Gostaria de propor uma troca de conhecimentos a respeito da capoeira, e como esta pode estar presente na escola, visto que é uma prática ainda “marginalizada” por muitos. Que formas devemos buscar para aproximar os alunos, e faze-los entender os valores e a grande “bagagem” cultural que existe por trás dessa simples prática corporal?

"A capoeira, não impõe regras ou limites, as diferenças aproximam, envolvem, caracterizam, e em instância nenhuma separa. "

Comentários

Por Lindinalvo Natividade
em 18 de Dezembro de 2013 às 21:58.

Olá Mablyni.  muito bom este seu questionamento. apesar de varias pesquisas apontarem os beneficios desta manifestação, ela ainda é marginalizada e por quem talvez devesse abraça-la como um novo instrumento pedgógico, ou seja, a equipe diretiva e pedagogica da escola. mas vamos lá.  acredito que na Capoeira, diferentemente de outras lutas, seus participantes tem a possibilidade de experimentarem diversas situações de interação com o jogo propriamente dito. Na roda, por exemplo, ninguém fica estático. Alguns tocam, outros jogam, enquanto outros batem palmas e cantam atentos ao jogo. Neste momento o capoeira observa, ouve, analisa, interpreta uma dada situação e planeja sua ação.  De acordo com Neira (2003) "o gesto carregado de sentido, significado e intenção assumirá, então um papel fundamental no processo educativo...reunindo em uma mesma ação a dimensão ação cognitiva, e claro motora. Enfim, a Capoeira pode proporcionar aos seus praticantes, vivenciar cada momento e cada movimento não só com músculos, nervos e tendões, mas também primordialmente com "cabeça e coração”.

Além disso, a Capoeira também apresenta uma multiplicidade de facetas inerentes não só ao campo da Educação Física, mas também as disciplinas escolares, nos remetendo a um novo instrumento pedagógico para a formação global do aluno, devido ao seu caráter interdisciplinar. Quem melhor que o professor de HISTÓRIA para abordar a história da Capoeira, nacional, estadual e por cima de tudo local? Para a GEOGRAFIA, a correlação com os locais que esta Capoeira acontecia e os locais que hoje são representados, assim como as características dos capoeiristas baianos, cariocas, paulistas, etc. A LITERATURA pode abordar a riquíssima musicalidade da Capoeira, seus versos e poesias, as obras de Jorge Amado. A RELIGIÃO, a reflexão critica entre a religião e a religiosidade, as diferenças de cada capoeirista e suas respectivas regiões e influencias. A MATEMÁTICA pode explorar a geometria encontrada em uma roda de Capoeira, a quantidade de tempos para se tocar um determinado toque, e as ARTES, os trabalhos de Debret e Carybé dispensam comentários.

envio a vc alguns trabalhos meus sobre capoeira.  o ultimo é a minha dissertação de mestrado. boa leitura e vamos PAPOEIRAR...

 

1. NATIVIDADE . Nem tudo que reluz é ouro. Controle, poder, resistência e o jogo de sedução na prática da Capoeira. Revista de Educação Popular (Impresso), v. 11, p. 136-146, 2012. http://www.seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/20250   2. NATIVIDADE . O Discurso Pedagógico na Prática da Capoeira.. Revista Teias (UERJ. Online), v. 12, p. 171-180, 2011. http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/article/view/869/737   3. NATIVIDADE . Um Brasil, várais 'Capoeiras'. Construindo e afirmando as identidades. Estudos Afro-Asiáticos (UCAM. Impresso), v. 33, p. 105-127, 2011.   4.NATIVIDADE . Praxis Capoeirana: um jogo de saberes na formação docente em Educação Física. Revista Urutágua (Online), v. 13, p. 0/13-1, 2007. http://www.urutagua.uem.br/013/13natividade.htm

5.NATIVIDADE . A Capoeira nas Aulas de Educação Física nas Escolas Municipais de Barra Mansa. Hoje um passo, amanhã uma caminhada.. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 94, p. 94, 2006.

http://www.efdeportes.com/efd94/capoeira.htm

  6. NATIVIDADE . A Atuação do Profissional de Educação Física em Relação às Lutas no Ambiente Escolar.. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 90, p. 90, 2005. http://www.efdeportes.com/efd90/capoeira.htm   7. NATIVIDADE. CAPOEIRANDO EU VOU: cultura, memória, patrimônio e política pública no jogo da capoeira

http://www.lpp-buenosaires.net/ppfh/documentos/teses/lindinalvonatividade.pdf

 

Por Leandro Stampini
em 23 de Dezembro de 2013 às 22:54.

Na atualidade a capoeira na escola deve ser encarada como um adendo ao processo pedagógico da instituição, ou seja, algo que venha a agregar valor ao processo. O potencial e qualidades pertencentes à capoeira, aliadas ao seu vasto repertório de brasilidade, fazem dela um excelente meio de promoção da educação, de acordo com a identidade cultural brasileira, assim como se caracteriza uma ferramenta para o desenvolvimento psicomotor e social. Entendemos que na Capoeira escolar tem seu objeto de estudo fundamentado na diversidade da cultura corporal em seus múltiplos significados, buscando educar o homem como ser integral, crítico e preparado para exercer sua vontade, além de se apropriar criticamente dessa cultura corporal trabalhando o corpo e ritmo.

Por Maria Marta Conrado
em 25 de Dezembro de 2013 às 06:38.

A capoeira deve também ser tratada pela área da Educação Física como conteúdo da cultura corporal, respaldada pela Lei nº. 10.639 que torna obrigatório nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, valorizando nossas raízes e a identidade cultural do povo brasileiro com sua riqueza como nos afirma Adorno (1987).   

Por Maria Marta Conrado
em 25 de Dezembro de 2013 às 06:51.

Tendo como preocupação central a valorização pessoal, o professor de Educação Física deve estimular as práticas corporais de forma que os alunos vivenciem  positivamente, não permitindo que se manifeste sentimentos ligados a baixa estima como incapacidade e inferioridade. A capoeira nesse sentido pode atender a esses  objetivos desde que se paute por valores humanos como amizade, cooperação, tolerância e alteridade.   

Por Thaís Lima Gonçalves
em 29 de Dezembro de 2013 às 10:33.

  Segundo Soares (1992) a educação física tem como objetivo de estudo a cultura corporal que é composta pelos seguintes conteúdos: Jogos, Esportes, Dança, Lutas, Capoeira e Ginástica. Desta forma a Educação Física Escolar enquanto prática pedagógica possui o papel de estimular o desenvolvimento das potencialidades físicas, motoras, cognitivas, afetivas, comunicacionais e psíquicas dos educandos, não valorizando simplesmente a ação mecânica de gestos sem relação com o cotidiano e com as aspirações dos alunos (SANTIN, 2002). Assim, o professor tem papel fundamental na escola e na formação de seus alunos, motivando-os a praticar diferentes atividades físicas, como a capoeira (MONTEIRO et al., 2009).

A prática da capoeira na escola possibilita o desenvolvimento de conteúdos conceituais e procedimentais, como autonomia, cooperação e participação social, postura não preconceituosa, entendimento do cotidiano pelo exercício da cidadania e historicidade. No aspecto motor, especificamente, é uma alternativa rica para o desenvolvimento das estruturas motoras como esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, orientação espaço-temporal, coordenação motora, entre outros aspectos (Souza; Oliveira, 2001).

Ainda percebe-se que é uma atividade pouco desenvolvida na escola, principalmente pelo fato dos educadores, muitas vezes, não terem contato com a modalidade durante sua formação acadêmica ou ainda pelo preconceito estipulado pela sociedade, de acreditarem ser uma pratica que estimula a violência.

É necessário oferecer a partir de órgãos públicos e/ou privados, cursos de capacitação de formação continuada, para que haja qualidade no ensino tendo o professor subsídios que atendam os alunos utilizando de todos os conteúdos da “cultura corporal”.

Por Thaís Lima Gonçalves
em 29 de Dezembro de 2013 às 10:56.

 A capoeira é um conteúdo que pode ser contemplado na escola pelos seus múltiplos enfoques, que possibilitam a luta, a dança e a arte, o folclore, o esporte, a educação, o lazer e o jogo (Souza; Oliveira, 2001). Com isso, a capoeira torna-se de fácil aplicação como conteúdo no âmbito escolar devido à grande pluralidade cultural que nos trás e difundindo assim valores éticos como respeito, cooperação, entre outros.


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