Mayara Mendes de Azevedo – Entrevistas com os Mestres Bamba, Bolinho, e Aziz, na introdução do “Trabalho sobre Capoeira e suas origens no Maranhão”, apresentado á disciplina História do Esportes, ministrada pelo Prof. Leopoldo Gil Dulcio Vaz, do Curso Seqüencial de Educação Física da UEMA,  fevereiro de 2005, Entrevistas.

 

 

Por Isabela da C. Cândido Salles
em 25 de Janeiro de 2014 às 00:25.

Acho excelente a iniciativa de ressaltar a capoeira, mostra que ela é uma grande manifestação tradicional que deve ser sempre lembrada.

A capoeira foi deixada de lado nas escolas, contudo " Dayrell (1999) nos mostra que a escola é vista como uma instituição que deveria garantir o acesso a conhecimentos sociais acumulados e as diversas formas de cultura. Entre elas se encontra a cultura afro-brasileira e mais especificamente a capoeira". Porém muito desse conhecimento não é levado ao educando em virtude dessa cultura ( a capoeira) ser deixada de lado, não vinculando-a ao saberes que deveriam ser ensinados na escola.Por muitas vezes acontece até sua negação por motivos diversos. Sendo que, como afirma Daolio (2004) a negação da cultura evidencia um processo de desumanação da sociedade.

Na educação Física escolar, a capoeira assume inúmeras possibilidades de experimentação ao educando, pois o mesmo poderá ter contato com manifestações próprias da sociedade brasileira. Manifestações que estão "enraizadas" na mente de um povo , sendo ainda uma maneira de busca e afirmação da liberdade conquistada em parte (GONÇAVES JUNIOR,2009).

A capoeira na escola deve ser encarada como algo que venha a agregar valor ao processo, atualmente a capoeira vem sendo inserida dentro e fora das escolas, mas para que tal processo ocorra, é necessário que o profissional se prepare em vários aspectos, não apenas capoeiristicamente, mas buscando conhecer todo o processo pedagógico.

O professor de capoeira dentro da escola não precisa ter uma graduação de mestre para ministrar suas aulas, mas precisa ser um observador estudioso que consiga, tecnicamente correto, instruir seu alunos acerca das possibilidade de movimento que a capoeira pode proporcionar , deve explorar toda riqueza que dispõem a capoeira objetivando o desenvolvimento físico, psíquico e social, com vistas a formação integral dos alunos.

A capoeira segundo Menezes et al (2009)é estimulante do processo de desenvolvimento de capacidades físicas. O mesmo autor afirma ainda que diferentes facetas da cultura afro-brasileira são vivenciadas pelo educando na capoeira tais como: o " ... gestual, dança, rítmo, música (...)")2009,p.5).

 

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.