Korfebol vira alternativa educacional no Brasil
Esporte holandês, que já figurou nas Olimpíadas, é usado por professores de educação física como estímulo ao trabalho em equipe
Reportagem LUCAS SALES
Edição GUILHERME MATTAR
INTERNATIONAL KORFBALL FEDERATION
Times mistos, onde homens e mulheres jogam lado a lado, mostram a coletividade que marca o Korfebol
Criado na Holanda, o Korfebol – uma mistura de handebol com basquete – é pouco conhecido, mas já reúne um bom número de entusiastas no Brasil. Devido a características peculiares que estimulam o jogo coletivo e a inclusão social (equipes mistas, toques limitados e não existência de contato físico), esse esporte, que fez parte das modalidades olímpicas na década de 1920, é bastante utilizado em aulas de educação física e busca o crescimento país afora.
Coletividade é a palavra-chave
As próprias regras do Korfebol dão a ele potencial de uso em escolas. São oito jogadores por time (quatro homens e quatro mulheres) que tentam fazer cestas passando a bola por um aro, e não há embate corporal entre os atletas.
De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Korfebol (KFB), Marcelo Soares, a modalidade é pautada pelo aspecto coletivo. “Não tem contato físico, é um esporte que prioriza a estratégia e o trabalho em equipe”, afirma Soares. Por isso, o Korfebol tem os ingredientes certos para ser utilizado também em ONGs, presídios e comunidades carentes.
O foco na estratégia (os toques que um jogador pode dar na bola são limitados) dá espaço para que diversos tipos físicos e pessoas que normalmente não se interessariam por esportes possam praticar o Korfebol.
Nas escolas
Professores de educação física enxergam nele uma porta para a formação de cidadãos de bem. Nas aulas, a modalidade agrega valores. “O esporte promove a paz, respeito entre os gêneros, inclusão, direitos iguais, saúde, raciocínio lógico”, ressalta Soares.
A premissa do “saber perder” é um dos benefícios do Korfebol. Segundo o professor Felipe Gonçalves, fazer o atleta lidar com a adversidade é essencial para torná-lo alguém melhor. “Propicia diversas vivências motoras, situações de jogo, o perder e ganhar e a união entre os jogadores, fatores de extrema importância para o desenvolvimento humano nos aspectos físicos, mentais e sociais”, conta Gonçalves.
Para o educador e praticante de Korfebol Thiago Carscado, a presença do Kofebol nas salas de aula ajuda na promoção do esporte. “A inserção nas escolas a meu ver é uma das vias mais fáceis de divulgação e crescimento da modalidade”, discorre Carscado. Outra utilização seria complementar a formação de esportistas que pratiquem esportes diferentes. “Em outros países o Korfebol é usado para revelar atletas para outras modalidades, como o basquete”, ressalta o presidente da KFB.
Olímpico no passado, buscando estruturação no presente
O Korfebol foi disputado como modalidade demonstrativa nas Olimpíadas de 1920 e 1928, e não mais retornou. Nos dias atuais, os praticantes sonham que a atividade volte ao quadro olímpico, e as federações já trabalham neste sentido. “Em 2013, participaremos dos jogos mundiais em Cali, que são uma espécie de laboratório para que as modalidades entrem nas olimpíadas. Muitos esportes saíram de lá para o quadro olímpico”, reforça Soares.
No Brasil, o esporte tenta se estruturar aproveitando o caráter transformador que pode proporcionar aos praticantes. “Agora estamos organizando um circuito brasileiro e estamos dando palestras e cursos para profissionais de educação física. O objetivo é diferente da Europa, lá o esporte é de rendimento. Aqui o principal é utiliza-lo para educação e mudança social”, completa o comandante da KFB, que realiza projetos de divulgação do Korfebol em escolas e presídios.
Aqui no Paraná, apesar da forte presença de descendentes de holandeses, a modalidade ainda não é praticada. Mas a Confederação Brasileira quer mudar esse panorama. “Pretendo fazer contatos no sul para expandir ainda mais o esporte nessa região assim como no resto do país”, admite Soares.
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