A matéria principal da revista Época desta semana, anunciada em sua capa, tem o seguinte título: “O cérebro do craque de futebol - A ciência comprova: eles não são bons só com os pés – também são geniais com a cabeça”. Salvo engano, é a primeira vez que o tema relativo às funções cognitivas no esporte (e o papel do esporte no desenvolvimento dessas funções) é divulgado na grande mídia nacional, embora já publicado por órgãos de imprensa aqui em Pernambuco. O texto é de excelente qualidade e fiel aos achados científicos, mesmo considerando que o público-alvo, em sua maioria, é leigo no assunto (é claro que me refiro às neurociências). Chamaria atenção apenas para a não referência aos aspectos da dinâmica do jogo e a sua imprevisibilidade, que demandam mais atenção, percepção apurada, velocidade na tomada de decisão etc. e, como resposta a essa demanda, as funções são desenvolvidas.

Tenho proposto que a educação física e o esporte passem a aprofundar estudos do “pescoço para cima” e não apenas nas questões psicológicas, pois do “pescoço para baixo” (função cardiovascular, por exemplo) muito já foi estudado e, claro, ainda há muito a ser pesquisado. Refiro-me especialmente aos futuros estudos nas neurociências.

Estamos em plena travessia de uma nova fronteira do conhecimento no esporte, ao demonstrar o papel desse no desenvolvimento cognitivo, que tenho defendido como importante paradigma, (outro paradigma ao qual tenho me aventurado a estudar e defender é o que trata do esporte como meio de “modulação das emoções”). Assim sendo, podemos atribuir ao esporte função mais “nobre”, condizente com a expectativa da visão cartesiana que impera ainda na sociedade, que supervaloriza a atividade intelectual em contraposição as atividades corporais. Portanto, podemos afirmar que a prática do esporte é também uma atividade intelectual. Outros sentidos atribuídos ao esporte são popularmente conhecidos como: “esporte é saúde” e “esporte é lazer”, além do famigerado e reducionista conceito de que “o esporte livra os jovens da droga”, como se fosse um antídoto, um contraveneno.

O próximo passo é sensibilizar os gestores da área esportiva, da educação, pública e privada, educadores, pedagogos, pais de alunos e estudantes para mudar a realidade presente nas escolas, onde a prática esportiva, ao contrário dos países desenvolvidos, quase inexiste, com algumas honrosas exceções. É possível os gestores mudarem tal realidade acreditando no que a ciência já produziu nesse campo ou ainda precisam de mais argumentos? 

Comentários

Por Luiz Roberto Nuñes Padilla
em 14 de Junho de 2010 às 14:25.

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      Prezado Colega:

Tem toda razão.

Todas civilizações, enquanto bem sucedidas, mantiveram um sistema desporrivo que lhes propiciava equíbílrio e extravazava a tensão da compatitividade contida.

No espaço de Direito Desportivo estamos procurando contruir essa percepção.

 www.padilla.adv.br/desportivo   http://www.youtube.com/my_playlists?p=54CADE1688BDA91B

Aliás, há mais de 2 décadas, em uma coleção que prtendia difundir as regras e funcionamento dos esportes menos conhecidos e que propiciavam benefícios, no volume dividido entre Tênis e Karate, Y. Sasaki divulgou estudos realizados na USP comprovando que os atletas possuiam capacidade de processamento cognitiva mais elevada.

E sobre os benefícios sociais do Esporte, aqui no RS, estamos desenvolvendo um interessante projeto social: "Além do Esporte" Veja  http://picasaweb.google.com/lh/sredir?uname=luiz.padilla&target=ALBUM&id=5482663919506437441&authkey=Gv1sRgCL20hePMh4GAHg&feat=email

Abraços

Pád


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