Olá,

Me chamo Anderson Dahmer e sou estudante de licenciatura em Educação Física da PUCRS.

Estou fazendo um trabalho sobre as vertentes pedagógicas da Educação Física Escolar no Brasil. A idéia é identificá-las em âmbito nacional e, até mesmo, verificar se existem novas tendências.

Gostaria de contar com a ajuda de vocês. Sugestões de leituras, questionamentos e identificação do objeto deste estudo serão muito bem-vindas.

Atenciosamente,

Anderson.

Comentários

Por Suraya Cristina Darido
em 11 de Setembro de 2009 às 14:56.

Ola Anderson,

Acho que no caso das vertentes, abordagens, ou tendências a minha sugestão é a leitura de alguns textos legais que tratam do  tema. Por exemplo:

BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Cadernos Cedes, ano XIX, n.48, p. 69-89, agosto 1999.

DARIDO,S.C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

RESENDE,H.G. Tendências Pedagógicas da Educação Física Escolar. In: Resende,H.G. & Votre,S. Ensaios sobre Educação Física Esporte e Lazer. Rio de Janeiro:SBDEF, 1994.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 11 de Setembro de 2009 às 16:05.

Anderson,

Estou frequentando diversas Comunidades desse CEV. São 12: Badminton, Basquete, CEVCafé, Corpo e Educação Indígena, Educação, Ed. Física em Alagoas, Ed. Física em Roraima, Esporte Escolar, Ginástica Laboral, Marketing Esportivo, Programa Agita São Paulo e o Vôlei. Foram 111 acessos nesses 88 dias, quase 3 meses, o que dá uma boa visão de meu interesse.

Comecei a minha participação no CEV em 14 de junho desse ano propondo debates e informações sob o tema “Iniciação ao Voleibol”. A partir daí, foram 22 comentários até hoje passados 88 dias. Em 20 de junho, sob o título “Problemas na Iniciação Esportiva” – ainda na Comunidade do “Vôlei” – tentei mais uma vez provocar o assunto. A seguir, em 12 de agosto, lancei um outro tema: “O Bom Professor”, que colheu 6 comentários, sendo que somente um colega de São Luiz (MA) respondeu. Os demais foram colocações minhas.

Logo depois de minha primeira participação (no Vôlei), passei a “navegar” por outras Comunidades, certo de que poderia desfrutar da companhia de vários professores possivelmente com problemas e sugestões que poderíamos nos locupletar. Em algumas teço comentários que identificam meus propósitos e aspectos que podem ser colocados em prática por qualquer professor, em qualquer realidade. Trata-se de uma maneira prática, simples e eficaz, uma metodologia que pode ser colocada a serviço de quem queira realmente realizar, inclusive a baixo custo.

Perscrutando uma vez mais a CEV, deparo-me com comentários e indagações que, se bem explícitas, imagino que possa contribuir com pequena parcela que seja. Peço aos colegas que tenham paciência comigo e tomem conhecimento do que venho “pregando” e, se lhes tocar a curiosidade, digam-me do que realmente estão a buscar. Se tiver o conhecimento necessário, estarei pronto para o diálogo; se não, tentarei informar-me para ajudá-los. Estarei ao aguardo.

Roberto Pimentel.      

Por Leosmar Malachias de Oliveira
em 13 de Setembro de 2009 às 22:08.

Caro Prof. Anderson,

creio que nos últimos 30 anos a Educação Física Escolar vem tentando definir sua posição no currículo escolar, nesta caminhada várias foram as alternativas que demonstram tendências pedagógicas da Educação Física, porém nehuma delas pode ser considerada realmente uma abordagem efetiva, pois todas se pautaram e ainda se pautam por aproximações teóricas para intervenções educacionais que em sua maioria não se consolidaram em nossas escolas efetivamente. Na última década temos grande influência de "conceitos teóricos" baseados nos PCN’s, porém sua característica eclética e multiconceitual serviu mais para suscitar reflexões do que para gerar de fato transformações nas práticas da Ed. Física Escolar. Atualmente prevalece o conceito de cultura corporal do moviemento, algo já discutido lá nos anos 80, repensado nos 90 e publicado nos Pcn’s em 97, porém as práticas do cotidiano escolar ainda permanecem aos moldes dos anos 70, ou seja monocultural e tecnicista, previlegiando os esportes e a competição. É dificil mudar práticas e hábitos de uma área de conhecimento em pouco tempo. Vários artigos da Profª Suraya Darido, de Valter Bracht, Luis Fernando Caparroz, Mauro Betti, discutem questões que envolvem as práticas escolares de educação física e o distânciamento do que preconiza as "novas tendências pedagógicas" da área. Creio que vc deva se concentar mais nas mudanças de práticas dos professores, do que própriamente em conceitos e tendências, é preciso saber O QUE SE ENSINA REALMENTE E COMO SE ENSINA EDUCAÇÃO FÍSCA ESCOLAR, este dados tem muito mais valor para uma discussão teórico conceitual do que buscar novas tendências.

Leve em conta esta afirmativa como opinão pessoal de quem atua a 15 anos com Educação Física Escolar.

Por Anderson da Silva Dahmer
em 29 de Setembro de 2009 às 12:21.

Gostaria de agradecer a todos que comentaram e me auxiliaram nesse estudo de caso. Dando continuidade a essa linha de pensamento, coloco que diante das vertentes pedagógicas por mim analisadas, e discutidas muitas vezes também como tendências, aponto a Construtivista, Técnicista, Desenvolvimentista e Psicomotora. Então questiono a todos que gostariam de participar desse debate, se há conhecimento de uma outra vertente,  ou de uma nova abordagem pedagógica que está sendo aplicada nas aulas de educação física escolar no Brasil?

Por Roberto Affonso Pimentel
em 29 de Setembro de 2009 às 14:48.

Anderson,

Antes de sair desse tema que propôs, dê uma espiadinha em Vôlei/Qualidade na Educação e outros temas que coloquei, como "O Bom Professor". Verá que temos um problema muito mais sério que passa inicialmente pelas nossas universidades. Se não acreditar, leia dois artigos sobre a Educação no Brasil na VEJA desta semana: uma entrevista com o economista americano Martyn Canoy (Um retrato da sala de aula) e um breve ensaio na última página de J. R. Guzzo (Ponto de partida) em que destaco as chamadas:

"Não sabemos como ensinar , nem o que ensinar. O sistema todo, na educação pública, está armado de forma a atender aos interesses, às ideias e às pressões de professores e funcionários, principalmente na universidade."

"Nosso desastre educacional mostra que o Brasil aprendeu a gastar, mas não aprendeu a ensinar; continua confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada."

De Carnoy, destaco o que venho pregando no deserto, a qualificação do Professor (O Bom Professor). Ele diz: "No Brasil, a situação se agrava porque acima de tudo, falta o básico: bons professores." 

Roberto Pimentel

Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
em 2 de Outubro de 2009 às 20:28.

De uma olhada nos escritos do Lino Castellani Filho... do Silvino Santini... o Laercio vai estribuchar, por não indicar as fontes completas... mas é assim mesmo... aprenda a pesquisar... de uma olhadinha no Google Academico e faça a sua pesquisa com as palavras que voce já identificou : educação física + abordagens + construtivismo.... veja no que dá...

Por Anderson da Silva Dahmer
em 2 de Outubro de 2009 às 22:23.

  Agradeço pelas indicações de leituras e pesquisa, mas possivelmente não me expressei  bem e causei uma certa duvida nesse debate. O que busco nesse questionamento, e apenas nesse, são tendências pedagogógicas efetivamente aplicadas na educação física escolar, da qual alguém tenha identificado em aula, e que não se encaixe naquelas que descrevi acima, que foram as quais eu identifiquei efetivamente.

Att.

Anderson Dahmer

Por João Batista Freire
em 5 de Outubro de 2009 às 10:44.

Esses estudos sobre vertentes, de modo geral, não querem dizer muita coisa, porque, na prática, os professores precisam dar aulas, oito aulas por dia, matar um leão por dia, e praticam uma pedagogia que não tem nome. Como esses professores não escrevem, não discursam, os estudos das vertentes são os estudos dos escritos publicados, e não do que se faz no dia a dia. Vejam só, há uma tal de vertente construtivista. Quem pratica isso? Quem representa isso? Eu? Quer dizer que sou uma vertente? Quem  disse isso de mim nem me conhece, não sabe como dou aulas, não leu tudo que escrevi. Apenas leu as referências bibliográficas (entre outros, Piaget) que mencionei. Precisamos de estudos mais reais.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 5 de Outubro de 2009 às 12:26.

Perdôe-me o Professor João Batista, a quem muito admiro e respeito. Peço permissão para acrescentar um detalhe à sua observação muito pertinente, de um homem (ele) com experiência excepcional e um batalhador.

O professor que está no "front" é um guerreiro, sem dúvida; ele enfrenta todas as agruras da profissão que escolheu ou a que foi conduzido pelo destino. Outros, encastelados em universidades públicas, despejam seus achados - que chamam de pesquisas - e teorias mirabolantes, promovendo uma balbúrdia insustentável, o que lhes garante o emprego e, certamente, uma boa aposentadoria. Realizei um curso para docentes de CIEPs no Rio de Janeiro, todos eles trabalhando em áreas de risco. Em dado momento, emocionei-me e tive que conter lágrimas quando tentava dizer-lhes sobre a coragem que eles tinham (e eu não) de trabalharem com tantas dificuldades e riscos.     

Contudo, tanto de um lado como de outro, há bons e maus professores no que diz respeito à sua formação técnica e profissional. E isto é um problema nacional. Felizmente, alguns bons professores se preocupam com essa formação dos novatos e se esmeram, com a experiência e o conhecimento adquirido na prática - além de leituras de bons autores - para repassar-lhe outras informações que não tiveram nos bancos universitários. Vi isto na prática, aí mesmo em Floripa, quando realizei aulas de demonstração da metodologia que emprego para o ensino de crianças, no caso, voleibol: uma na UDESC e outra no Colégio Catarinense. Pude constatar in loco o que se fazia no dia a dia (assisti uma aula). A preocupação de quem ali me levou era que eu servisse de contraponto ao que se vinha fazendo secularmente (desculpe-me, foi próximo aos 100 anos da escola), isto é, as mesmas receitas técnicas promovidas pelas universidades. Se surtiu efeito, até hoje não sei, pois não houve interesse em renovarem contato comigo. Tomara que a semente que deixei tenha germinado. Ou, então, não gostaram...

Imagino que haja bons professores também nas universidades, sem sombra de dúvidas. Mas estariam eles comprometidos com a formação de seus alunos? De que adianta uma boa formação em basquete, voleibol ou atletismo, se no quesito pedagogia é zero?

Sabemos todos nós as dificuldades que têm alunos e professores quanto ao hábito da leitura, especialmente de Pedagogia e conhecemos também o descompromisso de se esmerarem neste mister. Assim, não basta conhecer o assunto, é importante saber transmiti-lo, isto é, aprender a ensinar. A partir de minhas leituras, muitos anos após me formar, passei a analisar mais profundamente o processo de ensino e aprendizagem e a tentar descobrir formas de intervir e tentar ajudar a quem for possível. Dessas leituras, destaco os trechos que li em Jean Le Boulch, pertinentes aos comentários que estamos analisando.  

“A ciência do movimento humano só progredirá de fato na medida em que for simultaneamente teórica e prática”, isto me leva a imaginar um de nós com um texto ou página de livro assistindo uma aula de educação física na sua escola. Tente compatibilizar as duas coisas: texto e prática. Descobrirá que existe um verdadeiro abismo entre o que dizemos, o que lemos e o que praticamos“.

"Os profissionais não têm em geral uma formação suficiente para resolver, no plano científico, os problemas que descobrem no decorrer de sua prática. São então levados naturalmente a resolver estes problemas práticos, aplicando certo número de ‘receitas’ técnicas que representam outras fórmulas dogmáticas impermeáveis a qualquer crítica científica”.    

Evidentemente, também os "profissionais de plantão" nas universidades, longe da prática diária. Assim, dentro de minha modesta experiência, pretendo desenvolver um processo de "ajuda" a quem quiser ou estiver necessitando prementemente através da internet. Estou criando um blog: www.robertoapimentel.blogspot.com  como base de apoio para contatos. Se a ideia proceder, evoluo para um site. Vai depender da resposta dos internautas professores. 

Com muito respeito, Roberto Pimentel.      

 

Por João Batista Freire
em 6 de Outubro de 2009 às 15:53.

Dou-lhe toda razão Roberto. Você deve saber o quanto é difícil para um professor que dá tantas aulas por dia, ingressar num programa de Mestrado, uma vez que, quase sempre, exigem que o mestrando se afaste do trabalho para ficar inteiramente à disposição do programa. Sempre lembro a experiência do Mestrado da São Judas em São Paulo, que admite professores. De minha parte, consegui, enquanto estive na Udesc, colocar sete professores da rede para fazerem mestrado comigo, sem precisarem se afastar de suas escolas. Fora isso, mantenho um grupo de estudos que, entre outras coisas, pratica educação continuada com professores da rede de ensino. E há realmente, como você destaca, gente muito ruim dando aulas na rede, pior, gente que não quer melhorar, malandros, que deveriam ser demitidos sumariamente, mas são protegidos, muitas vezes, pelos cargos públicos.

Por Anderson da Silva Dahmer
em 16 de Outubro de 2009 às 13:31.

Pessoal, gostaria de compartilhar com todos as mesmas preocupações decorrentes dos comentários feitos pelos Professores Leopoldo e João Batista.

Acredito que contra a realidade não há o que questionar... entretanto, me pergunto como mudar esta realidade se não colocamos em prática propostas claras, fundamentadas teóricamente que norteiem nosso trabalho?

Afinal, é importante optar-se pela aplicação de uma "metodologia"? Se o uso de uma vertente pedagógica é importante, quais as mais usadas?

Sigo contando com suas valiosas contribuições.

Grato,

Anderson.

Por João Batista Freire
em 17 de Outubro de 2009 às 11:10.

Anderson: uma coisa é uma proposta feita por um estudioso, ou uma equipe, que define uma tendência. Ela vem bonitinha, limpinha, certinha, como um prato que a serve à mesa. A gente só vê a beleza do prazo, e não a bagunça da cozinha. Outra coisa é a aula ou o treino que a gente dá, no dia a dia. Mesmo que a gente acredite numa dessas vertentes, o plano é sempre contrariado pelos acontecimentos cotidianos: o bom ou o mau humor do professor, a chuva, o vento, o sol, a limpeza, o material, as brigas, os desinteresses, as bagunças. Tudo isso forma o ingrediente, junto com as teorias, que compõem uma aula. No entanto, como pano de fundo, pode-se ter uma orientação teórica, e é bom que se tenha, uma orientação que defina uma ideologia, uma metodologia, enfim, crenças e teorias.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 17 de Outubro de 2009 às 18:26.

Anderson: faça uma visita em www.robertoapimentel.blogspot.com  Se tiver paciência e me acompanhar, poderá descortinar algo novo e imperceptível para a maioria.

Roberto Pimentel.


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