NOTA DE REPÚDIO

O Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Educação Física (GEPPEF), vinculado ao Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, manifesta total repúdio sobre a Medida Provisória (MP) nº 746, de 22 de setembro de 2016, que apresenta a proposta de reforma do ensino médio, instituindo a política de fomento à implementação de escolas de ensino médio em tempo integral.

Em reunião realizada no dia 27 de setembro de 2016, o GEPPEF discutiu a MP na íntegra, bem como, as diversas manifestações contrárias advindas de instituições e entidades expressas através de notas de repúdio e manifestos, analisando as consequências nocivas desta medida para todos os atores envolvidos com a educação do país, a saber: professores, pesquisadores, gestores, estudantes e os demais agentes da sociedade civil. Assim, rejeita os seguintes pontos:

1. O anúncio da reforma do ensino médio por meio de uma medida provisória antidemocrática e de decisão unilateral advinda do governo Michel Temer, caracterizando ilegitimidade no processo;

2. O desrespeito à formação específica e dos saberes à docência adquiridos nos cursos de licenciatura;

3. O caráter opcional e flexível da escolha, por parte dos estudantes e instituições escolares, na oferta das áreas de aprofundamento no currículo na segunda metade do Ensino Médio. Ao mesmo tempo, que se torna facultativo às escolas oferecerem todas as dimensões do conhecimento, o que também restringe a decisão por parte do aluno de acesso ao conhecimento;

4. Direcionamento da educação como espaço exclusivo de preparação para o mundo do trabalho, eliminando toda e qualquer forma de emancipação;

5. A retirada da obrigatoriedade dos componentes: Educação Física e Arte, negando todos os esforços empreendidos nas últimas décadas pelos estudiosos em fazê-las compreendidas como essencial na formação do educando; Em especial, no caso da Educação Física, o Grupo considera um retrocesso, no qual essa área perde espaço e legitimidade conquistada na atual LDB.

A Educação Física possui uma trajetória que carrega consigo elementos históricos, políticos, éticos, filosóficos e técnicos que devem ser estudados e vivenciados na escola de forma contextualizada, tendo como principal referência a cultura corporal.

A Educação Física se justifica na escola por ocupar uma dimensão especificamente social e cultural que trata os diferentes temas da cultura corporal: jogos, ginásticas, danças, lutas e esportes, o que torna impensável suprimir essa dimensão do cotidiano escolar, haja vista a contribuição dessa área na construção de conhecimentos de crianças e jovens. O aspecto lúdico tão necessário para atingir os objetivos dessa disciplina será tolhido pela preparação de mão de obra rápida e “ineficaz”, produzida pelo aligeiramento da formação diante de uma postura acrítica e ahistórica demarcada pelo neoprodutivismo.

Partindo desses esclarecimentos e de uma atitude comprometida com uma educação pública de qualidade, justa, laica e socialmente referenciada, o GEPPEF defende uma Educação Física essencial e não acessória ao processo educativo. Seja em forma de texto ou de paródia a nossa conduta sempre será: PRIMEIRAMENTE FORA TEMER! A MP É UM GOLPE! EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO, SIM!

“É terror

É tanto terror que sinto esse momento

A MP chegou e nem nos consultou

Se instalou e desmoronou todo o conhecimento

Mas é fervor!

Todos reunidos lutando juntos

Tem tanto tempo nossa frustração

Chegou o dia de dizer um NÃO

Tá daquele jeito

Dá para ver, vai mexer

Bateu a ousadia

É tempo de euforia

E assim nós vamos vencer!

ô ô ô ô ôô Repudia repudia”

Paródia da música “Tempo de Alegria” (Ivete Sangalo) elaborada por Raffaelle Araujo (GEPPEF).

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