Lí artigo do Oliveira Ramos “Demoraram, mas conseguiram!” publicado hoje, 09 de julho, acerca da crise atual do futebol maranhense. De como conseguiram acabar com o ‘nosso’ futebol. E data o início desse complô, como sendo o ano de 1989. Portanto, 20 anos de desmandos e improbidades, para se chegar ao ‘fundo do poço’ - ou seria, “no fundo, posso?, por isso faço-o…”
O Ricardo André comentou meu artigo, abaixo transcrito:
Caro Leopoldo, gostaria de pedir licença a você para colocar mais algumas observações sobre as relações das políticas públicas com o esporte e lazer, que são historicamente recentes e resultam numa constatação que é mundial: as políticas públicas de apoio ao esporte e lazer padecem de problemas de ordem conceitual e de domínio operacional.
Constatação com a qual gostaria de fazer algumas observações sobre as políticas públicas de Esporte e Lazer que são materializadas no Maranhão e em nossa cidade.
Tomemos inicialmente os clubes de futebol da cidade, o que vemos são atos estapafúrdios, porque não faz muito tempo estes receberam 600 mil reais da Prefeitura de São Luis e mais recentemente 400 mil do Governo do Estado, fato que nos incomoda se houve ou não a apresentação dos planos de financiamento e planos de resgate exigidos pela Lei do Esporte, o que a não realização disto, resulta, conforme a lei, na destituição de seus dirigentes, o que não se assiste de modo algum as relações de existência entre ambos os fatores.
Os planos de financiamento e de resgate são elementos constituídos em lei, utilizados para acompanhar como tais recursos públicos serão utilizados e como os mesmos serão restituídos aos cofres públicos, o que a inexistência de tais planos nos referidos clubes leva a destituição dos seus dirigentes.
O que se passou na esfera municipal, pelo meu desconhecimento da dinâmica jurídica não sei o que poderia resultar ao Prefeito, entretanto, assistimos a mesma manobra na dos clubes sobre a esfera do governo estadual.
Esta é uma questão delicada com o trato dos recursos públicos e principalmente com o contribuinte, porque os clubes até o momento caminham por um lado e as transformações do esporte e lazer materializadas ao longo dos últimos 40 anos por outro lado à frente e a correr, que faz lança os clubes numa profunda crise, que é, sobretudo, uma crise do modelo.
O esporte e o lazer nas suas transformações se tornaram fenômenos plurais que se materializam numa sociedade que se apresenta de múltiplas formas, fatos para os quais os clubes não se despertam, desconhecem como o fazer ou não podem e talvez não queiram fazer.
Numa cidade como São Luís, em que o espaço arquitetônico urbano se combina com espaços abertos para o esporte e lazer, não se vislumbra qualquer dirigente ou político da cidade a procurar uma estratégia que possa acompanhar as transformações desses fenômenos, as ações se resumem a eventos esporádicos, cujo legado é mínimo, irrisório, imperceptível.
Novamente vemos a despesa descabida pela falta de regulação sobre os usos dos recursos públicos sobrar para o contribuinte, que não usufrui do esporte e do lazer como direitos sociais que constam de nossa Constituição, que resulta numa realidade já citada, isto é, a constatação de que as políticas públicas de apoio ao esporte e lazer padecem de problemas de cunho conceitual e de ordem operacional.
Tomando as organizações públicas de esporte e lazer, lêem-se Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de São Luís e Secretaria Estadual de Esporte e Juventude. Nelas, fruto de investigações eu estamos conduzindo sobre as políticas públicas de esporte e lazer no Brasil, com foco específico no Estado do Maranhão e na cidade de São Luís, encontramos vários problemas.
Estes problemas envolvem a composição de quadros e constituição dos recursos humanos, o discurso e concepção orientadora das ações na materialização de políticas públicas de esporte e lazer nos projetos e programas de esporte e lazer, nas atribuições de organismos que compõe as pastas e dos frutos de suas ações, que resultam em reduções de práticas, sentidos e significados.
Tais evidências confirmam a constatação que citamos no início desse trabalho, de modo que nos faz pensar nas afirmações do sociólogo francês Pierre Bourdieu, quando nos diz que:
…de um lado existem pessoas que conhecem muito bem o esporte na forma prática, mas que não sabem falar dele, e, de outro, pessoas que conhecem muito mal o esporte na prática e que poderiam falar dele, mas não se dignam a fazê-lo, ou o fazem a torto e a direito…(2004/1990)
As palavras do francês nos fazem elencar algumas considerações, que dizem respeito ao fato de que é hora de conseguirem passar de um corpo de políticas que se dirijam às necessidades coletivas de alguns para políticas que respondam às necessidades individuais de muitos.
Portanto, é necessário abandonar a política de curto prazo, supostamente beneficiária de retornos eleitorais e de efeitos midiáticos, por uma política de desenvolvimento de resultados mais sustentados, isto é, tratar do esporte e lazer como fatores de desenvolvimento humano para todos nós contribuintes.
Muito Obrigado.
Ricardo André – Professor de Educação Física
Mestre em Gestão Desportiva pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
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