psi - da Ciência Hoje - Laercio

Novas tecnologias abolidas do ciclismo e da natação
2009-12-28

O ciclismo e a natação vão regressar às origens e banir, já em 2010, alguns dos materiais tecnológicos utilizados nas modalidades a fim de humanizá-las visto que estão cada vez mais vinculados a auxiliares "sobre-humanos".

Enquanto no ciclismo a retirada dos auriculares será progressiva, prevendo-se que a total eliminação do suporte rádio seja formalizada em 2012, na natação já ninguém poderá vestir os fatos de poliuretano a partir do dia 1 de Janeiro.


No caso das duas rodas, a União Ciclista Internacional (UCI) entendeu que as provas, sobretudo as etapas em linha, estavam a tornar-se previsíveis e enfadonhas por culpa das orientações dos directores-desportivos. Os responsáveis técnicos das formações permitiam as fugas, que iam resistindo até à ordem de acelerar o ritmo para reagrupar o pelotão nos últimos quilómetros e permitir as habituais chegadas ao sprint.

Neste caso, e no entender da UCI, os auriculares não serviam de suplemento ao rendimento dos ciclistas, mas retiravam-lhes a iniciativa individual, em nome da táctica ordenada pelos directores-desportivos.

"Explosão" de recordes

Bem diferentes foram as conclusões da Federação Internacional de Natação (FINA), assustada com a sucessão de recordes mundiais nos últimos anos, um fenómeno que coincidiu com utilização dos fatos sintéticos. Em 2008, foram batidos 108 recordes mundiais e este ano os números chegaram aos 160, quando a média anual situava-se entre os 30 e 40 recordes.

Bem elucidativos desta "explosão" foram os 43 recordes do mundo batidos nos últimos Mundiais, disputados em Julho, em Roma. O anterior "recorde dos recordes" foi absolutamente pulverizado, já que a cifra nunca tinha passado das 14 marcas.

Graças a uma parceria com a Universidade de Lausana, e sob a orientação técnica de Jan-Anders Manson, a FINA creditou um laboratório que passará a validar os fatos a utilizar a partir de 2010, sendo que só serão creditados fatos permeáveis e fabricados em materiais têxteis. Os homens ficarão proibidos de vestir fatos de corpo inteiro (o máximo, um calção da cintura até ao joelho), enquanto as mulheres terão de voltar aos antigos fatos de alças, que também poderão estender-se até ao joelho.

Defesa da verdade desportiva

Esta pequena revolução em modalidades de alta competição é um passo atrás nos recursos tecnológicos e um regresso às origens, numa altura em que o debate no futebol sobre a mesma matéria continua aceso, com FIFA e UEFA a manterem a intransigência relativamente a suportes da tecnologia.

Com o argumento da defesa da verdade desportiva e que um erro de arbitragem pode implicar prejuízos de milhões numa modalidade cada vez mais empresarial e industrializada, muita gente defende o recurso às imagens televisivas, como está a suceder, com êxito, no râguebi, ou a técnicas informáticas como o "olho de falcão", um precioso auxiliar no ténis na avaliação de pontos duvidosos.

Comentários

Por Erlon Marum de Freitas
em 21 de Janeiro de 2011 às 19:41.

Coordeno a equipe de Ciclismo categoria elite masculino Padaria Real/ Caloi/ Céu Azul Alimentos/ Sorocaba e em 2010 o rádio foi proibido para todas as equipes (menos para o pro tour) este recurso era muito utilizado por todos os técnicos e o ciclismo de estrada sendo um esporte coletivo,  o apoio, a alteração de tática definida em pré evento, a alteração de tática devido a uma situação particular de momento na corrida era constante e tinha o técnico como suporte fora do pelotão para definir o que seria interessante para a equipe naquele momento, isso era um avanço no esporte que podia contar com alguém fora da corrida, de confiança dos ciclistas, com a mente focada na estratégia da corrida e sem ter o desgaste físico que normalmente afeta nosso raciocínio e até nossos reflexos, podendo assim fazer parte diretamente do time que está disputando a corrida.

Sem este recurso, temos que ter um ótimo ciclista, experiente, com visão de pelotão e leitura de corrida, que seja respeitado pelos companheiros e que além de fazer o seu papel de ciclista terá que fazer o papel de capitão e agora de um técnico dentro do pelotão, tomando decisões que o técnico, antes fora do pelotão tomaria e isso requer um entrosamento muito grande entre toda a equipe e acredito que somente em alguns anos de prática deste sistema é que vai nos mostrar que rumo isso acabou dando ao esporte. Nós optamos em contratar um ciclista para a temporada 2011 com as características acima citada que vai assumir tripla função dentro do pelotão, estamos confiantes que demos um passo importante para solucionar este "problema" que esta sendo a falta de comunicação entre técnico e ciclistas.

...e tenho dito...


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