Efeito Phelps gera o dobro de pupilos de Cesar Cielo.
Michael Phelps, oito ouros nos Jogos de Pequim, maior nadador de todos tempos.
Cesar Cielo, campeão olímpico e mundial, recordista da mais nobre prova da natação, principal nadador do Brasil.
Dois atletas que já transformam de forma drástica a história do esporte em seus países. Nunca EUA e Brasil viram crescer tanto o número de competidores em suas piscinas.
Mas o crescimento mostra também um abismo. Os dois países ainda vivem realidades díspares em termos de investimento e aproveitamento de seus garotos-propagandas.
O efeito Cielo no aumento do número de atletas tem menos da metade do impacto do fenômeno Phelps nos EUA, revela levantamento da Folha.
Entre 2008 e 2009, o número de nadadores ligados à confederação de natação norte-americana aumentou 11,2%, o maior crescimento da história. No mesmo período, o Brasil ganhou 5% a mais de confederados --atletas inscritos na entidade que comanda a natação.
"Em ano pós-olímpico, sempre há crescimento, mas não esperávamos tanto. Nossa média é sempre entre 7% e 8%. Com certeza, o efeito Phelps ajudou", afirma Mike Unger, diretor de natação da confederação norte-americana.
O antigo recorde havia sido estabelecido após os Jogos de Barcelona-1992: 10,1%.
No último ciclo olímpico, após Phelps brilhar com seis ouros na Olimpíada de Atenas-2004, o aumento foi de 7,2%.
O Brasil não tem dados anteriores que possibilitem mensurar esse crescimento. Mas os dirigentes são unânimes ao dizer que nunca houve tanta procura pela natação como agora.
Nos anos 90, a confederação tinha 8.000 filiados. Hoje, ostenta mais de 107 mil atletas.
Em São Paulo, centro que concentra os principais clubes da modalidade, o número de federados cresceu 15% em relação à temporada anterior.
"No último Mundial, estivemos em 18 finais. As pessoas veem um grupo maior chegando lá. E o Cielo é o principal nome. Isso leva mais gente para a natação. Hoje, os torneios de categorias [de base] têm no mínimo 600 atletas, número inédito. Nunca houve tantos alunos em escolinhas", diz Coaracy Nunes Filho, presidente da confederação brasileira.
"Quando o Gustavo [Borges] e o [Fernando] Scherer ganharam medalhas, praticamente só havia eles. E a confederação não estava tão bem preparada para colher os frutos como agora", completa o dirigente.
Um exemplo da preparação dos norte-americanos é o fato de a confederação já ter elaborado seu planejamento de ganhos e gastos até 2012, que estão disponíveis na internet.
"É difícil planejar, ainda mais com crise, mas é necessário. E temos de aproveitar esses saltos [de crescimento]. Medalhas como as do Phelps nos dão muito mais visibilidade e, como nossos projetos estão prontos, fica fácil tirar o máximo dessa onda", afirma Unger.
fonte: Folha de São Paulo
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