Compreensível que o Papa Pio X (São Pio X), na Encíclica Vehementer Nos considerasse que "separar a Igreja do Estado é um erro pernicioso". Mais difícil de entender, entretanto, é que a Constituição de 1988 tenha sido promulgada "sob a proteção de Deus" (Preâmbulo) ainda que, teoricamente desde a proclamação da República, o Brasil seja um Estado laico (art 19, I) e estableça "a inviolabilidade de consciência e crença" (art. 5º, VI).

 

Às vezes tenho um medo danado de estar errado e ir pro inferno. ;) Mas, considerando que a separação entre igreja e Estado é coisa antiga nos EUA (Amendment I), na França (article 1), e em muitos outros lugares, achei interessante o seguinte causo:

 

"Na Escola Estadual Frei Afonso Maria Jordá, na cidade mineira de Aimorés, os alunos cumprem diariamente o ritual de rezar na sala de aula. Tão inescapável quanto o gongo do recreio, o momento de evocação divina nunca havia gerado conflito. Até que, no início do ano, um estudante se recusou a tirar o boné para a prece.

 

A atitude inusitada teria sido entendida como simples transgressão de adolescente, não fosse a justificativa apresentada pelo garoto: "Eu não reverencio esse Deus, então por que tenho que tirar o boné?" A lógica era irretocável. Entre estarrecidos e embasbacados, os professores se entreolharam. Sem saber como explicar ao jovem pecador que vilipêndio dessa grandeza o levaria, no post-mortem, a ser fritado nas labaredas do Inferno, eles fizeram o que lhes cabia: mandaram-no para o purgatório terreno, a diretoria". LEIA O ARTIGO COMPLETO NA REVISTA PIAUÍ !

 

Eu me lembro dos tempos que tinha Educação Religiosa (leia-se "Catequização"). Por isso entendo esse rapaz...

Comentários

Por Caroline Nogueira Accioly
em 23 de Agosto de 2009 às 17:13.

Ooops, desculpe pela falta de atenção. Como não vejo um modo de apagar o comentário, favor desconsiderar ;)

Por João Batista Freire
em 22 de Agosto de 2009 às 09:52.

Meu caro Álvaro, se a pregação continuar firme e forte, brevemente não constará mais da lista de convocados para a seleção brasileira de futebol os que não adorarem Jesus. E não tenha medo de ir para o inferno, pois, se o céu estiver cheio dessa gente chata que não para de falar de Jesus, não é para lá que irei.

Por Caroline Nogueira Accioly
em 22 de Agosto de 2009 às 10:46.

Essa questão do Estado laico é mesmo mais complexa do que imaginamos. O MPF moveu há pouco tempo atrás uma ação para retirar das repartições públicas de São Paulo os símbolos religiosos afixados nesses lugares, incluindo aí os famigerados crucifixos. O argumento da instituição é o de que, apesar da maioria da população brasileira ser cristã, o Estado é (teoricamente) laico. Além disso, não poderia haver vínculo entre o poder público e determinada religião.

Como já salientado pelo colega acima, tb não tenho medo de ir para o inferno, mas o fato é que essa questão não se resume só a retirada dos símbolos. Se analisarmos o preâmbulo da nossa Carta Magna constataremos que o documento foi promulgado "sob as bênçãos de Deus". Preciso dizer mais alguma coisa????

Por João Batista Freire
em 22 de Agosto de 2009 às 16:09.

Eu acho que este espaço aqui deveria se chamar Cev cachaça, e não Cev café, assim a gente, embalado por uma branquinha, soltaria mais o verbo. Sobre essa questão de religião e Estado, não se trata, no meu caso, de ser contra a religião. O meu medo é Jesus, de tanto ser falado, ficar chato. Como disse Chico Cesar "Tem gente perto demais de Deus/tem gente que não deixa Deus sozinho/e diz Deus ilumine o meu caminho/Deus me livre, Deus me guarde, Deus me faça a feira. Me sinto mais religioso quanto menos falo de Deus ou de Jesus.

Por Alvaro Ribeiro
em 22 de Agosto de 2009 às 17:47.

Caríssimos Irmãos, hehe

Opa, Caroline, a ler seu segundo parágrafo eu diria que você leu o meu primeiro... :)) Claro! que é um assunto complexo, mais do que você imagina, aposto. Pois não é que a BRILHANTE imprensa tupiniquim se furta a uma série de questões cruciais (para ficar no léxico cristão) ?

Senão vejamos :

Professora Roseli Fischmann (da Faculdade de Educação da USP) para a Rádio CBN sobre a inconstitucionalidade da Concordata Brasil-Santa Sé (Vaticano) 7 de julho de 2009

 

Trecho do audio Evento: 7 de agosto de 2009 - Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional Reunião Ordinária Deliberativa - Concordata Brasil-Santa Sé (Vaticano)... (1/ 5)

 

ATEA no SAIA JUSTA

Ação popular contra concordata entre Brasil e Vaticano

 

MAS AFINAL, que POICOCA é essa de concordata entre Vaticano Brasil ?

Pois é João, não escolhi meus pais, meus irmãos e uma porção de coisas nesta vida. Meus amigos, sim, estes EU escolho. Chato que vem falar de Genésis ou o que o valha, tô fora !

Por João Batista Freire
em 22 de Agosto de 2009 às 18:09.

Outro dia desses bateu no portão uma garota, testemunha de Jeová. Não tentou me converter, apenas conversar. Foi simpática, era esclarecida, falou de religião sem chatice e de outras coisas do mundo. Conversamos um tempo e foi agradável. Dá para ser religioso sem ser chato. Agora, nunca vi nada mais ridículo que aquela oração da seleção brasileira depois da vitória contra os Estados Unidos na final da Copa das Confederações. Ou melhor, vi sim, o jogo do Brasil contra a Estônia.

Por Edison Yamazaki
em 2 de Maio de 2012 às 21:22.

O tema é antigo e interessante.

Aqui no Japão eles rezam para tudo, só não rezam nos enventos esportivos. Devem ter uma razão, sei lá...

Não é um país católico, mas já percebo vários jogadores fazerem o sinal da cruz antes de pisarem nos gramados. Pode ser influência dos estrangeiros ou porque "pega bem", é legal. Não acredito que tenha a ver com fé.

Será que isso ajuda no desempenho dos atletas? Acreditar em algo sobre-humano melhora a performance?

Por Roberto Affonso Pimentel
em 3 de Maio de 2012 às 16:51.

Inicialmente, seria interessante que o Senhor Álvaro Ribeiro nos desse a conhecer, pois nada sabemos sobre ele, uma vez que não está identificado neste CEV. Colocar o assunto de expressiva representatividade para ser comentado nesse ambiente parece-me uma temeridade. Se falarmos de Educação Física já é dificultoso, haja vista os "achismos", que dirá sobre religião. Outros detalhes se somam e tornam-se pertinentes, antes mesmo de transformarmos o assunto em um debate. Uma citação de um documento elaborado com muita acuidade por qualquer entidade (no caso a Santa Sé) quando examinado por pessoa que não tem o mesmo discernimento e até são contrárias à sua doutrina, deveria supor pelo menos coerência de propósitos. Isto é, aprofundar-se no seu exame e inteirar-se para perceber do que tratam e os seus objetivos. Imagino que se deveria ler TODO e só então, desde que tenha um mínimo conhecimento do que se trata produzir alguma crítica lógica. Deduzir e lançar ao vento suas próprias inclinações não é julgamento adequado, diria até que é pueril. É de quem não se interessa por conhecer as lições que dali se depreende. Em outras matérias não é diferente, basta que o Senhor Álvaro frequente com assiduidade as diversas comunidades do CEV. Poderá constatar coisas incríveis, muito mais significativas para o dia a dia de qualquer indivíduo, religioso ou não. Certo que desmandos são cometidos em nome de um Deus (e até de vários, se conhecem a história da humanidade) desde que o mundo é mundo, não só depois da vinda de Jesus, mas qual seria o comportamento correto no caso específico citado na reportagem do jornal? De minha parte, creio que o aluno foi coerente com o que acredita e exerceu o seu direito e, por isto, deve ser respeitado. A Constituição não nos dá este direito? Então, quem está errado? Por que se voltarem contra Deus, Jesus ou todos os santos? Não seria o caso de se reeducar os agentes educadores? Seria porque se admite sempre que o professor está certo e que o aluno está errado, que não aprende, que não se esforça? Por que não voltarmos nosso olhar para o professor, o pedagogo que deveria exercer com proficiência este papel? A pedagogia religiosa é exercida por homens e, portanto, sujeita aos mesmos erros que nós, professores, muitas vezes estamos a cometer sem nos apercebermos. Pelo menos até que alguém mais esclarecido denuncie. Tomara que todos aprendamos a nos relacionar melhor com as novas gerações contribuindo para a produção de homens e mulheres conscientes e coerentes. Ah! E também professores, pois ainda me parece que sua tarefa maior é contribuir para uma boa educação. Sugiro a todos que antes de olhar para baixo dêem uma olhadinha para cima e descortinarão um mundo muito melhor. Como deixa antever o João na sua citação, o silêncio em si já é uma prece.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 4 de Maio de 2012 às 12:15.

A propósito, e para uma reflexão serena de todos, transcrevo notícia vincular no site do Terra: GO: leitura da Bíblia é obrigatória em sessões do Legislativo 04 de maio de 2012 • 08h11 • atualizado às 08h14 "Na Assembleia Legislativa de Goiás começou a vigorar na quinta-feira o projeto de resolução que obriga a leitura de um trecho da Bíblia durante a sessão, logo após a leitura da ata do dia. De acordo com o projeto, de autoria do deputado Daniel Messac (PSDB), a leitura será feita cada dia por um deputado, ficando o trecho à escolha do próprio parlamentar. "Esse projeto visa fomentar a manutenção de um ambiente de princípios, e com repercussão na elaboração e votação das leis, sempre em benefício do povo de Goiás. A medida também constitui uma forma de incitar a harmonia na convivência do dia a dia com cada par, evitando desavenças e agressividade", disse Daniel Messac. Messac foi o primeiro a fazer a leitura, escolhendo um trecho do Salmo primeiro, cuja mensagem ensina que não se deve associar ou se envolver com pessoas erradas e de índole corrompida".

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.