Modalidades de luta carregam estigma de gênero e preconceito
Estudo entrevistou cinco lutadoras campeãs mundiais em suas modalidades.
Adotar estratégias de união de gêneros auxiliaria a implantação nas escolas.
O estudo desenvolvido pelo educador físico Marco Antônio de Carvalho Ferretti e orientado pelo professor Luiz Eduardo Pinto Basto Tourinho Dantas fundamentou-se em entrevistas com cinco lutadoras, todas campeãs mundiais em suas modalidades (boxe, jiu-jitsu, Taekwondo e karatê).
Segundo o pesquisador, algumas modalidades esportivas ainda carregam o predomínio de um dos gêneros, o que pode acarretar no preconceito quando praticada pelo sexo oposto. “Isso deve-se à sexualidade ser relacionada ao gênero em nosso contexto social”, explica Ferretti.
De acordo com ele, muitas crianças são impedidas ou sofrem preconceito por praticar uma modalidade esportiva que não é considerada apropriada para determinado sexo.
Relação de sexo e gênero na escola
Segundo o estudo, em geral, a escola não incentiva o esporte feminino e reserva certas modalidades apenas para meninos e outras apenas para meninas. “A maioria dos meninos aprende a gostar de atividades agressivas e competitivas, enquanto as garotas aprendem a gostar de atividades rítmicas ou relacionadas às tarefas domésticas”, relata o educador físico. “As pessoas devem aceitar esta diversificação. Isso é uma prerrogativa e um reflexo de uma sociedade plural e democrática”, ressalta.
As atividades físicas realizadas nas escolas, em geral, são mistas, ou seja, envolvem meninos e meninas. Porém, de acordo com Ferretti, não funcionam de maneira agregadora e não fomentam o trabalho em equipe, mas sim em uma lógica competitiva e de exclusão. “O ideal seria o ambiente escolar adotar aulas coeducativas, nas quais o professor orienta alunos e alunas contra a intolerância entre meninos e meninas, buscando dar igual oportunidade para ambos”, diz.
Estas conclusões fundamentam-se no relato das atletas entrevistadas. “No meu colégio tinha Educação Física normal, mas fora isso, os meninos tinham esporte e as meninas expressão corporal. Eu queria praticar esporte com eles e não podia. Não dava para trocar, as meninas tinham que dançar”, relata uma lutadora de Jiu-jitsu. Nas aulas de Educação Física as atletas não eram estigmatizadas devido a sua grande habilidade, diferente de suas colegas de classe. Porém, fora dessa aula, as atletas contam que eram vistas como agressivas por professores e alguns colegas de turma, simplesmente por serem praticantes de luta. “Isto é reflexo das modalidades de luta estarem no campo da masculinidade, o que gera preconceito quando praticada de forma competitiva por mulheres, e também devido a forma como a mídia retrata as lutas”, relata o educador.
Preconceito profissional
“O cara não sabia fazer boxe direito, eu fiz um simples movimento de boxe técnico e acertei ele em cheio, aí o cara veio pra cima de mim até me nocautear, no próprio treino”, conta a campeã mundial de boxe. Exemplos como este, permeiam o cotidiano das lutadoras e resume-se na frase da campeã de jiu-jitsu, “homem nunca gosta de perder para a mulher”.
Até hoje, muitas modalidades olímpicas de luta não possuem delegações femininas, como é o caso da luta greco-romana. “Apenas nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, que o boxe poderá ser disputado por mulheres”, diz Ferretti.
Por Marcelo Pellegrini
Visto a notícia, a eudacação física escolar deve excluir a modalidade de lutas, diante alguns preconceitos vivenciados principalmente pelo sexo feminino? Na minha opinião , acho que não, pois as crianças devem vivenciar todas as práticas corporais de movimento e a responsabilidade cai em cima do professor diante ao processo pedagógico de estar ensinando está modalidade , para que a mesma não vire um preconceito , diante o relato de algumas pessoas , referenciadas na notícia.
Comentários
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Tatiana Zuardi Ushinohama
em 9 de Setembro de 2011 às 05:18.
Muito válido as questões abordadas pelo texto, estarei colocando-o pra discussão na comunidade de caratê.
Tenho uma opinião um pouco diferente do pessoal, pois ainda há muito preconceito de gênero na modalidade luta. Ao gênero feminino, houve uma abertura para as possibilidades de prática nas lutas sem receber o estigma de estar procurando homem ou ser mulher "macho", mas a medida em que a mulher evolui na modalidade,avançando nas responsabilidades dentro desses esportes, ela começa a sofrer inumero preconceitos. Para se dar aula, por exemplo, ela tem que provar uma capacidade muito maior na modalidade que a masculina para ter credibilidade e ser respeitada.
Acho que a coisa vem mudando ... mas falar q não existe preconceito é algo exgerado.
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Larah Veggi
em 7 de Setembro de 2011 às 23:22.
Amigo Otávio, eu simplesmente achei muito interessante o seu debate, me senti do lado das meninas entrevistas, eu até irei postar um debate sobre lutas na Educação Física Escolar, por achar ser um tema muito interessante. Pois bem, quando citei que me senti do lado das meninas entrevistadas foi pelo fato deu ser uma lutadora de Taewkwondo, e gostaria de ressaltar que na academia que eu treino, nos campeonatos que eu vou, o numero de lutadoras mulheres já ultrapassam os homens, ate minha professora é mulher. Então essa questão de gênero em minha opinião já esta em extinção, hoje em dia as mulheres estão se igualando e até passando os homens nas artes marciais, como em muitos outros esportes, como nos negócios, como na política, ou seja, em todos os lugares. Agora em relação na Educação Física eu sempre fiz as aulas com os homens, pois eu gostava de futebol, de luta, de esportes caracterizados masculinos, o que não era pra acontecerem, todos devia vivenciar todos os esportes, todas as modalidades. Mas isso era antigamente, hoje os tempos são outros e cabe a nós professores mudarmos isso. Mãos a obra!
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Thaiene Aliane de Vasconcelos
em 8 de Setembro de 2011 às 09:08.
Eu concordo com você Larah, pois nós mulheres estamos ganhando espaço a tempos já, por isto mesmo temos que interagir as crianças da escola, insistindo na modalidade de lutas na educação básica, visto que, é necessário mostrar aos alunos que esta modalidade não é nenhuma violência como muitos pensam e discriminam. Está na hora mesmo de nós que estamos vindo como professores ou técnicos mudarmos esta situação, e mostrar o lado positivo à estes alunos, para que eles tenham consciência de que Lutas é um esporte comum, que requer, regras, habilidades, companheirismo e principalmente respeito ao adversdário. E como foi mostrado aqui no Brasil no UFC rio, por exemplo, os lutadores "batem" durante a luta, mas depois se abraçam, e se tornam não mais adversários, mas amigos de uma mesma profissão. Então é isto ai pessoal, vamos introduzir esta modalidade mesmo sem preconceitos formados. Até mais!
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Otávio Gomide Costa
em 8 de Setembro de 2011 às 13:17.
Eu acho que a modalidade de Lutas deve ser sim introduzida para ambos os sexos, como vc disse Larah, hoje em dia nao existe mais está restrição entre sexos opostos em relação as prática esportivas. A questão de Lutas ser voltado somente para o gênero masculino , ja é passado , principalmente como prática na Educação Física Escolar. Como ja disse, acho que os alunos tem que experimentar todas as formas corporais de movimento e cada modalidade expressa de um jeito . Existe muitos valores éticos e morais associados a " Lutas " . Muitos levam para o sentido da violência, porém o que vale dentro da escola é o ensino da prática pedagógica deste esporte , junto a valores associados que cada modalidade proporciona . Essa barreira ou preconceito diante o sexo feminino em não práticar alguns esportes , como " Lutas " , deve ser quebrada.
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Ana Daniela Damacena
em 9 de Setembro de 2011 às 13:08.
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Sandro Ivo Mariano da Motta
em 13 de Setembro de 2011 às 21:11.
Achei muito interessante seu artigo da inclusão de lutas nas escolas
, pois além da descriminação de sexo, deve se frisar que luta é um esporte e deve ser praticada em locais adequados e com regras, e não praticadas em patios de escolas e no meio da rua, onde alguns gostam de se mostrarem valentões. talves com este esporte atingindo as escolas desde os primeiros períodos, quem sabe conseguimos formar cidadãos menos brigões no futuro, diminuindo assim um pouco a violencia, principalmente nos estádios de futebol.
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Jaqueline Aparecida de Souza
em 16 de Setembro de 2011 às 15:24.
Não é de hoje que o preconceito permeia a população, e com a luta não seria diferente, ainda mais se tratando do contexto escolar, onde os alunos costumam expressar um pouco de preconceito vindo do meio em que vivem, e com a questão do gênero também acontecem algumas coisas desnecessárias, muitas vezes, há uma discriminação vinda do tipo de esporte a ser executado, como citado acima. Se é um esporte mais agressivo, como a luta, acha – se que o mesmo deve ser destinado a meninos e que por sua vez as meninas deveriam ser deixadas de lado, quando se trata de uma dança, por exemplo, onde a ênfase é no movimento, principalmente o movimento leve, acha – se que as meninas é que devem pratica – la e não os meninos, por que “pegaria mal”. O professor deve saber agir nessa situação da melhor forma possível, tentando quebrar esses preconceitos, mostrando acima de tudo que o esporte não tem gênero, e o fato de se fazer algo que não é condizente com o esteriótipo imposto pela sociedade não é afirmar o que foi dito e sim mostrar que mais importante que o que falam, é a vontade que se tem de praticar o esporte que se gosta.
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Rita de Cassia Cota e Souza
em 16 de Setembro de 2011 às 23:06.
Realmente esta questão do preconceito é passado, acredito que as mulheres tanto na luta quanto em diversas outras atividades do cotidiano já se igualou ao homem. Tem-se o preconceito da luta também no contexto escolar, pois se acredita que por ser luta é algo perigoso, violento; mas é cedo mesmo que poderíamos ensinar que a luta nada mais é do que um esporte, onde se tem regras, respeito, companheirismo; é como a amiga Taiene disse acima que nos treinos e competições tem-se a rivalidade e a disputa, mas que fora isso vão respeitar seus colegas e levar a vida normalmente. É um esporte como qualquer outro, podendo ser praticado por ambos os sexos.
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Waldir de Meira Albuine
em 18 de Setembro de 2011 às 18:20.
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Michella Silva Fernandes
em 5 de Outubro de 2011 às 15:12.
O preconceito de gêneros nos esportes sempre existiu na sociedade,e muitas vezes partem do próprio lar do aluno.Os pais mesmo dizem que se seu filho fizer aulas de dança ele vai virar "boiola".Ouvi isso há pouco tempo do meu vizinho.Acho que o papel do educador é o de apresentar todas as possibilidades que existem no campo da educação física para que os próprios alunos decidam qual a modalidade de sua preferência,sem pressão dos pais ou dos professores.
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Michella Silva Fernandes
em 5 de Outubro de 2011 às 15:12.
O preconceito de gêneros nos esportes sempre existiu na sociedade,e muitas vezes partem do próprio lar do aluno.Os pais mesmo dizem que se seu filho fizer aulas de dança ele vai virar "boiola".Ouvi isso há pouco tempo do meu vizinho.Acho que o papel do educador é o de apresentar todas as possibilidades que existem no campo da educação física para que os próprios alunos decidam qual a modalidade de sua preferência,sem pressão dos pais ou dos professores.
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Swand de Paula Fernandes
em 9 de Novembro de 2011 às 10:52.
Trabalhar com uma concepção das Lutas, em sua totalidade, enquanto componente da Educação Física Escolar, visa o entendimento de professores em não se reproduzir na escola o mesmo ensino que se realiza em academias, ou seja, de caráter desportivo. As Lutas devem ser incluídas no planejamento escolar pelo professor de Educação Física de forma que possa contribuir para a formação integral do educando. E isto significa, portanto, considerar todos os aspectos do indivíduo: motor, intelectual, sócio-afetivo, etc.
O preconceito por praticar uma modalidade esportiva que não é considerada apropriada para determinado sexo, coexiste, formando este lócus extremamente complexo.
Na minha opinião, o filme, “Menina de Ouro”, aborda com alto grau de sensibilidade a temática posta em debate. Uma jovem determinada, com um dom ainda não lapidado para lutar boxe, enfrenta preconceitos, para com o sexo e pela idade, e apesar de toda negativa, sua determinação é a centelha de esperança que a faz seguir adiante. O desprendimento da jovem, ao se lançar numa carreira agressiva e perigosa, é uma lição de vida que nos leva à conclusão de que é nas pequenas vitórias diárias que a existência adquire sentido.
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