[NB.: Debate ocorrido na CEVCafé]

Por João Batista Freire da Silva

em 22-08-2009, às 18h32.

 

Sim, eu sei que há uma comunidade que discute doping, mas não sou especialista e só sei o suficiente para uma conversa de café ou de botequim. Quero fazer um exercício de imaginação: tem muita gente por aí que acha que os comitês deveriam desistir da ideia de perseguir os dopados. Deixem para lá, que se dopem, é um problema de cada um, dizem. Se o atleta quer se drogar, se quer morrer, é um problema dele. Vamos imaginar que isso ocorra um dia, que não haja mais controle. E tome de anabolisantes, EPO, interferências genéticas, etc. Recordes cairão, até o dos 1500 metros feminino e o dos 200 metros feminino. Só que, depois de algum tempo, provavelmente, começarão as mortes, algumas de gente famosa. E aí, mesmo não havendo mais controle por parte dos comitês, a opinião pública ficará chocada. Haverá um controle diferente, portanto: as pessoas comuns ficarão sabendo do problema e ficarão muito chocadas com as doenças e as mortes que ocorrerão, sem dúvida. Então, possivelmente, a opinião pública clamará contra esse esporte que faz esse tipo de mal para as pessoas. O povo, que acha que esporte faz bem, talvez comece a achar que esporte não presta, já que mata gente que se drogou para satisfazer ambições pessoais e de instituições. É, principalmente, por isso, que um dia poderia acontecer, que é complicado achar que deveríamos parar de nos preocupar com os controles de doping. Não é só uma questão de cada atleta decidir por sua vida, porque não é um problema só individual, mas social.

 

Por Alvaro Ribeiro

em 22-08-2009, às 19h51.

 

Ocorre que as mortes já existem. Ainda que não haja nenhum estudo epidemiológico (que eu conheça) para provar esta asserção há ao menos dois trabalhos sobre a mortalidade dos vencedores do ’Tour de France’ (ciclismo) [1] e sobre a MENOR EXPECTATIVA DE VIDA dos atletas profissionais norte-americanos [2].

[1] Mondenard de J.P. (2000), Dopage, l’imposture des performances, Paris : Chiron éditeur.

[2] Pracontal de M. (1998), « Quand le sport tue », Le Nouvel Observateur, 19-25 novembre.


Por João Batista Freire da Silva

em 22-08-2009, às 20h50.

 

Uma ou outra morte não chamam muito a atenção. No meu caso imaginário, seriam muitas mortes, uma atrás da outra. E só isso chamaria a atenção. Há um silêncio cúmplice em torno das coisas escabrosas do esporte. Se um político paga passagem aérea para parentes com verba do Senado, sai em todos os jornais, todo mundo comenta. Se nossos atletas são dopados, há quase um silêncio geral. Há silêncio sobre a tortura nos treinamentos. Há silêncio sobre o trabalho infantil no esporte. Há silêncio sobre o tráfico de drogas dopantes, etc.

Comentários

Nenhum comentário realizado até o momento

Para comentar, é necessário ser cadastrado no CEV fazer parte dessa comunidade.