Cenautas,
Conheci o Prof Cantarino nos tempos de JEBs, na década de 1970. Ele dirigindo o Atletismo da competição e eu como técnico de handebol do Maranhão.
Depois os encontros foram frequentes, impulsionados com minha admiração pela paixão dele pelos livros. Visitei várias vezes o apartamento em Brasília que ele comprou só para a biblioteca e, a cada visita, ele dizia, pra me agradar, que o livro mais consultado lá era o Índice da Revista Brasileira de Educação Física. Ele tinha vários exemplares, que ia trocando com o gasto.
Devo a ele a minha sobrevivência como professor da Universidade do Maranhão. Depois de puxar a fieira dos paulistas pra criar o curso de Educação Física (Foram 21 paulistas! Uma invasão odiada até hoje, acho), conseguimos um concurso pra muitas vagas na UFMA e ele vijou de Brasilia para a banca em São Luís. Passamos todo o tempo preparando todo mundo e fazendo as transparências pra cada um pra não perdermos as vagas. Na minha hora cometi a bobagem de reservar um tempo para a interação com os alunos na aula expositiva. Não podia e uma professora da banca decidiu me reprovar. O Prof.Cantarino armou um barraco que interrompeu o concurso por quase uma hora, mas conseguiu que eu não fosse reprovado. Dívida, pois.
Em 1985 participamos, sob a liderança da documentalista Maria Lícia Bastos, da comissão que criou o Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva, SIBRADID. Para registro, a comissão era formada pela Maria Lícia (UFMG); Mário Cantarino (UNB); Marcos Formiga (CNPq), Antonio Carlos Futuro (Secretário de Informática do MEC) e Laércio (SEED-MEC).
Quando foi criada a Comissão de Biblioteca da FEF-Unicamp, o diretor João Tojal garantiu que tinha os recursos e lá fui eu comprar a biblioteca do Prof. Cantarino. Ele recuou aos 45 minutos do segundo tempo. Anos depois, em 2008 ele resolveu mesmo vender o acervo. Daí disparei mensagens nas listas do CEV, tentando praticar meu conhecimento de antigo vendedor de enciclopédia: http://listas.cev.org.br/cevcbce/2008-November/003690.html Deu certo. Por sorte o Amarílio Ferreira Neto era pró-reitor da UFES e viajou pra Brasíilia com o talão de cheques no bolso, como se diz.
Ótimo desfecho. O Prof. Cantarino foi um dos fundadores do curso de Educação Física da UFES e sempre sonhou com a sua biblioteca lá.
No discurso em que agradeceu a homenagem do CBCE, no CONBRACE de Goiânia, ele lembrou a história boa de ilustrar o friozinho na barriga na constatação de que a fila está andando, comum aos homenageados dessas honrarias. Pra me agradar, disse que ia contar uma história que ele já não sabia se tinha acontecido assim mesmo, mas a que ele gostava era de contar mesmo, que era a minha versão:
"Dizque depois de muito tempo em Brasilia o Prof Cantarino resolveu visitar a escola que tinha criado na UFES. Ficou feliz da vida em ver a placa na parede com o seu nome na lista dos fundadores do curso. Em seguida sentiu um friozinho na barriga com uma placa parecida, com o título: Homenagem Póstuma. Só um nome ainda estava só na primeira placa. O dele."
Vamos matar um pouco a saudade com a reportagem do JN.
http://cev.org.br/biblioteca/a-biblioteca-prof-mario-cantarino-jornal-nacional/
Viva o Mestre Mário Cantarino!
Laércio
Comentários
Por
Antonio Carlos Bramante
em 15 de Outubro de 2013 às 17:34.
Caro Laércio, que bela homenagem! Desconhecia a reportagem da Globo. Grato por recuperar parte da história da educação física das últimas décadas!
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