A primeira edição da Revista Brasileira de Educação Física Escolar, com foco exclusivo para trabalhos relativos ao componente curricular Educação Física, entrou no ar nesta sexta-feira, 28 de agosto e 2015, e sua edição impressa estará disponível no site da Editora CRV a partir de segunda-feira, 31 de agosto.

Site da REBESCOLAR  www.rebescolar.com

Site da Editora http://www.editoracrv.com.br/ (a partir de segunda-feira)

Ano I, Volume I - Agosto 2015

APRESENTAÇÃO

Professor Daniel Carreira Filho

 

O cotidiano escolar está repleto de experiências altamente significativas vividas por crianças e adolescentes ao longo da escolarização formal da Educação Básica. Por longos doze ou mais anos, estes seres humanos tem a aproximação com os conhecimentos necessários à sua jornada pessoal mediados por docentes comprometidos com o desenvolvimento de suas potencialidades, mas, principalmente, dos saberes necessários ao caminhar autônomo, criativo e com vistas à sua intervenção social democrática.

O diário de bordo de muitos dos professores de Educação Física Escolar certamente registra inúmeras dificuldades, limitações conceituais, incompreensão dos parceiros docentes quanto à finalidade desse componente no seio da escola, incompatibilidade da formação que por vezes está distante da instituição escola e uma série de outras barreiras ao exercício da mediação docente.

Por longos anos, a predominância do denominado “quarteto hegemônico” fez com que a quadra fosse compreendida apenas como um espaço de lazer, brincadeiras, suor e competição, além de estar distante dos demais componentes tidos como mais importantes para a vida.

O cotidiano escolar é rico em possibilidades assim como a vida em sociedade. Os espaços de mediação estão significativamente ampliados, a abrangência de novos e ampliados conteúdos para a aprendizagem encontram eco entre docentes atuantes nas escolas, as discussões ultrapassam a simples prática pela prática e vemos, hoje, crescente avanço das práticas pedagógicas nas escolas.

Ainda há, como sempre haverá em educação, muito para trilhar, aprofundar, criar, modificar e, parafraseando Rui Espírito Santo, enorme quantidade de possibilidades para a transgressão pedagógica” em benefício da formação humana pretendida.

O que ora buscamos oferecer é a oportunidade democrática para a efetiva e afetiva troca de experiências entre os atores da Educação Física Escolar, não apenas àqueles que se encontram nos cursos superiores de formação. Um espaço de provocações à criatividade, à discussão coletiva de temas relevantes, ao envolvimento de “licenciandos”, docentes do ensino superior e, principalmente, dos professores que atuam no cotidiano escolar mediando as relações de crianças e adolescentes com o componente curricular Educação Física.

A Revista Brasileira de Educação Física Escolar – REBESCOLAR – que temos a honra de apresentar, sucede às denúncias de longos anos vividos pela Educação Física Escolar em todos os níveis e, humildemente, abre espaços para anúncios com origem em todos os campos escolares, da educação infantil à formação de alunos em cursos de Licenciatura em Educação Física Brasileiros e, quiçá, de outros povos.

Esta construção, sonhada inicialmente no ano de 2005 quando a realização do primeiro Congresso Paulistano de Educação Física Escolar, e por provocação do amigo Professor Mauro Betti, contou com a participação de inúmeros professores e amigos que, acima de tudo, acreditaram na proposta e oferecem sua colaboração, ilimitada, para a consolidação deste espaço democrático e plural.

É importante deixar claro, desde o início, que o espaço da REBESCOLAR está voltado para as discussões, provocações, diálogos, pesquisas, propostas de formação, publicação de experiências de sucesso voltadas exclusivamente para o componente curricular Educação Física.

Esta primeira edição, composta de 11 artigos, ainda não conquistou a abrangência desejada entre os professores da Educação Básica em número de docentes, mas a qualidade dos trabalhos publicados já indica o caminho que será trilhado.

Uma vez mais nosso agradecimento a todos que colaboraram para tornar realidade o sonho sonhado em conjunto.

 

JOGOS DE OPOSIÇÃO: nova metodologia para o ensino dos esportes de combate na educação física escolar

Sérgio Luiz Carlos dos Santos

Laura Ruiz Sanchis

Miquel Robert

 

Resumo

Esta pesquisa foi motiva­da por nosso interesse em co­nhecer a importância que têm os Jogos de Oposição como nova metodologia para ensi­nar Esportes de Combate na Educação Física Escolar, onde desvinculamos o ensino de lu­tas da violência, através de atividades relacionadas com jogar, com ter prazer pelo fa­zer e pode ser desenvolvida por alunos de várias faixas etárias. Os Jogos de Oposição constituem um fim em si mes­mo – a atividade lúdica não demanda metas extrínsecas, muito ao contrário, representa mais o desfrutar de meios, di­vertir-se com sua participação e superar-se. Aqui temos um paradoxo: o jogo é um fim, entretanto o utilizamos como conteúdo educativo. Ao mes­mo tempo a solução está na análise dos participantes que encontram o jogo como um fim e nós, educadores, o uti­lizamos como instrumento de aprendizagem. Estes con­teúdos metodológicos foram trabalhados pelos alunos de Licenciatura em Educação Fí­sica, da Universidade Fede­ral do Paraná (UFPR – Brasil) e também foram experimen­tados em diversas escolas pú­blicas de Curitiba, Paraná, com êxito total. Também re­alizamos pesquisa similar na Universidade Católica de Va­lencia, Espanha onde encon­tramos analogia com os resul­tados obtidos na UFPR.

 

O CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA REDE MUNICIPAL DE SÃO PAULO: análise dos relatos de experiência

Maria Emília de Lima

Marcos Garcia Neira

 

Resumo

A produção oficial de currí­culos para as diferentes dis­ciplinas escolares se dissemi­nou na última década. Com a intenção de subsidiar e orien­tar o professor na definição dos rumos do seu trabalho, o município de São Paulo pu­blicou Orientações Curricula­res de Educação Física basea­das na perspectiva cultural do componente. O presente arti­go analisa os relatos de expe­riência que servem de ilustra­ção à proposta com a intenção de verificar em que medida são consistentes com a teo­ria aventada. Em que pese al­gumas contradições, os resul­tados indicam possibilidades de desenvolvimento de uma ação educativa de cunho de­mocrático consoante com a perspectiva adotada pela pro­posta municipal.

 

OS JOGOS DE TABULEIRO NA ESCOLA PÚBLICA: as três dimensões do conteúdo e o desenvolvimento do pensamento crítico

Daniel Teixeira Maldonado

Daniel Bocchini

Resumo

Esse estudo descreve a ex­periência de um projeto nas aulas de Educação Física onde os autores tematizaram os jogos de tabuleiro. Realiza­do durante o 2° semestre de 2014 para alunos do 7º ano do ensino fundamental, de uma escola municipal localiza­da na zona leste do município de São Paulo, a pesquisa teve como enfoque as três dimen­sões do conteúdo. Na dimen­são procedimental os alunos elaboraram os jogos de tabu­leiro com materiais disponi­bilizados pela escola e depois brincaram com esses jogos. Na dimensão conceitual foi es­timulado que os discentes re­alizassem pesquisas sobre os temas dos jogos elaborados por eles. Na dimensão atitu­dinal foi analisado a influência da mídia e das novas tecnolo­gias nos jogos e brincadeiras. Após a realização do projeto, os alunos construíram uma vi­são diferenciada sobre os jo­gos de tabuleiro e refletiram sobre a influência da mídia e das propagandas no consumo desses jogos.

 

HIP HOP E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: primeiras aproximações

Ivan Candido de Souza

Ubirajara Oliveira

Vilma Lení Nista-Piccolo

 

Resumo

O presente artigo é fru­to dos estudos realizados com vistas à construção de uma dissertação de mestra­do. Adotou-se como objeti­vo neste texto aproximar o Hip Hop do universo da Edu­cação Física escolar, inves­tigando o número de docen­tes que afirmam desenvolver esta temática em suas au­las em uma diretoria de en­sino de São Paulo. A presente pesquisa configura-se como um estudo de abordagem qualitativa do tipo descriti­va. A coleta de dados se deu por meio de um questionário aplicado aos professores que atuam na referida diretoria de ensino. No universo de 72 es­colas públicas definidas nes­sa Diretoria, dessas, foram coletadas as respostas de 67 professores correspondendo a 53 escolas que aceitaram participar do estudo. A análi­se ocorreu nos moldes preco­nizados por Bardin (2007). O resultado encontrado no es­tudo demonstra que embora o Hip Hop seja uma temáti­ca sugerida em diferentes do­cumentos oficiais que devem nortear a prática pedagógica dos professores de Educação Física, esta temática não pode ser apontada como conteúdo desenvolvido nas aulas.

 

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: situação atual e possibilidades de mudança

Guilherme Rocha Savarezzi

Roberto Gimenez

 

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo discutir as represen­tações que permeiam a Edu­cação Física Escolar. Toman­do como base o viés da teoria das Representações Sociais, discute-se o surgimento des­tas representações dentro de um contexto social e a possi­bilidade de modificação nes­tas representações mediante a mudança nas práticas so­ciais, aplicando estes concei­tos às aulas de Educação Físi­ca na escola.

 

UMA ETNOGRAFIA COMO POSSIBILIDADE DE COMPREENSÃO DAS CONCEPÇÕES ESTABELECIDAS PELOS AGENTES ESCOLARES PARA OS EPISÓDIOS DE VIOLÊNCIAS EM DUAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE GRAVATAÍ/RS

Gabriel Gules Goularte

Fabiano Bossle

Tiago Nunes Medeiros

Leandro Oliveira Rocha

 

Resumo

O presente estudo, um re­corte da dissertação de mes­trado intitulada “Violências na Escola: uma etnografia em duas escolas da Rede Munici­pal de Gravataí” apresentada ao Programa de Pós-Gradua­ção em Ciências do Movimen­to Humano/UFRGS, tratou de analisar a concepção sugeri­da pelos professores de Edu­cação Física e membros das equipes diretivas para o en­tendimento das manifestações de violências e as possíveis repercussões que fenômenos desta ordem causam no con­texto da escola a partir de uma etnografia realizada em duas instituições de ensino no ano de 2014. Para tanto, pro­pomos realizar a interpreta­ção das informações coleta­das procurando estabelecer um mosaico que compusesse a visão dos agentes escolares para a convivência das institui­ções de ensino e seus proces­sos de escolarização estabele­cidos a partir da aproximação com as realidades singulares dos bairros onde estão inse­ridas. Como principais mar­cadores das interferências de violências identificadas pelos participantes do estudo, des­tacamos o tráfico de drogas e o desfavorecimento social.

 

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

Ricardo Ducatti Colpas

 

Resumo

Este trabalho tem como foco o Programa Institucio­nal de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Objetiva apresentar uma reflexão so­bre o desenvolvimento deste no curso de Licenciatura em Educação Física da Universi­dade Federal de São João Del Rei num período de 24 meses em três escolas públicas e re­lacioná-lo com saberes impor­tantes para a formação inicial de professores. Efetuou-se uma revisão da literatura so­bre a formação de professo­res enfatizando a relação teo­ria e prática; o conhecimento necessário para o trabalho docente; e dos avanços que o Pibid está proporcionando, de maneira geral, aos Licencian­dos-bolsistas que dele partici­pam. Para verificação desses aspectos acompanhei siste­maticamente, no papel de co­ordenador do Pibid-Educação Física da Universidade Fede­ral de São João Del Rei-MG, o trabalho pedagógico elabora­do e desenvolvido por vinte e quatro estudantes de Educa­ção Física durante dois anos. O impacto dessa experiência na formação inicial foi ava­liado com a aplicação de um questionário composto de 7 (sete) perguntas abertas as quais foram respondidas por 21 bolsistas. Os dados foram interpretados submetendo-os à análise de conteúdo e com­parados com os atuais estu­dos e pesquisas sobre forma­ção de professores e sobre o Pibid. A análise dos dados re­velam/demonstram que sabe­res fundamentais na formação inicial e para o exercício da do­cência foram apreendidos pelos Licenciandos-bolsistas duran­te a participação nesse progra­ma. Dentre eles a indissocia­bilidade entre teoria e prática; a importância da organização coletiva do trabalho docente; e elementos importantes dos sa­beres da Didática.

 

PEDAGOGIA DA CORPOREIDADE E SEU EPICENTRO DIDÁTICO: estruturação da aula-laboratório

Pierre Normando Gomes-da-Silva

 

Resumo

Este ensaio teórico-meto­dológico tem ênfase na es­truturação didática da Aula­-Laboratório da Pedagogia da Corporeidade (ALPC), abor­dando a Educação Física como campo de intervenção, produ­tor de linguagem.

A ALPC é apresentada em sua episteme semiótica, qua­lificando os três modos da ex­periência de aprendizagem: primeiridade, secundidade e terceiridade, desdobradas nas finalidades de Experimenta­ção, Conhecimento e Amor.

Por fim, apresenta a me­todologia da ALPC organizan­do as situações de movimen­to por três categorias (Sentir, Reagir e Refletir) e objetivan­do alcançar três efeitos cogni­tivos (Encantar, Singularizar e Generalizar).

 

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ampliando a cultura esportiva de futuros professores e escolares

Cristiano Marcelo Moura

Ivan Eduardo de Abreu Arruda

Marcele Oliveira Pil dos Santos

Roberto Rocha Costa

 

Resumo

O objetivo desta pesqui­sa é relatar uma experiência de formação de professores de Educação Física, não so­mente fornecendo informa­ções, mas promovendo a vi­vência e a experiência de conteúdos, métodos e prin­cipalmente de contato com a realidade de ensino. Para tan­to, nessa proposta envolve­mos alunos do curso de licen­ciatura em Educação Física e alunos do ensino fundamental num processo de construção do ensino, vivência e aprendi­zagem do tamboréu e do gol­fe. Foi possível perceber que a proposta de ensino baseada na pedagogia de projetos teve papel determinante na intera­ção entre professores, alunos (universitários e escolares) e conhecimento, proporcionan­do a aprendizagem significa­tiva e favorecendo a constru­ção de uma cultura esportiva e de professores que valori­zem tanto o processo de for­mação quanto o conhecimen­to aprendido.

 

OS SABERES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA PERSPECTIVA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: o que aprendem e o que gostariam de aprender

Mauro Betti

Willer Soares Maffei

Marcos Roberto So

Tatiana Zuardi Ushinohama

 

Resumo

Apresenta resultados par­ciais de uma investigação mais ampla que busca com­preender as relações que os alunos da educação básica estabelecem com os saberes propostos pela Educação Fí­sica. Especificamente, bus­ca confrontar os depoimen­tos de 445 alunos do Ensino Fundamental, de escolas pú­blicas da rede estadual de São Paulo, obtidos por meio de questionário, com relação ao que os professores ensinam e o que gostariam de aprender nas aulas de Educação Física. Os resultados indicam que o esporte é o núcleo central das aulas, embora outros conteú­dos também tenham sido re­latados. Apareceram diver­gências entre o que os alunos gostariam de aprender e o que professor propõe ensinar. Conclui-se que a ampliação dos conteúdos tratados nas aulas de Educação Física fa­vorece o potencial de mobili­zação do sujeito para a apren­dizagem.

 

 

O BULLYING E SUAS MANIFESTAÇÕES NA ESCOLA: um estudo de caso

Patrícia Michele R. Sobrinho

Paulo Cesar G. Claro

Rafael Ayres Romanholo

Célio José Borges

Fabrício Moraes de Almeida

 

Resumo

A escola é o ambiente onde a criança e o adolescente co­nhece pessoas diferentes do meio familiar como os profes­sores e outros estudantes no qual cria laços fortes de cari­nho e amizade, dessa forma, depois do lar, a escola é o lu­gar onde o estudante mais gosta de estar. Objetivo: verificar as ocorrências, os ín­dices e as consequências do bullying no espaço escolar; observar onde e como acon­tecem as maiores evidências de bulling no interior das escolas; verificar a ocorrên­cia do bulliyng nas aulas de Educação Física.

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