Acho que o Laércio já comentou isso por aqui, mas não achei. Então, lá vai: todo mundo lembra como era a Educação Física da São Judas antes da Vilma Nista e depois da Vilma. Ela criou status, honra, orgulho para aquela instituição. Dedicou dez anos de sua vida profissional, brilhante vida profissional, para tornar a São Judas a escola particular mais conceituada em pós-graduação em EF no Brasil. Deu o sangue, organizou o mestrado e depois o doutorado. Tinha acesso a todo mundo, e todos nós tínhamos orgulho em atender aos seus convites. Junto com a Miranda, a Marília, Sandra e outras colegas, fez um dos melhores trabalhos universitários de nossa história recente. Bem, ela foi demitida, sem razões, ou melhor, por razões burocráticas, administrativas, reformulações, como dizem. É por essas e por outras que a Universidade brasileira torna-se, cada vez mais, fábrica de mediocridades. Mata a imaginação, castra a criatividade, acaba com tudo em nome de uma burocracia estúpida. Para quem não sabe, a Universidade existe para defender o saber, a verdade, a qualquer custo, contra os interesses particulares, contra os interesses do Estado, contra a burocracia. Mas, pelo menos no Brasil, a burocracia sempre vence, e o que resta é o marasmo, um bando de gente jovem sem perspectivas, a não ser somar os famigerados pontinhos para o DataCapes. Quanta estupidez meu Deus! E pensar que chamamos essa burocracia medíocre de Universidade! E não venha o povo da São Judas dar uma de ofendidinho não, porque estou generalizando, falando da Universidade como um todo, botanto tudo num mesmo saco.
Comentários
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Laercio Elias Pereira
em 7 de Janeiro de 2011 às 14:49.
Jão, Pessoal,
Eu tinha postado na comunidade ANPPEF. Vai aqui:
De Olho no Cofre as Universidades Privadas Continuam Fritando Doutores. Agora é a Pós-graduaçãoPor Laercio Elias Pereira
em 05-01-2011, às 16h45.
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Funcionava assim na graduação: em tempos de avaliação, os cursos e universidades privadas contratavam doutores pra sairem bem na foto. Passada a inspeção federal descartavam os doutores. Na cara dura, ou entupindo os doutores com aulas ou outras atividades. Neca de pesquisa, por causa dos custos.
Na pós-graduação também. Esperavam(esperam?) que o Coordenador faça das tripas coração para conseguir aprovar os seus cursos e programas (claro, segurando todas quando o assunto é comprar livros ou incentivos à pesquisa) e, assim que os programas são aprovados, detonam o coordenador, com a desculpa de uma reengenharia de economizar custos. A Dra Vilma Nista acaba de ser dispensada da São Judas, depois que o curso conseguiu o doutorado em Educação Física.
Vamos registrar os exemplos? Vamos continuar assistindo à carnificina sem fazer nada? Laércio
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Adriano Pires de Campos
em 7 de Janeiro de 2011 às 17:42.
João, Laércio e Pessoal
Vai-se cada vez mais distante a universidade que deveria defender, como afirmou o João, "o saber, a verdade, a qualquer custo, contra os interesses particulares, contra os interesses do Estado, contra a burocracia". Pior ainda quando entram em cena as universidades privadas, onde temos coordenadores de cursos e vários docentes fazendo o papel de capatazes dos latifundiários da educação superior. Lógico que há exceções, mas creio que o caso da Prof. Vilma Nista enquadra-se nesse mar de incompetência administrativa que se instalou no ensino superior privado. Faculdades e universidades demitem seus doutores para "ajustar as finanças", ao mesmo tempo em que contratam recém-formados por salários irrisórios. Infelizmente, essas instituições não percebem que o principal capital que possuem em mãos é o Capital Humano, ou seja, coordenadores, docentes, funcionários e alunos. Ao tratá-los com desprezo, estão jogando no lixo a principal ferramenta para conquistarem lucros ainda maiores.
Creio que já contei minha experiência por aqui, mas é sempre oportuno retomar o alerta. Tive o desprazer de ser docente numa instituição privada de ensino superior durante três anos. Pode parecer pouco tempo, mas foi o suficiente para me deparar com situações bizarras. Convivi com o tal do "coordenador capataz", cuja função era apenas desarticular o interesse e reivindicações dos docentes para melhoria da estrutura, seguindo apenas a lógica autoritária do dono da instituição. Também vi "docentes capatazes" que atuavam como pelegos do coordenador, criando um clima de vigilância e terrorismo que garantia a desarticulação dos demais professores. Vi doutores aceitando receber salários de mestres ou até menos, pois temiam ser demitidos por possuírem um título que custava mais caro à instituição. Vi uma coordenadora pedagógica que punha alunos para fora da sala de aula por não usarem uniforme da cor que a instituição obrigava, achando que isso era o supra sumo da educação no século XXI. À época, eu não sabia o que era "assédio moral", ou seja, situações constrangedoras criadas pelo empregador para intimidar o empregado. Se soubesse, certamente teria angariado provas para processar a instituição.
Na área de sustentabilidade, costuma-se dizer que algumas práticas administrativas aceitas hoje serão consideradas crimes no futuro. A forma desonesta como as universidades tratam seus diversos públicos ainda não é vista como crime, mas os criminosos já estão lá, com certeza.
Abraços,
Adriano
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Ivan Candido de Souza
em 8 de Janeiro de 2011 às 19:21.
É difícil tecer comentários após ler as palavras escritas pelo professor João Freire. De qualquer modo, me sinto obrigado a falar.
Frequento os corredores da São Judas desde meados de 2005, fui levado até lá pela professora Vilma, que foi minha professora de Ginástica em outra instituição. Ainda não tinha ideia do que era ser coordenador em um programa de pós graduação, ainda mais em uma instituição privada. O tempo me reservou esta lição.
Aprendi com ela sobre o "DataCapes", sobre a dificuldade para conseguir parcerias e aprovações em editais para universidades privadas, enfim, aprendi a olhar para este universo.
Pouco tempo depois ingressei como aluno espcial em uma disciplina ministrada pela professora Sheila e, logo, como aluno regular, orientando da professora Vilma.
Estava lá quando ela traçou como meta elevar a nota do curso para 4 junto a CAPES. Também estava quando o pedido foi negado e ela, como sujeito que dá vida ao local lutou, esbravejou, requisitou e conquistou a nota que fez por merecer durante o triênio.
Após a conquista faltava o doutorado. Enfrentando dificuldades parecidas teve o pedido negado. Lutou, obteve mais conquistas, com destaque para o financiamento concedido em parceria pela CAPES/INEP por meio do Observatório da Educação, diga-se, o único na Educação Física. Por fim, veio o doutorado.
Acompanhar este processo foi maravilhoso, aprendi o que é amar a Educação Física vendo a Vilma trabalhar em sua sala. Quem passou por lá deve se lembrar. As paredes eram enfeitadas com papeis que serviam para mostrar as direções que o programa tomava. Havia uma pilha de papéis do lado esquerdo de sua mesa com pendencias relacionadas aos alunos, tudo para ela resolver, tudo era resolvido por ela.
Graças a ela tive a oportunidade de assistir aulas com professores renomados como: João Batista Freire, Wagner Wey Moreira, Hugo Lovisolo e também o professor Ruy Krebs. Pude ver também "novos" doutores como: Odilon Roble, Edivaldo Gois Junior e Eliana de Toledo ganharem a oportunida de dar novo gás a área.
A Vilma foi mais que uma coordenadora, ela foi a alma do programa. A São Judas cometeu um grande erro, isso está claro para todos nós. Mas, não é apenas a instituição que perderá, a EF perde e muito. Que o diga aqueles que participam das reuniões da área 21. Que o diga aqueles que veêm a linha de pesquisa ligada a intervenção pedagógica perder espaço nos programas de pós graduação da área. Como diria a música, o tempo é rei, ele dirá.
Obrigado pelo espaço. Prof. Ms. Ivan Souza.
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João Batista Freire
em 8 de Janeiro de 2011 às 20:40.
Essa história que o Laércio contou é antiga e atual. Essa é a lógica da maior parte das instituições particulares: o que importa é o lucro. E hoje, com o esquema de avaliação da Capes, tudo ficou mais fácil para as particulares. Deixam um doutor competente fazer todo o trabalho de organização e articulação, ganha status, alunos, aumenta a renda, depois dá um bico no tal doutor competente (como a Vilma) e contrata um jovem doutor ou uma jovem doutora. Esses jovens aprendem rapidinho como somar pontos para o DataCapes (de vez em quando aparece um jovem lúcido que não entra nessa). Não precisa ser curioso, cientista, culto; basta saber fazer contas e formatar artigos, não importa o conteúdo. Os tais jovens, sem dúvida, são muito mais capazes de somar pontinhos que eu, Vilma, o Laércio ou o Lino. E isso basta. Já aconteceu num monte de instituições. Acho que os colegas da profissão deveriam colocar a boca no trombone. Mas a maioria se cala. E se cala por qual motivo? O que perdem se calando? Gente, temos que ser solidários. Nossa solidariedade não vai reintegrar a Vilma na São Judas, mas vai dizer para a São Judas que as coisas não passam batidas, que não estamos mortos.
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Elaine Xavier de Almeida
em 8 de Janeiro de 2011 às 22:54.
A todos parabens pelas verdadeiras palavras. É inaceitável vivenciarmos essa gigantesca falta de ética e ficarmos calado. Nós que acomanhamos a dedicação e profissionalismo da Vilma estamos perplexo pela atitude da Instituição. Acredito que eles não tem idéia da falta que ela fará no programa do mestrado e Doutorado. Como mestranda do programa e por ela orientada, por várias vezes acompanhei o seu esforço em trazer profissionais competentes, e algumas vezes profissionais amigos dela que contribuiram brilhantemente ao programa sem receber nada em troca, apenas por consideração a ela, pois o programa não disponibilizava verba para contratá-los. Mulher brilhante que trabalhou incansavelmente, que pouco dormia para fazer dessa IES, como cita João Freire, a Universidade particular mais conceituada em pós-graduação em Educação Física no Brasil. Nesse momento tão delicado, só temos a agradece-la pelos ensinamentos, pela amizade, exemplo de ética, profissionalismo e principalmente pelo exemplo de paixão demonstrado por aquilo que faz. Vi você é especial e pelo amor que deposita em sua profissão tudo que toca vira ouro.
Obrigada por tudo! sua filha acadêmica
Elaine Almeida.
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