Estamos avançando nos estudos para a construção do método corpográfico de investigação e de intervenção. Para esta estruturação, os conceitos da Psicanálise com Freud, Reich, Lowen, Pierrakos, entre outros têm sido de grande importância. Estamos abrindo o diálogo para além da nossa Base de Pesquisa BACOR/UFRN, criando um movimento para poder problematizar novos conceitos que tenham origem pulsional.
Comentários
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Ana Tania Lopes Sampaio
em 23 de Dezembro de 2009 às 06:33.
Considero essencial esta construção para enterdermos a influência das nossas histórias corpografadas no decorrer da nossa prática cotidiana
Monteiro (2004, p.97;p.112-113), analisando a relação entre o corpo e o tempo nos diz:
Falar sobre tempo é deveras intrigante e complexo, porque ele é dinâmico e fugidio. Nós o entendemos por uma linguagem linear; por isso, quando dizemos que algo faz sentido, é porque existe continuidade, direção no tempo vivido. É o tempo gerando ação, dinâmica dos sentidos, construção de histórias. Como poderíamos nos expressar no mundo se não tivéssemos a capacidade de construir histórias? Não seríamos hábeis em criar realidades para a vida. [...]
O nível de energia corporal estará mais ou menos pronunciado dependendo da relação com nós mesmos, com os outros e com o meio. É por intermédio do fluxo contínuo de energia que agimos no mundo, embora nem sempre esse mundo pareça seguro...O corpo é mutável, não somente devido à ininterrupta dinâmica orgânica, mas também pelos pensamentos e sentimentos, sejam eles conscientes ou não.
Conexão corpo, cérebro e mente. Uma questão tão bem estudada pela neurociência, mas que ainda gera diversas interrogações científicas. Ao relacionar os pensamentos, as nossas emoções e sensações, temos um circuito gerador de imagens. Ou seja, o conteúdo essencial dos sentimentos é um estado corporal mapeado. A isso Damásio (2004, p.65) chama de apresentações, para ele:
A cadeia de fenômenos que leva à emoção inicia-se com o aparecimento na mente de estímulo-emocional-competente. Em termos neurais, as imagens do estímulo competente são apresentadas nas diversas regiões sensitivas que mapeiam as suas características, por exemplo, nos córtices visuais ou auditivos. Chamamos a essa parte do processo a fase de “apresentação”. (grifo do autor)
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Nei Alberto Salles Filho
em 23 de Dezembro de 2009 às 09:46.
Olá a todas e todos!
Kátia, vc me perdoe que saí do campo das referências mais adequadas, mas me deu tanta vontade de participar e contribuir...rs!
São passagens interessantes...enfimmm
Retomando Santin e com algumas questões do livro RITUAIS DA ESCOLA de MacLaren.
Abraços
Nei
Pelo caminho educacional chega-se às questões básicas do que se pode ou se deve entender por educação física. Educar quem? O homem. Mas que homem? Todo o homem ou apenas o corpo? Educar o corpo sob que aspecto? O que se pretende ensinar com educação física? Treinar e educar? Movimentos, performances, rendimentos devem ser os resultados da educação física? E os desempenhos existenciais ou a expressividade corporal devem merecer atenção? (SANTIN, 1987, p.26)
A estas questões colocadas por Santin, ampliamos com o entendimento de Connell[11] que afirma que o corpo nunca está fora da história, e a história nunca está livre da presença do corpo e de seus efeitos. As dicotomias tradicionais subjacentes ao reducionismo agora têm que ser substituídas por uma explicação mais adequada e complexa das relações sociais nas quais essa incorporação e interação ocorrem. (Connell , p.87)
Continuando a busca de identificação da Educação Física, pode-se afirmar que a sua realidade é a realidade humana. O homem é corporeidade e, como tal, é movimento, é gesto, é expressividade, é presença. Maurice Merleau Ponty descreve esta presença do homem como corporeidade, não enquanto o homem se reduz ao conceito de corpo material, mas enquanto fenômeno corporal, isto é, enquanto expressividade, palavra e linguagem. O homem instaura sua presença , ou define sua fenomenologia, como corporeidade. Aqui, justamente neste espaço, está a Educação Física. Ela tem que ser gesto, o gesto que se faz, que fala. Não o exercício ou o movimento mecânico, vazio e ritualístico.(SANTIN, 1987, p.27)
Considerando estas questões, como pode a História do corpo contribuir neste sentido? Nesse ponto recorremos a algumas considerações feitas por McLaren[12] que parecem mediar as questões macro e micro-estruturais na construção de nosso objeto.
Para McLaren, uma das categorias cruciais freqüentemente negligenciadas pelas teóricos da ideologia é a do corpo e a maneira pela qual ele se inscreve na geografia do desejo através do ritual[13]. A ideologia é para sintetizar discurso ao qual é dada uma frase. A maneira pela qual ritualizamos nossas vidas é cultura somatizada - cultura encarnada em nossos atos e gestos e através deles.
A ideologia não pode ser teorizada em termos puramente cognitivos de forma que crenças falsas constituam informação inadequada ou comunicação distorcida. A ideologia está fundamentalmente relacionada à política do prazer e do corpo. Ideologia, situa-se no mundo do movimento; ela “tematiza” seu meio através do gesto corporal significativo.(McLAREN, 1992,p.348)
Resnick[14] escreve que a escola geralmente focaliza o indivíduo, atividades isoladas e desempenho do indivíduo, ao passa que o trabalho mental fora da escola é, freqüentemente, socialmente compartilhado. A escola cultiva o pensamento simbólico no qual os símbolos são com demasiada freqüência desligados de seus referentes, enquanto a atividade mental fora da escola está mais diretamente ligada a objetos e situações. Portanto em situações culturais que são produtos e significados da construção histórica. O ritual, nesse sentido, é o contexto do corpo transformado em ideologia. Toda prática social, incluindo a de “ser escolarizado”, exige o corpo.
Portanto, devemos ficar atentos a como a construção histórica do corpo é absorvida subjetivamente pelas pessoas (trabalhadores, estudantes e professores) de forma que se torna parte da consciência cotidiana. Essas e outras questões devem ser pensadas. Como diz McLaren, “nós continuamos abertos à práxis da possibilidade.”
Parece que ao situarmos historicamente o corpo, num determinado tempo e espaço, contribuiremos significativamente nas análises da Educação Física. Porém, pode não ser suficiente. O corpo que foi historicamente construído, reflete tudo isso através de seus movimentos e gestos e isso, não pode deixar de ser considerado, portanto deve-se estar atento e aberto às percepções das questões históricas, antropológicas, fenomenológicas, etc...
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Katia Brandão Cavalcanti
em 23 de Dezembro de 2009 às 12:06.
Retomando...
“Para McLaren, uma das categorias cruciais freqüentemente negligenciadas pelas teóricos da ideologia é a do corpo e a maneira pela qual ele se inscreve na geografia do desejo através do ritual[13]. A ideologia é para sintetizar discurso ao qual é dada uma frase. A maneira pela qual ritualizamos nossas vidas é cultura somatizada - cultura encarnada em nossos atos e gestos e através deles”.
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“Parece que ao situarmos historicamente o corpo, num determinado tempo e espaço, contribuiremos significativamente nas análises da Educação Física. Porém, pode não ser suficiente. O corpo que foi historicamente construído, reflete tudo isso através de seus movimentos e gestos e isso, não pode deixar de ser considerado, portanto deve-se estar atento e aberto às percepções das questões históricas, antropológicas, fenomenológicas, etc”.
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Nei,
Para nós que pretendemos aprofundar questões vivenciais do corpo e da corporeidade por diferentes abordagens fenomenológicas o problema está no desenvolvimento de métodos e técnicas de investigação e condições teóricas de interpretação. Concordo com os destaques acima, exatamente porque exigem mais aprofundamento sobre as escritas corporais. Como descrever as cicatrizes da violência do bullying na escola, por exemplo? Os pesquisadores precisam arriscar mais... Importantes teorias do humano foram construídas com estudos de caso cuidadosamente observados, documentados, analisados e interpretados. Estou redescobrindo coisas muito interessantes na obra de Freud que foi traduzida diretamente do alemão para o português. Precisamos ousar mais...
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Leyla Regis de Meneses Sousa
em 3 de Março de 2010 às 22:20.
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Leyla Regis de Meneses Sousa
em 3 de Março de 2010 às 22:34.
OLÁ !!!
Achei muito interessante o método corpográfico, uma vez que os reflexos do corpo manifetados na subjetividade tem muito a ver com o meio no qual o corpo está inserido.
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Katia Brandão Cavalcanti
em 3 de Março de 2010 às 22:59.
Leyla,
Estamos iniciando mais um semestre letivo na nossa linha de pesquisa Corporeidade e Educação no PPGED/UFRN e vamos nos dedicar a algumas questões corpográficas. Pretendemos avançar bastante nas nossas abordagens metodológicas para o estudo da corporeidade. Utilizaremos este espaço para divulgar as nossas reflexões sobre o nosso Ateliê de Pesquisa da Corporeidade durante o semestre 2010.1. Um abraço, Katia
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Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 8 de Março de 2010 às 16:19.
Kátia, vamos trazer essa oficina para o Congresso do CEV no Maranhão? com possibilidades de transmissão para a nuvem dos principais vetores... pode ser um bate-pronto entre voce e o Santin (alguem me dá noticias do Mestre? há tempos não sei nada dele, nem recebo alguma coisa...) via internet ou ao vivo e a cores... mais alguém pode4ria entrar nessa quadra? quais sao os cinco gatekeeprs dessa area, hoje, no Brasil?
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Katia Brandão Cavalcanti
em 10 de Março de 2010 às 21:06.
Leopoldo,
Nossos estudos sobre as corpografias ainda estão se configurando lentamente. Para o Congresso do CEV no Maranhão, vamos iniciar a discussão sobre uma programação que seja bastante estimulante e que possa promover algum avanço significativo para os estudos da corporeidade. Um grande abraço, Katia
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