Cevnautas,
Bom artigo para discutir com os colegas e estudantes, passando também o vídeo sobre o sucesso escolar da Finlândia.
http://cev.org.br/biblioteca/sistema-educacional-escola-na-finlandia-uma-nova-visao-na-educacao-c-michael-moore/
Laércio
Para educador português, não se aprende nada numa aula
ANGELA PINHO - ENVIADA ESPECIAL A BRUMADINHO (MG)
06/09/2016 02h03
Idealizador da Escola da Ponte, em Portugal, José Pacheco influenciou professores do mundo todo com a proposta educacional implantada no colégio a partir de 1976.
Os colégios dos quais participa ou que aconselha não têm aulas, séries nem provas. As crianças escolhem projetos –fazer um robô, por exemplo– e aprendem os conteúdos curriculares a partir deles. No Brasil, onde Pacheco vive hoje, dezenas de escolas seguem seus princípios.
Na semana passada, ele foi a Brumadinho (MG) participar do seminário internacional de educação Experiências em Trânsito, promovido pelo Instituto Inhotim. Falou sobre sua resistência ao modelo tradicional de escola, que não consegue ensinar a todos, e contou suas experiências práticas.
Atualmente, integra o conselho consultivo do Projeto Âncora, escola pública de Cotia (SP), que segue os princípios da Ponte. O colégio português, que completou 40 anos na última quinta-feira (1º), obteve "muito bom" na mais recente avaliação externa oficial de Portugal. Esta é a segunda melhor nota da escala, que vai de "insuficiente" a "excelente".
Leia a entrevista a seguir.
William Gomes
Folha - Por que o senhor diz que dar aula no século 21 é um "escândalo"?
José Pacheco - Porque não se aprende nada numa aula. Não se prova nada em uma prova. Por que há aula? Por que são 50 minutos? Por que há turma? Por que há série? Ninguém sabe responder isso, e essa escola que está aí, igual à do século 19, produz ignorância e infelicidade.
Na Constituição, está escrito e consagrado o direito à educação. Na LDB, está escrito que é um direito de todos os brasileiros. As escolas dão esse direito? Não. Produz muitos milhões de analfabetos, muita ignorância, muita defasagem. Se a política educacional não garante o direito à educação, podem continuar com as mesmas práticas? Não. Estou a falar de ética. De direito. Se o modo como o professor trabalha não consegue ensinar tudo a todos, tem o direito de continuar desse modo?
Sem aulas e, portanto, sem uma ordem de conteúdos a seguir, como as escolas podem garantir os objetivos curriculares mínimos?
Nas nossas escolas não há objetivos mínimos. São objetivos máximos, que é toda a grade. Todas as crianças, jovens e adultos aprendem tudo que está na grade, ao contrário de outras escolas. Só que não tem um planejamento por ano, idade, série, ciclo porque isso não tem fundamento nenhum.
E quando nenhum projeto desenvolvido pelos alunos demanda, por exemplo, que aprendam a raiz quadrada. O professor tem que sugerir?
Sim, o currículo tem que ser cumprido. Mas aparecem as necessidades. Agora, quando eu digo que numa aula não se aprende nada, há professores que se levantam indignados e dizem que aprenderam tudo na aula. E eu pergunto: quem sabe fazer raiz quadrada? Ninguém sabe, e tiveram aula. Tiveram prova e não provaram nada.
Se eu perguntar qual é a forma para calcular o volume da esfera, é a mesma coisa. Nada se aprende numa aula, e isso é um tabu. É preciso que alguém diga aquilo que todo mundo já sabe.
O que acha da proposta para a Base Nacional Comum Curricular que está em discussão?
Quando a equipe que propõe a base nacional estabelece conteúdos por ano, com anos iniciais e anos finais, significa que vamos ter uma escola com anos iniciais e anos finais. Ou seja, uma escola cartesiana do século 19. Não é assunto sério. Educação é uma só. Por que se subdivide, onde está a fundamentação científica e pedagógica? Será que um médico trabalha com os recursos e as fundações teóricas do século 19? Não. O professor trabalha.
Como vê o uso de tecnologia na escola?
As novas tecnologias são incontornáveis. Nós autorizamos ao limite. Nas escolas onde eu trabalho, nós construímos plataformas digitais de aprendizagem. A criança trabalha também com o celular, o iPhone, laptop, tudo. Desde que haja acesso à informação no domínio virtual, vamos lá.
Nós utilizamos tudo quanto é nova tecnologia, porém não damos um laptop para cada aluno.
Por quê?
Porque vamos criar monstrinhos de tela de computador, que não veem nada do lado, que estão a pastar conteúdo na internet sem saber o que estão a fazer. Nunca tantos instrumentos de comunicação nós tivemos e nunca tanta solidão existiu neste mundo.
Vi numa escola em Nova York cada aluno no seu laptop, e um professor lá na frente com a intranet. Ele vigiava tudo o que os alunos estavam a ver. Era um único conteúdo. Havia divisória entre cada criança. Não podiam ver o que o outro estava falando. As pessoas não percebem que estão a reforçar o individualismo, a condenar os outros à solidão?
Como é nas escolas onde o sr. trabalha?
As crianças têm acesso a tudo para procurar respostas às perguntas contidas nos roteiros de estudo que construímos com ela para concluir um projeto. Elas pegam o laptop e vão procurar.
Nós ensinamos a selecionar, analisar, criticar, comparar, avaliar, sintetizar, comunicar informação —processos de pensamento complexos que o professor mediador deve ensinar. E elas sabem analisar, criticar, comparar e vão produzir conhecimento. Não fazem cópia. E depois vão testar a recolha de dados junto com um professor. E aí acontece a passagem da informação para o conhecimento.
Porque colocar uma criança em contato com o laptop e a informação não conduz ao conhecimento. Ela vai copiar. E, depois, o conhecimento não é suficiente. Tem que pegar esse conhecimento e colocar numa ação. É assim que as crianças desenvolvem competências.
Fonte com foto e links: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/09/1810551-para-educador-portugues-modelo-escolar-do-sec-19-produz-ignorancia.shtml
Comentários
Por
Vital Neto
em 7 de Setembro de 2016 às 14:40.
Boa tarde, gostaria de agradecer pelas reflexões dos colegas a cerca do tema.
E o método Montessori qual a contribuição efetiva dentro da Educação Física Escolar? È possivel
Por
Vital Neto
em 7 de Setembro de 2016 às 14:43.
È real e concreto sua aplicação no ensino público de qualidade?
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 7 de Setembro de 2016 às 18:03.
Vital e demais professores interessados em assuntos referentes à METODOLOGIA.
Antes de mais nada, é preciso que se diga que não basta conhecer os métodos, mas principalmente, "como" empregá-los em suas vivências. Estaremos compartilhando ideias relativas ao ensino de crianças no ensino fundamental e médio.
Inicialmente, indaga se é possível desenvolvermos o método Montessori na Educação Física Escolar. Claro está que o assunto é longo, assim examinemos por partes alguns aspectos e, depois, Você mesmo poderá responder ao seu questionamento.
Dê asas à imaginação
Penso que a inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. “Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”. (Eleanor Duckworth, The Having of Wonderful Ideas).
Para se ter conhecimento, são precisas informações. Disponibilizo breve bibliografia ao final dessa postagem que me guiou nos momentos em que mais precisei para ter um pouco mais de conhecimento.
Tomei como ponto de partida para desenvolver o tema a reportagem que consigno a seguir. Leiam atentamente e a seguir espero que transformem em certezas ou dúvidas. Torço para que sejam dúvidas, pois como foi criado o método, baseia-se na PRÁTICA, que se espera, conduza ao conhecimento. Assim sendo, uma visita a uma escola que o adote é sem dúvida o primeiro grande passo. Mas a notícia da escola inglesa já nos dá indícios sustentáveis para a sua aplicação com maestria na Ed. Física. Ei-la com alguns arranjos meus...
INFÂNCIA
Escola do príncipe George não dá muita bola para tecnologia
Fonte: http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2016/02/28/escola-do-principe-george-nao-da-muita-bola-para-tecnologia.htm
Terceiro na linha da sucessão ao trono britânico, o príncipe George, 2, entrou na escola neste ano. A instituição escolhida foi a Westacre Montessori, em Norfolk, a mesma frequentada pelo pai, o príncipe William. Na contramão da valorização da tecnologia no ensino, na Westacre, o uso do computador não é prioridade.
De acordo com o site da Montessori Society, da qual a escola do menino faz parte, o trabalho com tecnologia não precisa necessariamente fazer uso dessa máquina. É possível trabalhar o tema com interruptores de luz, dentre outros itens.
A escola é adepta do método montessoriano. Criado pela italiana Maria Montessori (1870-1952), ele prega que a criança aprende sozinha, cabendo aos adultos proporcionar um ambiente e materiais para essa aprendizagem.
A educação do príncipe George terá como prioridade a aprendizagem da administração do próprio tempo e a organização das tarefas: “eles aprendem a tomar decisões, a organizar a própria agenda, conforme vão crescendo".
A tomada de decisões passa, inclusive, sobre não forçar as crianças a ficarem sentadas à mesa se concentrando, caso elas prefiram estar no jardim, arrancando ervas daninhas da terra.
O método montessoriano é famoso por dar às crianças liberdade de escolha e muitos materiais -- deixados ao alcance dos alunos-- para que aprendam os conteúdos curriculares. Não há muita diferença em relação ao que se ensina em uma escola tradicional, exceto no ensino de história e geografia. A escola trabalha partindo da história geral, do universo, para a particular -- as tradicionais fazem o movimento contrário.
No método montessoriano, os materiais ficam espalhados pela sala de aula.
A grande diferença proporcionada pelo método montessoriano é o modo como se ensina. É permitido que as crianças explorem muito o que está ao seu redor, experimentem e escolham (e desde cedo aprendam que escolher significa ter de excluir). No mais, o professor não tem papel de destaque, como acontece em escolas tradicionais. A autoeducação tem mais ênfase do que as aulas expositivas, quando o educador fala e os alunos escutam.
Em matemática, as crianças pequenas usam as number rods, chamadas aqui de barras azuis e vermelhas, que medem entre dez centímetros e um metro, para aprender questões relacionadas à quantidade.
Na vida prática, a escola proporciona que as crianças sejam mais independentes e aprendam a abrir e fechar botões e zíperes, bem como a dar o laço no cadarço do sapato.
Visando à independência das crianças, todos os itens ficam ao alcance delas. O grande segredo da educação montessoriana é saber o que fazer com os materiais de aprendizado. Na Prima Escola, por exemplo, cada classe tem de 600 a 650 propostas de trabalho a serem selecionadas pelo educador e então oferecidas aos alunos.
O professor – na educação infantil ou no ensino fundamental – se posiciona como observador, só interferindo no trabalho da criança quando é solicitado ou percebe alguma dificuldade.
Estimular o aprendizado por meio de atividades práticas. O material deve ser desenvolvido e ao alcance dos alunos, para possibilitar o “vivenciar” do conhecimento.
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Leia mais: Pioneirismo em Metodologia de Ensino Esportivo
http://www.procrie.com.br/2016/09/03/pioneirismo-em-m…ensino-esportivo-26785
Palavras-chave: Currículo Escolar Esportivo; Manual de Engenharia Pedagógica; Método de Ensino; Praxia.
Espero que mantenha o interesse e retornemos com nossas dúvidas e estudos.
Por
Vital Neto
em 7 de Setembro de 2016 às 00:20.
E como desenvolver competências no sistema tradicional ?
Por
Laercio Elias Pereira
em 7 de Setembro de 2016 às 10:02.
Cevnautas, Vital,
O problema a ser enfrentado é que o sistema tradicional está obsoleto e falido. O escritor do "Virando a Própria Mesa", empresário reconhecido mundialmente e criador da escola Lumiar, mostra como cumprir o currículo e muito mais falando da Lumiar e na replicação da proposta em escolas públicas:
Ricardo Semler: "Trocaria uma aula de matemática por uma hora de videogame"
Empresário que ficou célebre por revolucionar a forma de gestão de sua empresa, nos anos 1980, quer fazer o mesmo na área da educação
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2015/06/ricardo-semler-trocaria-uma-aula-de-matematica-por-uma-hora-de-videogame-4775688.html
Laércio
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 7 de Setembro de 2016 às 11:01.
Vital e demais professores,
Nosso sistema de ensino está defasado, pois temos práticas (sic) ainda do século XIX. Nossos cientistas (?) da área pedagógica estão adormecidos em suas tratativas de se manter nos cargos até a almejada aposentadoria. Por que deveriam alterar o status quo? Quem se importaria com novas diretrizes? Teriam eles tamanha competência para indicar caminhos a seguir?
O ensino de Pedagogia e pesquisas científicas no âmbito universitário, já foram declarados itens em desuso há muito por reitor da USP (revista Veja) e uma secretária de Educação (doutora em pedagogia) em página inteira da Folha de São Paulo. No entanto, sucedem-se os encontros, congressos nacioanis e internacionais, sempre com os mesmos, a famosa panelinha, que se resume a se manter nos cargos usufruindo mordomias e viagens. Um exemplo, foi o I Congresso Internacional de Neurociência para a Educação, no Rio.
Por sua indagação, descortina-se que você fez um curso em uma universidade e se limitou ao que lhe imputaram informações. Perceberá ao longo de sua trajetória profissional que nada aprendeu, i.e., não se lhe acrescentou qualquer conhecimento. Apenas fizeram com você o que se faz com as crianças nas escolas, desde o ensino fundamental. Pior, além de não saberem ensinar, castram as crianças de sua CRIATIVIDADE. Era o que apontava Picasso há muito tempo.
Nao sou mais do que ninguém, mas como autodidata, enveredei por caminhos que me levaram a algumas conclusões. Para tanto, tive que ler muito, sugerir, praticar, conversar e desenvolver um blog - www.procrie.com.br - para compartilhar com alguns soluções na área educacional.
Veja parte de uma sinopse do projeto que preparei para entregar ao COB, COI, Vaticano, universidades de Stanford e Harvard. E outras instituições e fundações no Brasil que buscam elevar a Educação.
Quanto à sua indagação - desenvolvimento de competências - aconselho-o a se livrar do que seja "tradicional", pois não terá respostas. Foi mais uma informação que "ouviu falar", mas não sabe como ensinar a algum indivíduo. Você verá isto nos cursos de MBA e congêneres, e as dificuldades que pessoas já formadas têm para atuar e compreender suas necessidades emocionais.
No capítulo SOLUÇÕES, verá consignado que estimular trabalhos ou projetos em GRUPO é determinante para desencadear uma série de situações que levam os indivíduos a conscientizar-se de como se comportar diante das dificuldades que representam o tabalho em equipe, ou qualquer vivência em sua comunidade.
Em "COMO FAZER?" estão alinhavadas algumas competências.
LEGADO OLÍMPICO
Educação Física e Esporte nas Escolas
GESTÃO ESPORTIVA
De que adianta ter os melhores centros de formação de atletas se crianças e jovens não se sentem interessados?
DIFICULDADES
Necessidades e conhecimentos indispensáveis
- Professores e treinadores não têm conhecimento das modalidades
- Falta-lhes aprofundamento em Metodologia, Psicologia Pedagógica, Praxia
- Ensino séc. XXI: Tecnologias da Informação, Neurociência, Design thinking
SOLUÇÕES
Criar uma cultura da Educação Física nas escolas
- Metodologia mielínica, uso REVOLUCIONÁRIO!
- Desenvolver projetos multidisciplinares, trabalhos/projetos em GRUPO
- Formação profissional continuada de professores, novas práticas
COMO FAZER?
Descobrir competências para a vida, e não só talentos esportivos
- Atinge-se o máximo em qualquer atividade mesmo sem um dom
- Competências: empatia, inteligência, criatividade, atenção, liderança
- Foco na atenção, ensinar a pensar, aprender a estudar
DIVULGAÇÃO
Protótipo: Centro de Referência em Iniciação Esportiva, Praxia, vídeo-aula, e-books
Ensino a Distância – EaD : predominância em Metodologia, Pedagogia
Blog Procrie[1] – www.procrie.com.br/ Visitas: 263 mil; páginas: 408 mil; Post: 565
[1] Procrie – Google Analytics, em 31.8.2016.
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