Gente Boa,

A má impressão é que tive um ataque de direitismo explícito com esse pecado de rebarbar meus cumpanhêro que estiveram parados na greve dos professores das universidades federais. Como sempre, "assistidos" pelos "alunos". Alunos, como eram chamados os estudantes antigamente, "assistiam" aulas que eram "ministradas" pelos docentes, confere?

No tempo de metalúrgico a gente tinha o salário descontado desde o primeiro minuto da paralisação. Isso dava gás no movimento e na organização. Também era imediata a mobilização para a arrecadação e a logística do fundo de greve. A primeira atitude dos governos para não atiçar a mobilização dos professores é manter os salários. Com uma leve insinuação de que algum dia, ou por alguma circunstância, os salários poderiam talvez ser cortados.

A minoria aguerrida dos professores - que justifica a exceção - costuma se articular e atuar através das associações docentes. A minha é a APUBH, na UFMG. A maioria costuma optar pelo campo, a praia, ou ficar em casa mesmo, conforme as vocações e possibilidades. Poucos estudantes visitam o DA. Costumam ficar atrelados, em nome da solidariedade, ao movimento dos professores. Quase todos partem para curtir as férias. Desta (mais uma)vez, mais de 100 dias.

Essas paralisações (ou paralisias), independentes de ganhos ou perdas salariais ou funcionais, costumam atestar algumas coisas:

1. A tal produção do conhecimento, certamente bem conhecida e valorizada pelo pessoal que gravita nas universidades, mas que é ignorada pelo resto da população - políticos inclusive -, de um país analfabeto e subdesenvolvido, parece não ser tão importante assim. Pode ser estancada tranquilamente quanto tempo quiser. Depois dá-se um jeito.

2. Alunos e familiares querem mesmo é "tirar" notas e diplomas. Tirar nesse sistema escolar significaria "arrancar", "libertar", "subtrair"...?

3. O conformismo geral de que as "matérias" poderão ser despejadas em pouco tempo, para "recuperar" o tempo empregado na greve, pressupõe que o sistema é mesmo o antigo, de "despejar conhecimento" em recipientes discentes. É só fazer mais curto e depressa. Maturação, transfertilização de conhecimento é desenvolvimento são baitolagens de biólogo.

4. Seria impossível outra forma de escorar as reivindicações justas? Estado de greve? Não entregar notas e relatórios, mas mostrar que a produção de conhecimento não pode parar? Ter a favor do movimento estudantes e familiares com o trabalho feito, mas que não pode ser atestado pelas precárias condições de trabalho?

     Já escrevi muito. Macunaima vive. Ai que preguiça!

     Laércio

Comentários

Por Edison Yamazaki
em 19 de Setembro de 2012 às 23:04.

Trabalhar no Brasil é difícil ou não é?

Faz mais de 40 anos e tudo continua a mesma coisa. Greve e pouca valorização da educação e seus satélites. Gente das universidades descompromissadas, desestimuladas e desanimadas. Tudo "des" alguma coisa.

Tomando um comprimido de otimismo, tomará que um dia melhore. Só espero que os grevistas não tenham se espelhado na maneira selvagem e burra de reinvindicar coisas, como aqueles grupos de São Bernardo e adjacências. Deve existir uma maneira mais inteligente para receber um aumento.

Por András Vörös
em 20 de Setembro de 2012 às 11:06.

Parabéns Caro Laércio !

pessoalmente acredito que falta CONSCIÊNCIA COLETIVA , onde todos tem um objetivo comum em prol o grupo.  O individualismo UMBIGOCÊNTRICO está muito solidificado nas atuais gerações, sendo sempre abubado pela Lei da Vantagem em tudo.

Quem sabe um dia poderemos ter uma população mais enganjada e com vontade como os nossos vizinhos chilenos (que recentemente quebraram o pau) pela educação, ou nossos distantes japoneses, entre outros .

Professores grevistas poderiam se espelhar nas aulas peripatéticas de Aristóteles, e aos olhos da população. Claro que a burocracia não iria reconhecer como aula dada, entretanto os alunos poderiam ter uma experiência impar.

Meu temor é que seja uma campanha orquestrada para o desmonte das Universidades públicas, em prol das particulares. Quem viver verá !!!


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