Acabo de publicar em meu Blog da Globoesporte.com, aqui no Maranhão... seg, 28/09/09por leopoldovaz |categoria Educação Física, Literatura & Esporte Publicada na Nova Escola de Setembro 2009, na seção Estante resenhas, editado por Beatriz Vichessi -Clássio do Mês disponivel em http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/225-estante-classicodomes.shtml Educação física além do físico Beatriz Vichessi (bvichessi@abril.com.br) A relevância do corpo na escola, visto como uma estrutura a ser desenvolvida e não como algo desprezível ou que atrapalha a aprendizagem, é a questão central de reflexão e de análise do livro Educação de Corpo Inteiro - Teoria e Prática da Educação Física (224 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-161-700, 51,90 reais). Elaborada há 20 anos por João Batista Freire, professor doutor em Psicologia Educacional, a obra é um marco na forma de pensar e entender não só a disciplina como também o movimento corporal em todos os planos da relação entre ensino e aprendizagem. A proposta do autor é romper com a visão de que as crianças têm duas partes distintas - a física e a mental. Ele afirma que o ser humano não somente tem um corpo, mas é um e precisa ser encarado assim, como uma unidade. A sutil diferença desse entendimento colabora com a compreensão de que, para trabalhar corretamente com Educação Física, é importante ir além dos discursos e das questões semânticas que põem em discussão se a instituição tem de se preocupar com a Educação do movimento, para o movimento ou para o não-movimento. Freire ainda chama a atenção do leitor para a validade e os benefícios do brincar. Ele tem de ser encarado como um instrumento pedagógico que estimula as capacidades relacionadas às dimensões motoras, afetivas, sociais e cognitivas. Ou seja, nada de deixar a atividade reduzida a movimentos vazios e descontextualizados. Por fim, a obra prova que a Educação da motricidade é responsabilidade de todos na escola (e não só do professor de Educação Física) e que sempre que os educadores promovem a inércia das crianças, imaginando o corpo como um estorvo ou um intruso, estão afirmando, de modo consciente ou inconsciente, a maneira (errada) com que enxergam o mundo e a Educação também. É fato que, onde os estudantes passam muito tempo tendo de ficar sentados, o que aprendem é exatamente a ficar sentados. Por outro lado, em movimento, eles estão em busca de cooperação, de convivência em grupo e do aprendizado de regras e limites. Sobre o autor É professor de Pedagogia do Movimento, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), consultor Pedagógico do Instituto Esporte e Educação e coordenador do Grupo de Estudos Oficinas do Jogo, em Florianópolis. Fabio Luiz D’Angelo, autor desta resenha, é mestre em Educação Física e formador de professores. Clássico do mês Trecho do livro "Corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. Ambos devem ter assento na escola, não um (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar, mas ambos para se emancipar. Por causa dessa concepção de que a escola só deve mobilizar a mente, o corpo fica reduzido a um estorvo, quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará. Fica difícil falar de Educação concreta na escola quando o corpo é considerado um intruso. A concretude do ensino depende, a meu ver, de ações práticas que deem significado ao ‘dois mais dois’ ou ao ‘Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil’. Sem viver concretamente, corporalmente, as relações espaciais e temporais de que a cultura infantil é repleta, fica difícil falar em Educação concreta, em conhecimento significativo, em formação para a autonomia, em democracia e assim por diante. Sugiro que, a cada início de ano letivo, por ocasião das matrículas, também o corpo das crianças seja matriculado." De 9 a 31 de setembro, quem entrar em contato com a editora Scipione e mencionar a parceria com NOVA ESCOLA ganhará 30% de desconto na compra de um exemplar. Comentários (6) waltencir da silva cancela - Gostei muito dessa materia, justamente por mostrar a importância da Educação Física com disciplina curricular fundamental para o desenvolvimento do educando. E mais, as inúmeras possibilidades de atividades para serem desenvolvidas na escola com a aumento tanto do número de aulas quanto as oportunidades da prática de esporte no turno oposto, que é necessário para a ampliação do tempo do aluno na esola quanto no desenvolvimento do esporte escolar, que em alguns países já fazem a muito tempo com excelentes resultados. Espero efetivação dessas idéias já! Elieslei Couto Barbosa - Uma das maiores dificuldades, da prática da educação física na escola, principalmente no ensino médio, é, se não pratico, também não fico de ano. O aluno deve estar consciente que, se não faz, também não recebe sua nota. Eles (alunos), são obrigados a apresentar as atividades nas outras matéria, porque seria diferente na Ed. Física, será que ela é menos importante, por ter somente a prática (o que acho inaceitável de alguns professores, pois na sua formação tiveram a teoria, podem/devem aplicar com adaptaçãoes aos alunos). NAYANA DIAS PAJEÚ - Hoje quem observa um professor de Educação Física ensinando o seu aluno a jogar o futebel por exemplo, tem a impressão de que aquilo não é mais que um simples chute e que qualquer pessoa pode ensinar aquilo. Mas ninguém vê quais são os fundamentos reais e qual a importância desse profissional. Afinal de contas parece ser muito simples dar uma aula de Educação Física e a primeira vista não dá pra se perceber quais conhecimentos estão fundamentando aquela aula. Mas o professor de Educação Física habilitado, digo habilitado porque ainda existem muitos sem formação adequada dando aula, sabe quais locais do corpo e da mente estão sendo trabalhados em cada movimento passado em suas aulas. É preciso que a Educação Física seja vista com outros olhos para a mesma passar a ter o valor que merece. PS: EDUCAÇÃO FÍSICA: MENTE SÃ E CORPO SÃO!!!! Rui Manuel Tavares Maleitas Mota - Mente Sã em Corpo São; começando pelos educadores TAMIRES ROBERTA FRAGA FERRAZ - Infelizmente a Educação Física ainda precisa ser muito explorada para que todos possam compreender o verdadeiro valor que ela merece. Esse componente curricular não só é "além do físico" como também faz parte do individuo como um ser integral presente na sociedade. juliana francelino da silva - Nascemos do movimento e para o movimento.O nosso corpo é a nossa comunicação.E é preciso conhecê-lo,incentivá-lo para que possamos usurfruir de nossas habilidades, explorar o espaço,aprender, sorrir, festar,brincar e viver a vida intensamente!

Comentários

Por Guilherme Tucher
em 28 de Setembro de 2009 às 15:19.

Leopoldo, ainda no corpo da revista, mais matérias sobre Educação Física Escolar. Vale a pena conferir.

Guilherme

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Setembro de 2009 às 16:18.

Pois é, Guilherme. Um longo documento do CONFEF. ainda estou digirindo. Mas o que me chamou a atenção, foi a analise dos curriculos, e dentre os que estão colocados a disposição, o de Sãon luis do Maranhao - confesso que não conhecia esse documento, como também não sei que o elaborou - a parte de educação física... coloquei no meu Blog http://colunas.imirante.com/leopoldovaz/2009/09/28/educacao-fisica-guia-do-ensino-fundamental-de-9-anos/.

Vou dar uma olhada se na pagina www.ne.org.br consta a materia do CONFEF e vamos ver se vale a pena apenas indicar aos perseguidores, ou replicar - se o Alê deixar :-)))) - neste espaço. Para que possamos abrir uma discussão, embora devesse estar lá na Comunidade Pedagogia, ou Educação Física Escolar. Vamos conversando.

O que acha, JoaoZin????

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 28 de Setembro de 2009 às 16:35.

Guilherme,

Meu neto Davi Gil está cursando o 2o ano do ensino fundamental - tem 7 anos de idade, completados agora em junho. Fez a Alfabetização ano passado. Na nova estrutura do ensino brasileiro, o antigo primeiro ano - no ensino de 9 anos - converteu-se no 2o ano... a ’alfabetização’ agora é o 1o. ano... Ele tinha atividades de jogos e brincadeiras, dados pela regente de classe - reclamava que não havia educação física, mas a explicação era que estava junto com as atividades de expressão corporal, com o que não concordava. Resumia-se a alguma atividade e teatro (tanto que ele participou, ano passado, de uma ópera, Sansão e Dalila). Pois bem, como a escola oferecia a famigerada ’escolinha de esportes’, e para a idade dele havia o Judô, o matriculei, pagando à parte R$ 50,00 ao mês, para fazer ’educação física’. Paralelo à essa atividade na escola, faz Natação na Academia Viva Água (desde os seis meses de idade...)

Este ano, iniciou aqui em São Luis o 2o. ano (antigo 1o.) e na grade horária veio Educação Física/Esportes... ele optou por Voleibol. Continuou com o Judô e com a Natação. Disseram-me, na escola, que não havia necessidade de ele fazer a Educação Física, pois já ’pagava’ Judô... e como há convenio entre o colégio em que estuda e a Viva Água, também já ’justificava’ a presença na Educação Física, a Natação que fazia extra-escola, por força do convenio...

Claro que não aceitei! faz sim, educação física, por ser do curriculo escolar! fui chamado à coordenação do Fundamental 1. a 4a. para me explicar... Devia fazer uma opção. Fica na Educação Física curricular, então. Deixa de pagar pelas aulas de Judô? sim! pelas aulas de Natação? Sim! e Educação Física já está paga na mensalidade, é do currículoo... então, pode ficar nas outras atividades (pagando..., renda extra para a escola... é assim que funciona...).

Foi transferido para Juazeiro do Norte, para junto da mãe. Colégio Objetivo. Mesma série... 2o ano Fundamental. Não tem Educação Física, só ’recreação orientada’ no pátio do colégio na hora do recreio - futebol para os meninos, queimada para as meninas, mas "com uma recreadora"... Matriculei no Judô e na Natação, no SESC-Juazieiro...

De volta a São Luis, desde setembro, voltamos à rotina... ainda está havendo Voleibol ele voltou para a Natação e para o Judô... já teve competição esta semana, mas não participou, pois o professor-técnico (formado em educação física, num curso sequencial, onde foi meu aluno...) esqwueceu de mandafr o nome...

Mas vamos levando... ainda não ví a proposta da escola - estava em elaboração no inicio do ano - mas já sendo aplicada. Como ele viajou em seguida, não perguntei se já concluiram e se esta disponinivel...

Por Roberto Affonso Pimentel
em 28 de Setembro de 2009 às 17:13.

Transcrevo trechos de Jean Le Boulch e a "sua" Psicocinética, que preconiza a utilização do movimento para educar. (Rumo a uma ciência do movimento humano, Artes Médicas, 1987)

"Em suas pesquisas e trabalhos, definiu-se por uma filosofia: ’o objetivo que conferimos à educação é o de favorecer um desabrochar humano que permita ao homem situar-se e agir no mundo em transformação por um melhor conhecimento e aceitação de si; um melhor ajustamento da conduta; e uma verdadeira autonomia e acesso à responsabilidade no âmbito da vida social’. Uma ciência do movimento que resulte numa ação nos parece deva ser ligada a uma filosofia do homem; sua eficiência prática, no respeito destes princípios é a sua justificação".

"A ciência do movimento, tal como ele a concebe, consiste em considerar o corpo como unidade, como ’totalidade primordial’ e o movimento como um dado imediato, expressão da conduta. ajudando cada qual a adquirir a melhor disponibilidade motora possível, formulamos a hipótese de que estamos avançando no sentido da unificação e do equilíbrio da pessoa. Além disso, qualquer conduta é significante e é esta significação que define sua estrutura. O gesto traduz um certo modo de ser da pessoa e é portanto expressão. Um erro frequente do estudo do movimento é o de limitá-lo a seu mero aspecto objetivo, traduzido na maior parte das vezes, por sua eficácia e seu rendimento. Nas nossas análises, consideramos ambos os aspectos do movimento, o expressivo e o transitivo. O essencial é, ao contrário, situar o movimento, isto é, definir a ocasião a partir da qual ele foi realizado em função da situação vivida pelo organismo. O objetivo de uma atividade com dominância motora pode ser o de distrair-se, manter-se em forma, realizar uma tarefa prática da vida doméstica ou profissional, trocar e estabelecer relações com outras pessoas, aperfeiçoar-se ou ingressar num certo nível cultural". 

Roberto Pimentel 

Por Roberto Affonso Pimentel
em 28 de Setembro de 2009 às 17:40.

Leopoldo, Tenho dois netos 3 e 4 anos)e estou preocupadíssimo com o despreparo de nossas instituições e agentes educadores. Em que colégio matriculá-los e o que esperar deles? Li o seu relato contundente e percebo a fragilidade de todos nós para solucionarmos tantas mazelas. Felizmente, conforme nos relata o João, ainda há pessoas e profissionais que atuam como verdadeiros sacerdotes do ensino. Mas se puder ler a Veja verá que o quadro só está bom para o (des)governo do PT, pois em matéria de Educação, estamos atrasados pelo menos 50 anos. Estou formatando um blog (e apanhando dele!)mas acredito que tudo se resolva em poucos dias. Já está na internet no endereço: www.robertoapimentel.blogspot.com Venho há algum tempo produzindo textos para publicá-los ali. A proposta é ajudar docentes e interessados com a minha pequena experiência. Algumas realizações em nível nacional e doméstico me credenciam a tanto. Mas permaneço pequeno e com os pés no chão. Selecionei parte de um deles cujo título é Professor ou Treinador? em que trato de suas competências (ou incompetências)construtivamente. Relato fatos acontecidos e retiro lições e exemplos que podem ser seguidos. Quem quiser, pode participar, discordar, apresentar outras soluções etc. Não sou dono da verdade. Mas estou fazendo a minha parte. Ajuda, quem precisa? – Quando indagava ao Bené (treinador respeitado do Fluminense F.C., do Rio) para que fizesse uma análise individualizada dos pequenos atletas, dizia-me: "Aquele ali é um espetáculo! O outro, lá, ainda tem muito que aprender, mas vai chegar lá"! Percebia que só destacava os mais eficientes (precisavam de pouca ajuda para se desenvolver). Então, instigava-o: "E aquele lá, que erra a todo instante"? Respondia-me sem pestanejar: "Ele é muito burro, mas a gente dá inteligência para ele"! Conclusão – Minha intenção com este texto foi conduzir o leitor para algumas observações vivenciáveis e que a maioria dos professores nas escolas trata como "problemas" e os treinadores (nos clubes) estão longe de como resolver. Vejam que a mesma aula pode ser realizada tanto na escola como no clube, independente do número de praticantes. O fator principal em ambos os casos reside na qualificação profissional do adulto, professor ou treinador. Fala-se muito em problemas, dificuldades etc., mas nenhuma solução. Fiquei tentado a enumerá-las neste instante, mas vou aguardar comentários dos interessados. Vovô Roberto Pimentel

Por Guilherme Tucher
em 29 de Setembro de 2009 às 07:28.

Pensemos também nas IES na formação do profissional. Que os "outros" não entendam a Educação Física, até passa. Mas e os próprios profissionais! A atuação da Licenciatura fica escondida na grade curricular do bacharelado. Os alunos não percebem essa diferença. Alguns colegas profissionais continuam só com os esportes na escola. Ainda entendem as lutas como exclusivamente artes marciais e a dança como expressão precisa e específica de um movimento. Pensando assim, nunca poderemos fazer nada na escola.

Vale ainda destacar que poucas vezes preparamos o homem para lidar com sua emoção e impulsos. "James Heckman economista norte Americano, ganhador do prêmio Nobel de 2000 por estudar a educação em vários países e sua importância para a sociedade. Alega que as escolas ainda não estão atentas ao que a ciência já preconiza; é preciso investir em aspectos não cognitivos juntamente com aspectos cognitivos para levar o aluno a ter um diferencial nessa sociedade tão competitiva"


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