Cevnautas da Capoeira,

Doutorado do nosso companheiro de comunidade Jorge Felipe Fonseca Moreira http://cev.org.br/qq/jorgecoluma

   O PPGEF convida a toda comunidade acadêmica para Defesa de Tese do Dd. Jorge Felipe Fonseca Moreira intitulada "Da Navalha ao Berimbau: a malandragem no imaginário da capoeira carioca"

Banca Examinadora composta pelos professores:
Profª Drª Nilda Teves Ferreira - Orientadora
Profª Drª Monique Ribeiro de Assis - UGF
Profª Drª Yara Cerqueira de Lacerda - UGF
Profª Drª Simone Freitas Chaves- UFRJ
Prof. Dr. Roberto Saraiva Kahlmayer Mertens- UCAM

RESUMO:
Este estudo tem como objetivo explicitar a produção imaginária das relações entre a malandragem e a capoeira nos discursos de mestres e professores de capoeira, de diferentes gerações, radicados no Estado do Rio de Janeiro. Admitimos a existência de um universo simbólico subjacente ao jogo de capoeira, cujos sentidos possam ser desvelados através do estudo interdisciplinar dos imaginários sociais. Para tanto, propomos a investigação das seguintes questões: Que continuidades, deslocamentos e rupturas nos sentidos de malandragem, se instituem no imaginário da capoeira a partir do discurso de mestres e professores de capoeira radicados no Rio de Janeiro? Que figuras míticas emergem dos discursos dos mestres e professores de capoeira do Rio de Janeiro? A pesquisa, de natureza qualitativa, foi composta pela amostra de onze mestres e onze professores de capoeira, de diferentes gerações, radicados no Estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e analisadas sob a luz do referencial teórico-metodológico da análise do discurso na perspectiva de Eni P. Orlandi. Os discursos nos apontaram a importância do ritual na capoeira, que transcende o jogo em si. O som do berimbau, os cânticos, o axé que caracteriza a energia, são responsáveis por um arrebatamento emocional que provoca a adesão dos sujeitos à prática, construindo um processo eficaz de pertencimento pelo domínio de um conjunto de códigos simbólicos. A partir das falas dos mestres e professores encontramos duas marcas discursivas: a capoeira de antigamente ligada ao primeiro grupo e a capoeira de hoje em dia, referente ao segundo. A capoeira antiga foi apontada pelos mestres como detentora de uma tradição ligada as suas raízes, o que na visão do grupo perdeu-se atualmente. Foram identificados alguns códigos simbólicos como a religiosidade afro-brasileira, a indumentária, ligada a uma malandragem do Rio Antigo; e a ginga como representação da malicia, do jeito de corpo e de uma gestualidade ligada ao universo da rua. Na capoeira de hoje em dia, os símbolos da malandragem e da rua, são silenciados pelos códigos de identidade, representados pela instituição desportiva, associação a grupos de capoeira, uniforme como código de pertencimento e uma mudança de valores necessários para a atual prática profissional. Os símbolos da rua são silenciados, o corpo esguio e sinuoso dá lugar ao corpo forte de cintura dura, treinado e malhado em conformidade com o imaginário do esportista. A malandragem, antes um emblema da modalidade, é ressignificada dando passagem ao educador, o professor. O mito de Exu se faz presente na navalha dos capoeiras criminosos das maltas, e na malandragem subversiva da Lapa. No discurso dos professores da capoeira de hoje em dia é apontado a figura do educador. . Por fim esse deslizamento da capoeira da rua para as instituições esportivas, para a esfera da arte da cultura, talvez tenha possibilitado essa inserção global da modalidade, ampliando-a e ressignificando sua importância, seu legado e sua contribuição inclusive no campo da educação física.  
Palavras chaves: capoeira, imaginário social, ritual, esporte, malandragem.

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