Como se configura o estado ludopoiético? Tal como no estado de fluxo, precisamos identificar as condições que impulsionam a ludopoiese nas diferentes experiencialidades da vida humana. Esta perspectiva para olhar a emergência ludopoiética exige que tenhamos sensibilidade para perceber tal processo no interior da nossa corporeidade que se expande energeticamente para a formação de um campo transcorporal irradiante de alegria e beleza. Para avançarmos na compreensão desse processo, poderíamos discutir tais emergências intracorporais e intercorporais a partir da nossa própria autoformação humana, utilizando abordagens autoetnográficas, autobiográficas, autofenomenológicas, entre outras.

Comentários

Por Kadydja Karla Nascimento Chagas
em 2 de Julho de 2009 às 11:58.

Quais seriam os estudiosos que dariam suporte a esta discussão? Dentro do que observo e da minha experiência vejo possivel fazer a relação com Gardner, Pierrakos, Lowen, Serres, Maturana...

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 3 de Julho de 2009 às 06:01.

As teorias do fluxo e da autopoiese estariam no centro dessa configuração. O olhar para si e o investimento na autoformação humana do pesquisador para o exercício do sentir-pensar, da reflexividade vivencial seriam um grande diferencial para a utilização efetiva das abordagens autoetnográficas, autobiográficas e autofenomenológicas.

Por Ana Lucia de Araújo
em 3 de Setembro de 2009 às 08:01.

Considero o olhar para si a ação mais difícil. Quando voce acredita que transcendeu, estar intelectualmente autônomo, emergem outros tantos questionamentos e, se renovam as aprendencias que não são finitas.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 16 de Outubro de 2009 às 19:52.

Sobre o vivenciar do estado ludopoiético:

Hoje no nosso Seminário Corporeidade e Expressividade do PPGED/UFRN, participamos de uma vivência com a água que incluía o lava-pés em círculo utilizando caixas plásticas, onde construimos cenários aquáticos, posteriormente, sobre os nossos momentos marcantes ao longo da vida com a água. Participaram da vivência 28 educadores das mais diversas áreas de formação. Estamos no processo de reflexividade vivencial, utilizando um Blog específico que abrimos para facilitar o diálogo e a produção do conhecimento compartilhado. No entanto, outros espaços também devem ser utilizados para suscitar outros tipos de questionamentos sobre o vivido como formação humana na pós-graduação. A indagação que fazemos para a nossa reflexão centra-se nas condições que permitem o fluxo e a passagem para o estado ludopoiético: O que ocorreu de tão especial para cada um que vivenciou o lava-pés na nossa mandala humanescente? E a novidade da construção dos cenários na água? Conhecemos o "Jogo de Areia". Mas, o "Jogo com a Água" era primeira vez que estávamos experimentando...O que podemos dizer para outros educadores que não vivenciaram o processo? Sobre as emergências, o que podemos ressaltar?

http://corporeidadeeexpressividade.blogspot.com

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 18 de Outubro de 2009 às 21:14.

DEPOIMENTOS SOBRE A VIVÊNCIA DO LAVA-PÉS:

Luciane disse...

 

Uma vivência marcante!

Observar, tocar, massagear, lavar, acariciar os pés do teu amigo! Eis a proposta!

Mas é um Amigo que quase não conheces, que insegurança! A entrega, a humildade, a alegria, o cuidado, o carinho nos tornaram com toda certeza mais próximos!

E receber os mesmos cuidados ao mesmo tempo em que proporcionávamos ao amigo, muitas sensações diferentes podíamos vivenciar. Que energia!

Para mim, uma das vivências mais humanescentes do seminário!

Ao chegar em casa, assim que o sol se foi, fui regar meu jardim e horta descalça, para poder experimentar o solo molhado sob meus pés, me libertando de algumas amarras antigas, sem medo de sujar, de machucar! Maravilhoso!

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A água representa na minha corporeidade como sendo um dos elementos mais marcantes. Fui muito estimulada enquanto criança a manter o contato com a água e tento repassar aos meus filhos. Ao construir o cenário, esta preocupação está representada. Durante sua construção, o movimento da água, dificultando a montagem, assim como a movimentação dos demais participantes, me fizeram refletir sobre vários aspectos: a água é vibrante, mas também é serena! Relaxa mas também agita!É integradora! É prazerosa! Enfim, a água é viva!

 

Dorinha Farias disse...

 

Ainda estou com a presença do toque e massagem nos pés!!!

"Somente quem esquece de si mesmo é capaz de saborear a pura existência e sentir prazer nela". (Grün).

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Reconheço que cada toque me estimulou o relaxamento, revelando o quanto precisamos experimentar a libertação e semeou a cura através da massagem e o envolvimento emocional.

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A água, fonte viva da sabedoria e da existência dos seres vivos. Que bem precioso! Que tesouro! Cura, limpa, purifica, restaura, mata a sede... Sem água não há vida, só há deserto e aridez. Nosso próprio organismo é mais água do que outra matéria. Na construção de cada cenário, água movia alguns objetos pela sua força e desabrochou memórias. Vamos irrigar nosso jardim, que é o nosso coração...

 

Ana Lucia disse...

 

Durante a semana, fiquei conjecturando sobre essa experiência que pensei seria semelhante à imagem que nos foi enviada.

Mas, me surpreendi e minhas expectativas foram superadas...

Vivenciei uma experiência de uma alegria indescritível.

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Se fechar os olhos e, me remeter àquela vivência, posso sentir a textura dos pés que toquei.Toquei três pés: o meu e de duas colegas. E, nenhum era igual. Cada um carregava uma singularidade.Essa troca me remeteu a imagens de cenas de mulheres nuas cuidando-se. Não sei precisar qual a cena propriamente dita mais irei buscar...

 

Irapuan disse...

 

São tantos os pés... Existem os pés belos, os pequeninos, os grandões, os largos, os rosados, os macios, os ásperos... Existem também os pés lentos, cansados, machucados, exaustos pelas andanças da vida. Eu quero esses meus pés andantes e alados, para poder voar, e através dele, conhecer o mundo. Cuidar dos pés, massageá-los é uma forma de carinho, de amor.

Esses meus pés que foram tocados, massageados, cuidados, já não são mais aqueles mesmos pés que pisaram aquele solo... Eles transcenderam. Acredito que os das minhas colegas também...

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Quero ser como a água cristalina, que desce das montanhas formando cachoeiras, quero ver as gotículas de água florindo o planeta Terra com belas rosas. Só quem vive próximo a água sabe o que é felicidade. A água nos acalma, contagia, alegra e nos faz viver! Foi um prazer vivenciar esse Jogo.

 

Dorinha Timóteo disse...

 

O Lava-pés do Seminário da Expressividade foi maravilhoso. Foi um ato de amor, humildade e doação recíprocos. Para esta vivência formamos um ambiente alegre e descontraído e experienciamos um momento lúdico, prazeroso e inusitado de ser e estar num mundo maravilhoso. Mergulhamos na suavidade das águas e saboreamos o prazer da liberdade que a natureza nos proporciona. Nos encontramos com o outro e nesta outredade trocamos cuidados e carinhos numa profunda atitude humanescente.

Foi Maravilhoso, ainda estou sinestesiada por aquele momento...

 

 

http://corporeidadeeexpressividade.blogspot.com/2009/10/massageando-os-nossos-pes.html

 

http://corporeidadeeexpressividade.blogspot.com/2009/10/nossos-cenarios-aquaticos.html#comments

 

Por Vivianne Limeira
em 29 de Outubro de 2009 às 01:20.

A abordagem metodológica do "Jogo com a Água", novidade experimentada pela primeira vez, foi mais um instrumento para intensificar a autoformação humanescente. Ao criar esse ambiente na minha casa junto a minha família, meus pais e minha irmã - sentimentos de alegria, contentamento e harmonia perpetuaram no nosso lar. Essencial foi buscar as coisas naturais para compor e embelezar a cena do Lava-pés - o balanço das flores brancas e o girassol sobre a água e o agradável cheiro das folhas aromáticas exalando um intenso perfume no ambiente contribuíram para o desenvolver do fluxo. Meu pai ficou muito feliz e relaxado, como ele mesmo relatou, com a prática do Lava pés. Adorou a massagem em seus pés e o caminhar de olhos vendados guiado por mim, proporcionando pensamentos positivos e onde ele se imaginou onde poderia está. Todos relataram confiança, relaxamento e prazer na atividade. Era fim de tarde, começo da noite e todos eles voltavam dos seus trabalhos. Ficaram felizes e agradecidos pelo momento de pura descontração e bem-estar. Para mim muita alegria e autofruição pela confiança e receptividade da minha família com a vivência que realizei. Gratificante para nós quatro que experimentamos momento de intensa alegria e liberdade com a prática do Lava pés.

Por Katia Brandão Cavalcanti
em 29 de Outubro de 2009 às 02:36.

Na nossa pesquisa sobre o estado ludopoiético estamos registrando todos esses processos vivenciados nos nossos ateliês e nos respectivos laboratórios vivenciais de cada membro da BACOR/UFRN. O que provoca a mudança de um estado emocional para outro? Como criar as condições para que o estado ludopoiético possa emergir? Iniciativas autoformativas como esta contribuem para ampliar as nossas reflexões sobre o fenômeno da ludopoiese que estamos estudando. Obrigada Vivianne!


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