Cevautas dos Desportos Aquáticos,
A turma da mudança na Natação tem um bom aliado no Blog do Masca. Seguir, com-partilhar e engrossar fileiras. Laercio
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013 A revolta das águas Em 1988, eu fazia seleção para ingresso no curso de educação física da UFJF. Como a maioria dos jovens que optam pela formação em educação física, cuja motivação e interesse pelo curso se explicam por sua experiência com os esportes e outras práticas corporais, eu projetava naquela opção o prolongamento da minha experiência com a natação. Desde então, passaram-se quase 25 anos... No início, nadava na faculdade e, mais tarde, além de árbitro federado, cheguei a trabalhar à beira da piscina. Mas já faz tempo que abandonei a natação e hoje ela só existe para mim como prática de lazer. O fato é que as bifurcações da vida trataram de me trazer para um outro espaço de intervenção profissional. Mas se eu deixei a natação, tem muita gente que não... que bom! Agora tem um sujeito em particular que parece gostar muito da natação, ou do que a natação vem lhe garantindo, Coaracy Nunes Filho, presidente da CBDA, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Desde o mesmo ano de 1988, Coaracy está mumificado à frente do posto. É o cartola mais longevo do esporte nacional, superando Nuzman, Steinhilber e companhia ilimitada... e, pasmem, deve ser reeleito em março próximo, perpetuando-se no poder até 2017. "Há [25] anos, eu me casei com a CBDA. Não poderia ter feito um bom trabalho se não tivesse ficado esse tempo. Estou com a consciência tranquila. Se (o mandato) é longevo, não interessa. O que importa é a qualidade da gestão", justifica em entrevista ao portal Lancenet. Foi a partir da leitura do Blog do José Cruz que me senti estimulado a escrever este post. A natação brasileira tem uma grande número de adeptos e já produziu bons resultados em termos de alto rendimento. Consta, inclusive, como modalidade vital nas apostas do COB para os Jogos Rio 2016, isto é, no Plano Time Brasil. Mas penso que a popularidade e os resultados da natação se devam à própria tradição do esporte, cuja primeira medalha veio em Helsinque 1952, um bronze conquistado por Tesuo Okamoto.Atualmente, tem contado a favor da natação o incremento obtido a partir do patrocínio dos Correios. É sobre isso que Cruz escreveu, sobre os R$ 158 milhões de patrocínio dos Correios repassados a CBDA nos últimos 20 anos. Fazendo as contas, é uma média de R$ 7,5 milhões/ano ou R$ 626 mil por mês. Não é bom iniciar o ano falando de coisa ruim, mas como encerrei 2012 pedindo democracia e transparência na gestão do esporte brasileiro, não custa registrar que minha carta ao Papai Noel ou foi extraviada pelos Correios ou não encontrou nem padrinho e nem madrinha. De todo modo, a partir da leitura do blog do Cruz fiquei sabendo de duas boas notícias. A primeira é que já dá para acionar a Lei da Transparência para termos acesso aquilo que sempre foi uma caixa-preta, as informações referentes aos contratos de patrocínio das estatais ao esporte nacional. Isto pode ajudar batante nas pesquisas que envolvem a temática das políticas públicas de esporte e lazer. Neste caso, os contratos dos Correios com a CBDA foram solicitados e analisados pelo ex-nadador Julian Romero, e várias irregularidades foram apontadas quanto à sua execução. A segunda boa notícia é que Julian, irmão do também ex-nadador Rogério Romero, lidera um movimento de oposição à gestão de Coaracy, o Muda CBDA, movimento que conta com outros ex-nadadores e técnicos como Eduardo Fischer, Carolina Moncorvo, João Reynaldo Nikita e Rodrigo Rocha Castro.
Tomei emprestado em programa da ESPN sobre este movimento o título para esta postagem, a revolta das águas.
O movimento chegou a formar uma chapa de oposição para as eleições que ocorrem em março, mas teve o seu registro indeferido. Havia a necessidade de que a chapa obtivesse previamente o apoio formal de pelo menos cinco federações estaduais para o direito de se candidatar, uma cláusula de barreira imposta pelo Regimento Interno da Assembleia Geral da CBDA.
Ainda assim, é positiva a notícia de um movimento de ex-atletas e técnicos exigindo democracia e transparência na gestão do esporte.
O fato é que estatutos e regimentos da quase totalidade das entidades ligadas ao esporte - e o mesmo acontece com o CONFEF no mundo da educação física - inibem e dificultam ao máximo a organização de movimentos oposicionistas. Por isso, como é difícil que a mudança venha por dentro e de baixo, talvez seja necessária que ela venha de fora e por cima.
É preciso condicionar a liberação de recursos públicos - inclusive dos Correios - apenas para aquelas entidades esportivas que renovem suas diretorias e limitem os mandatos de seus dirigentes a apenas uma reeleição, este é um um desejo antigo dos setores progressistas do esporte brasileiro.
Muda CBDA! Muda esporte brasileiro!
FONTE: http://blogdomasca.blogspot.com.br/2013/01/a-revolta-das-aguas.html
Comentários
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 11 de Janeiro de 2013 às 12:23.
Apenas alguns reparos.
Nuzman foi eleito presidente da Federação Metropolitana de Voleibol (FMV) em 1973; em 1975 foi eleito presidente da Confederação Brasileira de Volley-Ball (CBV), tendo permanecido no cargo até 1995, quando assumiu o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), antigo reduto de militares de pijama que nada faziam.
Quanto à renovação de mandatos de presidentes calcado em apenas uma reeleição é bastante discutível em certos momentos da conjuntura do Brasil, pois sabemos o que ocorre na área política - continuidade ou renovação, o que seria conveniente? Assim como em política, são muitos os interesses envolvidos e a turma que está de fora, certamente, deseja entrar na festa. Vejam o caso do PT e o mensalão, envolvendo estatais - Banco do Brasil e ministérios.
Além dos mais, dado o conflito de interesses e politicagens, torna-se bastante difícil a qualquer dirigente, competente ou não, honesto ou não, realizar em curto ou médio prazo, administrações realmente significativas. Lembrando que os mais longevos quando começaram seu trabalho pouco ou nada tinham. Tudo foi sendo construído a pouco e pouco. Não quero dizer com isto que foram ótimos e honestos (como colocado pelos opositores ao sistema). Acrescente-se a formação de uma equipe de trabalho e seu treinamento necessário. Imaginem o desperdício se, 4-8 anos depois todos fossem exonerados para a entrada de outra equipe sem o devido preparo.
Quanto ao que se propala sobre corrupção, seria sensato que alguma instituição independente, como existe na Europa, desse sua cooperação fiscalizadora de possíveis envolvimentos de dirigentes com enriquecimentos ilícitos (quando for o caso, e que se comprove). Uma delas é a Play the Game, uma organização que luta pela transparência nos desportes. O seu diretor Jens Sejer Andersen foi ao Parlamento Europeu em 18.12.2012 para denunciar casos de corrupção no voleibol e andebol. (Ver www.procrie.com.br/corrupcaonafivb/) . No Brasil, se formos esperar pelos Tribunais de Contas a história se encarrega de nos dizer o que deixam de realizar.
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