Cevnautas,  segue nota sobre o impacto de um programa de esporte para escolares. No rodapé tem entrada para a dissertação na biblioteca do CEV. Laercio

Programa de inserção no esporte melhora rendimento escolar

Por Hérika Dias - herikadias@usp.br 21/janeiro/2015 

O investimento em programas públicos de iniciação esportiva pode influenciar nos resultados em sala de aula. Alunos que participam desses programas obtiveram melhor rendimento escolar. É o que mostra pesquisa de mestrado, que avaliou a relação dos gastos envolvidos nesse tipo de ação e seus resultados, apresentada no Programa de Pós-graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada (PRONUT), que engloba as Faculdades de Saúde Pública (FSP), Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.  

Notas de português e matemática melhoraram, em média 0,790 e 0,784 O estudo mostra a razão custo-efetividade da inserção esportiva, ou seja, quanto foi necessário gastar com recreação esportiva com cada criança para o aumento das notas. Em média, cada ponto de melhora no rendimento escolar nas notas de português foi associado a um custo de R$133,05 por criança por trimestre ou nas notas de matemática o valor de R$134,07. Para chegar a esses números, a economista e autora da pesquisa Julia Guimarães Aranha acompanhou, durantes três meses, alunos de oito a dez anos de escolas de Indaiatuba, interior de São Paulo, que participavam do Programa de Recreação, Iniciação e Aperfeiçoamento (PRIA). Um programa da prefeitura da cidade voltado à inserção social e introdução de crianças em atividades esportivas fora da sala de aula. “A proposta do estudo foi avaliar o PRIA quanto ao seu impacto sobre indicadores de estado nutricional, qualidade de vida e rendimento escolar das crianças em relação aos gastos públicos envolvidos”, explica Julia. Cada um desses indicadores tiveram análises de diferentes variáveis, no caso do estado nutricional, foi considerado o Índice de Massa Corpórea (IMC) e a bioimpedância (BIA); para a qualidade de vida, foi aplicada a Escala de Avaliação de Qualidade de Vida (AUQEI, em francês) e para o rendimento escolar, foram utilizadas as notas de português e matemática. Metodologia  

A pesquisadora dividiu 86 estudantes em dois grupos: o primeiro que participaria do PRIA (grupo caso) e o segundo que não participaria (grupo controle). Foram realizadas aferições antropométricas e aplicados questionários socioeconômico e demográfico aos dois grupos antes dos alunos entrarem no programa de iniciação esportiva e após três meses. Também foi feita a avaliação econômica do PRIA com levantamento do custo do programa.   “A metodologia para avaliar a efetividade do PRIA utilizou o método de estimação Diferenças em Diferenças, bastante empregado na avaliação de políticas públicas. Assim conseguimos fazer modelos para medir os parâmetros do estado nutricional, qualidade de vida e rendimento escolar de cada um dos alunos dos dois grupos”, afirma Julia.  

Resultado

Segundo a professora Denise Cavallini Cyrilo, orientadora da pesquisa, o estudo conseguiu verificar que o PRIA foi efetivo em termos de rendimento escolar, uma variável de inserção social, e também verificou o quanto a prefeitura de Indaiatuba deveria gastar por criança para contribuir com a melhoria do rendimento escolar. O resultado mostrou que os alunos que participavam do programa melhoraram, em média, suas notas de português e matemática em 0,790 e 0,784, respectivamente. A partir desses valores, também foi realizada análise do custo-efetividade, avaliação econômica utilizada para programas públicos em diversas áreas. “Medimos o custo médio da prefeitura com cada criança participante do PRIA e comparamos com o rendimento escolar. Descobrimos que o PRIA foi efetivo em termos de rendimento escolar por meio do esporte, do programa da Secretaria de Esportes da cidade de Indaiatuba”, ressalta Julia.

Para melhorar um ponto na nota de português de um aluno, a prefeitura deveria investir R$133,05 nas ações esportivas durante um trimestre; já na nota de matemática, o custo seria de R$ 134,07. A professora Denise destaca que “em termos de estado nutricional e qualidade de vida, o período analisado foi insuficiente para verificar a efetividade do PRIA sobre essas duas variáveis”.

De acordo com a pesquisadora, apesar dos resultados estatisticamente não significantes, há indícios de que atividades esportivas também podem ter influência positiva sobre o estado nutricional e sobre a qualidade de vida. “Novos estudos são necessários a esse respeito avaliando-se períodos mais estendidos”, adverte Julia.  

FONTE: http://www.usp.br/agen/?p=199545  

A disertação na biblioteca: http://cev.org.br/biblioteca/impacto-um-programa-publico-iniciacao-esportiva-para-criancas-gastos-antropometria-rendimento-escolar-qualidade-vida/

Comentários

Por Carolina Rezende
em 22 de Janeiro de 2015 às 13:44.

Isso deve ser observado como uma consequência, mas não como objetivo final do esporte e da educação física.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 22 de Janeiro de 2015 às 14:59.

Enquanto isto, fora do "ambiente acadêmico", é possível que algumas luzes surjam para iluminar o caminho dos alunos do séc. XXI.

Atividades não acadêmicas se sobrepõem aos talentos cognitivos na formação de indivíduos competentes. Quanto maior for o seu horizonte, maior o sistema que você poderá enxergar.

Precisamos vencer as barreiras mentais e os interesses corporativos que impedem que as melhores soluções sejam buscadas. Presentemente, estou me atendo a ações transformadoras a partir da Educação Física Escolar.

Produzi um Manual cuja estratégia passa por uma prototipagem com alunos do ensino fundamental na disciplina Educação Física. Após avaliação e correções, pretende-se que seja incorporada ao currículo da escola, revolucionando a matéria. Mais ainda, invertendo a mão pedagógica: agora da Educação Física para as demais disciplinas. Duvidam?

Trata-se de processo pedagógico para levar o indivíduo a aprender a pensar em sua busca de autoconsciência e autorregulação, desenvolvendo Competências. Sem declinar dos valores da "velha pisicologia", acrescentamos conceitos da Neurociência e das TIs e TCs. Em suma, a busca na conquista de despertar talentos individuais para a Vida.

E não ficar a induzir o professorado a repetir erros e mais erros do passado!

Por Antônio Sérgio Maritan Junior
em 22 de Janeiro de 2015 às 16:32.

Ainda acredito na Escola de Tempo Integral, onde podemos acrescentar  a iniciação esportiva como ferramenta da Educação Física Escolar.

Por Antônio Sérgio Maritan Junior
em 22 de Janeiro de 2015 às 16:32.

Ainda acredito na Escola de Tempo Integral, onde podemos acrescentar  a iniciação esportiva como ferramenta da Educação Física Escolar.

Por Antônio Sérgio Maritan Junior
em 22 de Janeiro de 2015 às 16:32.

Ainda acredito na Escola de Tempo Integral, onde podemos acrescentar  a iniciação esportiva como ferramenta da Educação Física Escolar.

Por Roberto Affonso Pimentel
em 22 de Janeiro de 2015 às 18:18.

Antônio e demais colegas,

Mais tempo, maiores salários e outras tantas coisas reinvindicadas por muitos profissionais do ensino certamente não resolverão os problemas que nos afligem durante muito tempo.

Pelo que depreendi de muitas consultas a especialistas - nacionais e estrangeiros - um dos pontos cruciais está na formação do professorado, isto é, nos bancos das universidades. O exemplo maior está na atenção que os acadêmicos - e o próprio currículo de ensino - dispensam à área de Metodologia e Pedagogia. Se souber de alguma universidade que tenha um curso razoável sobre a matéria - e agora falamos da Faculdade de Educação, maior responsável - apegue-se a ela com unhas e dentes, pois é caso raríssimo.

Como pode um profissional dar a conhecer a outrem algo se não conhece aquilo que se propõe a ensinar? Ensinar é uma arte, não é somente transmitir alguns fundamentos para que os indivíduos aprendam a sua execução. Como já foi dito por aqui, "não basta rolar a bola" para que joguem a pelada  e quem não quiser, "10 volltas em torno do campo." Ou faturar com as escolinhas junto com os colégios. É demasiadamente ridículo!

Creio que Educar é muito mais do que isto. E para tanto, são precisas ideias a serem compartilhadas no que se vai produzir em favor dos alunos, e não simplesmente achar isto ou aquilo e "deixar a vida nos levar". Ofereço uma plataforma para acolher sugestões e discutirmos o assunto e, principalmente, construirmos uma peça a apresentar a quem de direito. Quem realmente estiver preocuado e queira juntar-se, apresente-se. Visite www.procrie.com.br/procrienoprezi/   

Por Omir Jorge Muniz
em 15 de Fevereiro de 2015 às 10:33.

Vejo aí os aspectos sociais, culturais e ambientais. Existem no Brasil vários municípios e também regiões e Bairros em que a vida é completamente diferente do conglomerado onde residem. Esses locais compreendem uma vivência difícil, pais que não tem onde deixar os filhos, levam para o trabalho e quando a fiscalização proíbe essas crianças de estarem junto (pois acabam trabalhando com os adultos), acabam ficando em seus lares e como criança necessita de atividade constante acabam entrando na delinquência. Aí entra a importância do trabalho esportivo, que além do estudo (Programa de inserção no esporte melhora rendimento escolar - Por Hérika Dias - herikadias@usp.br 21/janeiro/2015 ) comprovar a importância do esporte para o rendimento escolar,  também para o desenvolvimento sócio-cultural e de autoafirmação dessas crianças,(como já é de conhecimento de todo profissional da área) que acabam tendo um norte para sua vida, formação de lideranças e melhora da autoestima. A dificuldade está nas lideranças da Educação, que acham desnecessários a esportividade nas escolas, pois existem os projetos fora. Mas esquecem que não há transporte para essas crianças participarem de tais projetos e geralmente os mesmos não podem contemplar um número significativo de crianças, além de tabalhar com um mínimo de condições.

Adorei esse tema, vou multiplicar, algumas pessoas necessitam ver e ouvir isso tudo. Parabéns !!!


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