Recebimento de manuscritos via plataforma da revista até 30/abril/2017.
Ementa:
A medida provisória 746/2016, remetida ao Congresso Nacional, impõe uma série de alterações na legislação educacional brasileira, sob a justificativa de criar o “novo” ensino médio ou ensino médio de tempo integral.
A começar pela forma usada, notadamente autoritária, a medida provisória vem causando inúmeras manifestações de repúdio e críticas de educadores, estudantes, pesquisadores, entidades científicas (como a ANPED, a SBPC, o CBCE) e movimentos sociais. São muitos os pontos do documento que, de fato, projetam uma tendência neoliberal para o ensino médio, propondo uma formação cada vez menos humanista (Sociologia, Filosofia e Artes deixariam de ser obrigatórias, por exemplo) e cada vez mais instrumental, com vistas à inserção precária e precarizada (porque terceirizada, já que o projeto de terceirização também avança no congresso nacional) dos jovens no mercado de trabalho.
Também na linha de fogo da medida provisória, a Educação Física igualmente deixaria de ser obrigatória, ao menos em parte do ensino médio, mesmo com a previsão do aumento progressivo da carga horária para atingir as metas de escolas de tempo integral prevista no Plano Nacional de Educação. Em paralelo a essa discussão político-legal e pedagógica mais geral, que é imprescindível e inadiável, acreditamos que este é um momento oportuno também para que a Educação Física reflita sobre o seu papel no ensino médio: o que vimos fazendo e o que propomos para a formação da juventude no que tange às práticas corporais?
Há algum tempo, Bracht [BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da Educação Física como componente curricular. In: CAPARRÓZ, Francisco (org.). Educação Física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória: PROTEORIA, 2001] apontou a “orfandade da Educação Física escolar”, à medida que se esgotou a sua contribuição histórica para a consolidação do projeto liberal-burguês. E faz uma pergunta-chave que cabe agora de maneira especial à nossa presença (ou não) no ensino médio: “como é possível encontrar ou construir fundamentos para justificar a Educação Física no currículo escolar [do ensino médio] hoje?” (p.69).
Essa é a pergunta que fazemos aos pesquisadores da área, como chamamento para seção temática que integrará uma das edições da Motrivivência em 2017.
Comentários
Por
Sidney Forghieri Zimbres
em 25 de Outubro de 2016 às 08:04.
Olá Bianca
Concordo com suas colocações, mas gostaria de acrescentar algumas considerações.
Uma coisa tem que ficar claro; é necessário fazer uma reforma no ensino brasileiro. E o problema maior não está no ensino médio, mas no fundamental, onde todos são "empurrados" para o ensino médio. Temos alunos na 5a., 6a. séries que não sabem ler nem escrever. Por isso a grande evasão e desinteresse dos alunos.
É necessário, para apresentar uma reforma , fazer uma avaliação/dignóstico do ensino. Parece que é uma tradição do governo brasileiro apresentar programas, como voce diz, autoritários, de gabinete, sem a participação das entidades interessadas ( sindicatos, universidades, professores etc). Vide a LDB, que aprovou a proposta do Darci Ribeiro, apresentada no último minuto no Congresso, quando já existia uma com discussão de quase cinco anos. Lembra-se disso?
Quanto ao ensino médio, se fizermos um estudo/avaliação, talvez voce tenha uma grande surpresa; os alunos são dispensados das aulas a fim de estudar para o vestibular. Ou seja, não existe aula de educação física no ensino médio!!! Precisamos repensar essa prática.
E ainda temos o grande problema do contexto da educação física nas escolas públicas; a maioria não tem espaço ( quadras etc) nem material.
Bom, acho que era isso. Vamos continuar debatendo.
Um abraço.
Sidney
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