A matéria em francês valeur a pena ser traduzida na íntegra
Este produto permite a introdução discreta no organismo de um gene
supelementar da EPO. Uma arma temível
Tudo começou em Janeiro de 2006 no curso do processo do antigo
treinador da Alemanha Oriental Thomas Springstein. Os investigados
revelaram ter encontrado então em sua casa a pista de um e-mail onde
se podia ler: “É muito difícil de conseguir o novo Repoxygen. Me dê
por favor novas instruções de modo que eu possa encomendar os produtos
antes do Natal”.
Até então, o Repoxygen era somente um futuro “gene-medicamento”
desenvolvido por uma empresa obscura de biotecnologia britânica, a
Oxford Biomedica, para combater a anemia severa. Um gene-medicamento é
simplesmente um DNA humano capaz de, uma vez injetado no músculo do
indivíduo, produzir uma substância vital (hormônio, proteina) que os
genes naturais do doente não podem produzir. É a base da terapia
gênica. O Repoxygen contém uma cópia normal do gene humano da famosa
EPO, esse hormônio renal que desencadeia na medula óssea a produção de
uma grande quantidade de glóbulos vermelhos.
A EPO tornou-se a vedete do doping high-tech há mais ou menos uma
década atrás, mas os dopados sabem que os exames anti-doping podem
detectá-la. Eis de onde surgiu a idéia deste doping genético mais
difícil de detectar.... Os testes com animais do que devia se tornar
uma terapia gênica foram decepcionantes : babuínos que receberam o
Repoxygen por injeção intra-muscular se puseram a fabricar o hormônio
EPO em tal quantidade, e de modo tão incontrolável, que eles produziam
quilos de glóbulos vermelhos. Era preciso sangrá-los diariamente para
que sobrevivessem !
Um outro estudo em primatas também virou um drama : a injeção
desencadeou uma reação relâmpago de defesa do organismo e os animais
tendo se tornado incapazes de produzir novamente glóbulos vermelhos
tornaram-se rapidamente tão anêmicos que fora preciso praticar-lhes a
eutanásia..
Desvio terapêutico
A vontade de dar outro rumo à terapia gênica médica “legítima” por
atletas e treinadores para fins de doping não nasceu ontem e não diz
respeito apenas à EPO. Genes da Insulina, do Hormônio do
Crescimento, da testosterona ou de fatores do crescimento estariam nos
próximos anos no programa das farmácias especializadas e da equipe
médica dos atletas.
Aliás, desde 2003, a comissão de Genética da Agência Mundial
Antidoping ficou furiosa : a Ama financiou 25 programas de pesquisa
nos laboratórios da Dinamarca, Suécia, Estados Unidos e França.
Trata-se de detectar nos ’dopados’ a presença do gene suplementar do
hormônio de crescimento, da EPO e da miostatina. Presume-se que outros
trabalhos realizados pela Universidade da Flórida e o INSEM, em Nantes
coloquem a disposição testes eficazes de detecção dos vírus que servem
como veículos dos genes do doping.
Mas, até agora, nenhum projeto resultou em um teste válido por via
sanguínea ou urina. O doping genético só pode ser descoberto
fazendo-se uma biopsia nos músculos dos atletas !
Repoxygen foi abandonado no seu desenvolvimento clínico pela Oxford
Biomedica em 2007 : caro demais comparado aos outros tratamentos
eficazes e já autorizados para as anemias. Mas os atletas estão
dispostos a tudo : quando Lee Sweeney, um biólogo da Universidade da
Pennsylvania, criou no começo dos anos 2000 os ratos «Schwarzenegger»
com 30% a mais de massa muscular em lhes injetando um gene IGF1 que
controla o crescimento muscular, ele foi inundado de pedidos de
atletas. Todos voluntários, quaisquer que fossem ser as conseqüências
por terem se tornado cobaias humanas. E sites da Internet já fazem a
promoção de produtos de doping genético como o Repoxygen...
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