Cevnautas, parece que o pessoal ficou zangado. O que a turma da comunidade acha? Laercio
08/11/2012 11h22 - Atualizado em 08/11/2012 13h40
Adeus de parque aquático deixa nadadores e técnicos incrédulos
Júlio Delamare será demolido em virtude das obras no entorno do estádio do Maracanã. Profissionais reclamam do motivo: criação de estacionamento
Por SporTV.com Rio de Janeiro
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Nadadores, técnicos e parte da própria população do Rio de Janeiro estão incrédulos com a notícia de que o Parque Aquático Júlio Delamare, um dos principais palcos de competição do país, será demolido em virtude das obras de reforma do estádio do Maracanã, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. A promessa de construção de um novo complexo, próximo ao antigo local, não convence aqueles que utilizam as piscinas do tradicional complexo e lamentam o motivo que consideram simples demais para o adeus de um dos símbolos do esporte brasileiro: a criação de um estacionamento (assista ao vídeo acima).
- A partir do dia em que a gente precisar fazer índices, que a gente precisa de uma piscina rápida, a gente vai ficar devendo. É só lembrança mesmo. Tem que ficar na cabeça, porque vai virar terra. Para os políticos que decidirem isso, se eles estiverem assistindo, que façam outra piscina. Faz outra que a gente está precisando - afirmou Cesar Cielo, medalhista de bronze nos 50m livre nos Jogos de Londres.
Cesar Cielo, Trofeu José Finkel (Foto: Satiro Sodré / Agif)Cesar cobra criação de novo parque
(Foto: Satiro Sodré / Agif)
Um dos parques aquáticos mais tradicionais do país, o Júlio Delamare foi construído em 1978 e se encontra dentro do Complexo do Maracanã, ao lado do estádio de futebol, na Zona Norte do Rio, e é considerado por muitos atletas o melhor do país. Assim como o estádio vizinho de atletismo Célio de Barros, deverá ser destruído de acordo com o edital de licitação divulgado em outubro pela Prefeitura da cidade, que delineia os pontos a serem cumpridos pelo concessionário das obras. O objetivo é adequar o Maracanã aos padrões de qualidade da Fifa e torná-lo mais rentável - o que explica a criação de um estacionamento.
- Nós estamos nesse edital autorizando ou determinando, melhor dizendo, que o concessionário faça a demolição para se abrir espaço dentro do complexo, para que se possa dotar o espaço dos equipamentos necessários para que ele possa funcionar a contento, atrair cada vez mais público e fazer do futebol um espetáculo cada vez melhor - explica Régis Fichtner, secretário estadual da Casa Civil.
Palco repleto de momentos marcantes
Recheado de histórias, o Júlio Delamare recebeu as principais competições do país durante mais de trinta anos e já foi palco de uma marca impressionante. Há 12 anos, a holandesa Inge de Bruin bateu o recorde mundial no 50 metros livre, quando nadava pelo Vasco da
Gama.
Poliana Okimoto lamenta o adeus do Júlio Delamare (Foto: Reprodução SporTV)Poliana Okimoto lamenta o adeus do Júlio Delamare
(Foto: Reprodução SporTV)
- Na piscina, no Rio de Janeiro, no Brasil, naquela época, era muito difícil trazer estrangeiro para cá, tinham pouquíssimas competições internacionais no Brasil, e ter um recorde mundial foi algo que entrou para história - afirma a nadadora Poliana Okimoto.
A primeira edição do Campeonato Mundial Júnior, realizado em 2006, ocorreu na piscina do Júlio Delamare, assim como a etapa do circuito da Copa do Mundo. Além disso, o parque recebe as principais competições nacionais de diversas modalidades, como nado sincronizado e saltos ornamentais. A sede da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) também funciona no local.
Com 18,5 mil metros quadrados de área e capacidade para 5 mil pessoas, o parque é um dos maiores da América Latina. Em 2007, passou por uma grande reforma, com investimentos de R$ 10 milhões do governo, para sediar o torneio de polo aquático dos Jogos Pan-Americanos do Rio.
Para o mesmo evento, foi inaugurado o Parque Aquático Maria Lenk, na Zona Oeste da cidade, mas sua utilização é até hoje questionada.
- O complexo Maria Lenk é estrondoso, imenso, feito para fazer grandes eventos. As federações e confederações não têm condições de fazer eventos lá, temos custos, é um parque aquático onde qualquer evento some - afirma Marcos Firmino, presidente da Federação Aquática do Rio de Janeiro.
Arilson Silva, técnico dos nadadores olímpicos Bruno Fratus e Felipe França, vai além.
- Com certeza, a gente precisava de mais uns 20 Júlio Delamares e mais uns 20 Maria Lenks, principalmente, espalhados pelo país - diz.
- A própria organização da Copa do Mundo entende a grandeza desse parque aquático. Eu não gostaria também que, depois do Mundial, acabassem com o Maracanã. É a mesma coisa que nós estamos sentindo - completa Silva.
Atletas reclamam, assim como frequentadores
O Júlio Delamare continua a sediar competições aquáticas, mas também recebe projetos sociais para crianças, idosos e deficientes. São mais de dez mil pessoas atendidas. Autoridades do Rio ainda avaliam a melhor forma de dar prosseguimento ao projeto.
- Ele é necessário não só para nós, idosos, como para pessoas especiais, para as crianças, fora todo o projeto que tem aqui - defende a enfermeira Regina Loroza.
Medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio e considerada uma das melhores atletas de maratona aquática do Brasil, a paulista Poliana Okimoto vê a demolição do complexo como um ponto negativo das Olimpíadas no Rio.
- A gente sempre pensa que, com os Jogos no Rio, vai melhorar, vai acrescentar mais coisas, mas é o contrário. A gente perdeu uma piscina e uma piscina ótima. Ali é o palco da natação. Foi durante muito tempo a melhor piscina que a gente tinha para nadar, melhor piscina pra competir - disse a nadadora.
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Detentor de duas medalhas de ouro no Pan do Rio, Kaio Márcio se diz triste com a possibilidade de destruição do parque.
- Quando eu comecei na natação competitiva, eu comecei lá no Júlio Delamare. Foi meu primeiro título de campeão brasileiro infantil.
Para o ex-nadador Gustavo Borges, dono de duas medalhas olímpicas de pratas e duas de bronze, é impensável o atual plano de demolição.
- Existe um contexto que é a questão de Copa do Mundo, de estádio, de estacionamento, de uma série de coisas que, se você agir com o coração e pensar, você vê que vai tirar uma piscina tão bonita, uma história, para colocar um estacionamento.
Os detalhes do projeto, como os prazos de demolição e reconstrução, serão debatidos com a sociedade em uma audiência pública neste dia 8 de novembro. A única certeza, por enquanto, é de que o complexo será de fato demolido.
Comentários
Por
Scheyla Althoff Decat
em 8 de Novembro de 2012 às 23:14.
Prezado Laércio
É lamentável e um verdadeiro absurdo o que vão fazer com o Parque Júlio Delamare palco de grandes conquistas. Trata-se da piscina mais rápida para otenção de índices.Meu filho como ex nadador está revoltado.
Abraços
Scheyla
Por
Scheyla Althoff Decat
em 11 de Novembro de 2012 às 01:59.
Prezado Laércio
Sobre a necessidade de haver piscinas para a preparação para a seletiva da Rio 2006 e campeonatos mundiais leia o linke abaixo que é muito importante para a matéria discutido neste debate
Abraços
Scheyla
Por
Edison Yamazaki
em 13 de Novembro de 2012 às 00:28.
Posso estar sendo de uma frieza nipônica, mas acho que demolir esse complexo aquático para ser construído outro num lugar melhor, é mais coerente. Por mais lembranças que essa piscina possa trazer, as coisas precisam caminhar, e para frente.
O problema é se não construírem outro complexo aquático e a população e os atletas ficarem a "ver navios". E isso é bem capaz de acontecer com os políticos atuais.
Mas, demolir para fazer algo melhor não deve ser encarado com coisa ruim.
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