O Jorge Leão é professor do Instituto Federal do Maranhão. Tenho a honra em tê-lo como amigo. E o orgulho de ter trabalhado – e aprendido! – com ele por um bom período. Vez por outra me brinda com um de seus textos. Compartilho com vocês o que acaba de chegar:

O Jorge Leão é professor do Instituto Federal do Maranhão. Tenho a honra em tê-lo como amigo. E o orgulho de ter trabalhado – e aprendido! – com ele por um bom período. Vez por outra me brinda com um de seus textos. Compartilho com vocês o que acaba de chegar:

Mandamento de professores e médicos …

Quando o professor jura levar conhecimento e ciência para os alunos, no dia de sua formatura, tal empreitada deveria ser comparada a de um médico, que jura, também ao receber o diploma, que irá lutar incondicionalmente pela qualidade de vida de seus pacientes.

Por isso, se me permitam os documentos oficiais, o ofício de um professor pode ser comparado a um de médico. Os dois vivem situações de risco em seu dia-a-dia. Alguns dão receitas. Outros preferem olhar nos olhos de seus alunos. Alguns conversam sobre sua construção de vida. Outros distanciam o olhar de seus pacientes. Alguns receitam remédios. Outros, além disso, fazem seus pacientes e alunos sorrirem. Os remédios, às vezes, não fazem o efeito esperado. Às vezes, médicos e professores passam remédios que não fazem mesmo nenhum efeito, nem a longuíssimo prazo.

Contudo, a palavra final não cabe aqui a mim, que estando na condição de leigo na medicina, encontro-me na consciência inquieta de um professor de filosofia de escola pública. Penso, porém, que educação e medicina deveriam ser vistas como terapias, isto é, como serviços para elevação do ser. Como estas duas escolas estão infelizmente situadas de modo dissociado, as filas nos hospitais retratam o modo como a política do governo pensa a saúde e a educação, uma vez que os corredores das escolas públicas são muito parecidos. Gente sem luz no olhar. Uns com medo da prova, os alunos, opacos. Outros, com medo do exame médico.

Penso também que o risco de uma educação fragmentada é o mesmo da medicina que trata apenas de sintomas do corpo. As duas abordagens matam do mesmo modo. A diferença é que, no caso do professor, aparentemente o óbito é mais demorado.

Se o mandamento de um serviço é doar todos os recursos para a manutenção de seu propósito primordial, tanto na educação como na medicina o alvo é a saúde integral do ser (corpo, mente, psiquismo, espírito), necessariamente então se trata de um esforço individual e coletivo, para que a escola e as clínicas trabalhem conjuntamente. Além da política de governo, que deve efetivamente pensar a realização desta utopia.

Não que os professores saiam da escola para mesas de cirurgia, mas para oportunizar vivências ecológicas no espaço saturado dos hospitais e clínicas. Os médicos, por sua vez, podem prestar serviços valorosos à comunidade escolar e à comunidade em que se situa a escola, como práticas de prevenção de doenças sexuais, viroses, qualidade de vida, alimentação natural.

Assim, os professores levariam a cura aos que perderam a esperança da cura, a alegria da vida, e os médicos seriam educadores para aqueles que andam distraídos de sua saúde, pois acreditam erroneamente que só se adoece quando o sintoma aparece. Os espaços não são engessados fisicamente, escolas e hospitais podem acolher tanto um quanto o outro de modo orgânico. O lugar do professor é o mundo, além da escola deve chegar a espaços como hospitais. O lugar do médico é o mundo, além dos hospitais e clínicas deve visitar espaços como a escola e a comunidade em seu entorno.

Namastê!

Jorge Leão

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão

São Luís, 02 de abril de 2010

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