O dia nasceu radiante. Mas não para o meu amigo. Ele morreu! Mais um que se foi. Mais um tanto de vazio que fica. Como diria o Laércio: “A fila andou”. Amigos morrem todos os dias, mas não um nosso. Quando isso acontece, sentimos, por ele e por nós. É a vida que nos deixa, é a morte que nos chega. A morte caminha sorrateira, à margem do caminho que percorremos, e olha-nos de soslaio. A gente vira o rosto, procurando evitá-la, e dá a mão à vida, que parece amiga e radiante como o dia que nasceu. Mas, no fim, quando nada mais resta, é a morte que nos dá a mão. Este amigo, para quem o dia não nasceu, teve seus bons momentos, e fez, creio, o que tinha que fazer. Deixou quem lhe chorasse a partida, eu entre eles, e isso é bom, pois esse choro de tristeza é como uma homenagem. Não sei o que lhe acontecerá daqui por diante, só ele, talvez, saberá. Em nós, viverá em nossa lembrança. E a vida continua, como se diz. Dela somos apenas concessionários. Se não a vivemos bem, azar, pois ela se oferece para ser bem vivida. Temos um bom tempo para aprender, pois que toda aprendizagem é apenas para saber viver. Valeu querido Ruy! Sentiremos saudades, muitas saudades.

Comentários

Por Manuel Sérgio
em 19 de Dezembro de 2010 às 15:09.

Meu querido João

Você é, para mim, alguém que, estando longe, está sempre perto. A sua sensibilidade (que se transforma em sensibilidade moral) é das coisas belas que a vida me proporciona. O seu anúncio da morte do Ruy é um poema! O meu amigo faz amor com as palavras!... Sobre a morte do Ruy - é mais um pedaço de nós que morre também! Era uma pessoa encantadora! Quando visitei, pela vez primeira, o nosso querido Brasil, em 1983, foi das primeiras pessoas que conheci, no Congresso de Guarulhos. Paz à sua alma!

Um abraço fraterno do seu

Manuel Sérgio


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