Cevnautas, continuo em busca de almas estudiosas da adição & atividade física. Laercio

Será o fim das dependências?
Investigadores da UMinho descobrem potencial abordagem farmacológica
2011-11-03

Ratos expostos, antes do nascimento, a uma substância frequentemente dada a grávidas revelam maior tendência para a adição, descobriu um grupo de investigadores da Universidade do Minho (UMinho). Mais que isto, os cientistas também observaram que esse comportamento é reversível através de outro fármaco, avançou a LUSA.

Para realizar a experiência, a equipa liderada por Ana João Rodrigues e Nuno Sousa, avaliou “as consequências da administração de glucocorticoides (hormonas de stress), tipicamente administradas em situação de ameaça de parto pré-termo em grávidas, num modelo animal (ratos)”.
Foram avaliadas “as crias quando elas eram adultas” e “o comportamento das crias em testes que determinam a susceptibilidade para comportamentos aditivos”, explicou Nuno Sousa. Depois foi demonstrado que “estes animais de facto têm um aumento da propensão para procurarem substâncias aditivas”, afirmou o também director do Curso de Medicina da Escola de Ciências da Saúde da UMinho.

Ao procurar os mecanismos cerebrais que contribuem para esta propensão, os investigadores verificaram que havia áreas do cérebro que tinham alterações, que os níveis de dopamina no circuito cerebral ligado ao prazer estavam diminuídos nestes animais e que os receptores que sinalizam o aumento de dopamina estavam aumentados.

Segundo os cientistas, “aqueles comportamentos, que naqueles animais levavam à propensão para o consumo de substâncias aditivas, estavam relacionados com as alterações da estrutura e da função cerebral”.

Com isto, tentaram administrar um tratamento com um fármaco usado, por exemplo, em doentes com Parkinson, para aumentar a dopamina (neurotransmissor que actua no cérebro promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer) e verificaram que era possível reverter estas alterações comportamentais, estruturais e neuroquímicas.

“Se déssemos um tratamento agudo [durante três dias] com este fármaco, havia uma reversão, mas era transitória. Se fizéssemos tratamento prolongado [durante três semanas], a reversão era sustentada ao longo do tempo”, referiu Nuno Sousa.

Para Ana João Rodrigues estes resultados sugerem que “com uma abordagem farmacológica relativamente simples, como a restauração dos níveis de dopamina, podemos vir a tratar, e mais importante, potencialmente prevenir, a toxicodependência em indivíduos vulneráveis”.

Apesar de não se poder “garantir que os resultados sejam transferíveis para humanos de forma linear” uma vez que se trata de um estudo em modelo animal, Nuno Sousa sublinha que “se se vierem a provar” pode tornar-se possível “um melhor entendimento de como podemos intervir para diminuir o risco de desenvolver adição em indivíduos com risco aumentado”.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=51662&op=all

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