Cevnautas, as eleições no Comitê Olímpico estão próximas (em Portugal - COP;-( , e a recomendação do Prof Gustavo Pires http://cev.org.br/qq/gpires/ na edição de ontem do Jornal Primeiro de Janeiro tem bons conselhos:"Assim, o futuro presidente do COP deve ser capaz de:
1º promover a simplicidade para que o possam compreender;
2º respeitar a verdade como garante da sua credibilidade;
3º prometer só aquilo que controla a fim de poder cumprir;
4º ser possuidor dos conhecimentos necessários às funções que se pretendem desempenhar."
Já pensaram se isso tudo valesse também pra Educação Física e Esportes daqui da Colônia (quase escrevi Bananão!)?
Laércio
PS: A saborosa alcunha Bananão, pra insinuar "Republiqueta Bananeira" e "Grandão Bobo" é do saudoso jornalista Ivan Lessa, ainda nos tempos d'O Pasquim.
12-3-2013,
A Organização do Futuro
Gustavo Pires
Quando se trata de organizar o futuro existem quatro regras fundamentais que é necessário cumprir. A primeira é a da simplicidade. A arte do planeamento está na capacidade de simplificar a fim de que todos possam compreender. Bombardear as pessoas com textos confusos, provenientes de várias fontes de informação, estabelece confusão e leva os destinatários a perguntar se não se está perante a “síndrome da Alice”. A segunda regra é a da verdade, quer dizer, deve existir uma coerência absoluta entre os princípios que se anunciam e a prática que se lhes segue. Por exemplo, se se anuncia a promoção de medidas tendentes à eliminação de qualquer descriminação por razões de género não se deve, depois, pura e simplesmente, eliminar as mulheres da equipa que se constitui. A terceira é o planeamento. Só se pode planear aquilo que se controla. Tentar planear aquilo que não se controla é um mero exercício de inutilidade. Por isso, anunciar que, por exemplo, se vai fazer a “reformulação dos horários escolares” é simplesmente patético porque é pretender intervir num assunto que não se controla. Nem o Ministro da Educação, só por si, tem competência para tal. A quarta é o conhecimento. Os candidatos à presidência do COP devem ser conhecedores da história e da cultura do Movimento Olímpico (MO). Por exemplo, anunciar que se pretende organizar em Portugal os “Jogos Olímpicos Nacionais” revela o mais profundo desconhecimento daquilo que é a história do MO bem como a maior das inconsciências acerca das consequências que tal realização teria para as relações do COP com o COI. No princípio do século XX realizaram-se em Portugal três edições dos “Jogos Olímpicos Nacionais” (1910, 1911, 1912) com o objetivo de apurar a equipa que viria a participar nos JO de Estocolmo (1912). Contudo, tais jogos iam contra os interesses do COI que queria reservar para si, em regime de exclusividade, a expressão “Jogos Olímpicos”. Há muito que José Pontes teve a oportunidade de explicar que aqueles jogos, impropriamente designados de Jogos Olímpicos Nacionais, deviam tão só ter sido chamados – Jogos de Preparação Olímpica. Não se podem admitir este tipo de fragilidades em termos de comunicação no plano nacional e internacional a um candidato à presidência do COP. Trata-se de respeitar a Regra 7 da Carta Olímpica que determina os direitos do COI sobre a expressão “Jogos Olímpicos” enquanto propriedade olímpica, para já não falarmos na famigerada lei portuguesa. Um candidato ao COP não pode demonstrar este tipo de ignorância sob pena de, se vier a ser eleito, deixar a instituição e o País em maus lençóis.
Assim, o futuro presidente do COP deve ser capaz de: (1º) promover a simplicidade para que o possam compreender; (2º) respeitar a verdade como garante da sua credibilidade; (3º) prometer só aquilo que controla a fim de poder cumprir; (4º) ser possuidor dos conhecimentos necessários às funções que se pretendem desempenhar.
Estamos certos que a Assembleia Plenária (eleitoral) do COP vai ser capaz de discernir quem melhor pode garantir a organização do futuro do MO em Portugal.
FONTE: http://www.oprimeirodejaneiro.pt/opj/diarias.asp?idioma=item_lingua1&cfg=0&item=3836&cat=Opinião
Comentários
Por
Roberto Affonso Pimentel
em 13 de Março de 2013 às 20:07.
Tremenda lição de simplicidade e inteligência nos dá o Professor Gustavo Pires. Quanto à Colônia (ou quase Bananão) não creio que o autor citado tornasse a pensar ou escrever da mesma forma, pois os tempos são outros. No mínimo, um "erro histórico".
Mas, ao falarmos da Metrópole, a quem foi destinado o artigo, seria interessante que os brasileiros - e até mesmo portugueses - dessem uma olhada um pouco para trás e procurassem ler o que se contém nos Anais do Congresso Desportivo Nacional Português, realizado entre dez./2009 e fev./2010. Inclusive, boa parte esteve disponibilizada na web.
A História sempre nos oferece boas coisas quando há intenção de criar e promover algo. Muitas vezes interesses individuais ou mesmo de grupos nos levam para outros caminhos. Assim, seria conveniente que os mais jovens aprendessem a interpretar a História e tirar proveito de bons autores.
Quem aqui de nós iria se interessar pelo que acontece em Portugal na área que compete ao Comitê Olímpico? Muito menos eles, preocupados sim em manter seus cargos, vantagens e garantir uma aposentadoria rotunda. Chama-se a isto "frequentar a sacristia", onde os fatos acontecem em toda a sua realidade, sem mascaramentos.
E, finalmente, de quem herdamos e aprendemos tanto?
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