Cevnautas.
   O título escolhido pela repórter Francine Lima, que escreve às quintas feiras sobre a busca da boa forma na revista Época, deve ter deixado a turma do Conselho e das Associações de Treinadores Pessoais de orelha em pé. Mas é sobre o conteúdo da Educação Física Escolar. Colei já com os comentários do sítio da Revista. Se a lista do CEV Personal Training tivesse sobrevivido como comunidade eu teria postado lá. Vamos palpitar? Laércio

Personal trainer pra quê?
Educadores propõem que as crianças aprendam na escola a administrar a própria rotina de exercícios

Francine Lima Repórter de ÉPOCA, escreve às quintas-feiras sobre a busca da boa forma física

Você é fisicamente educado?

Vejamos o que aprendeu na infância, nas aulas de educação física. As atividades estavam voltadas para o desenvolvimento das habilidades motoras, certo? Brincadeiras com bolas, bancos, cones, pneus e muita gritaria eram a tônica das aulas. Ali seu corpo experimentou um bocado de movimentos, e você foi ensinado a se comportar com relação aos colegas, houvesse ou não competição. Muito bem. Mas por acaso você aprendeu a classificar o metabolismo energético como glicólise, beta-oxidação ou ATP? Aprendeu quantas repetições de quais exercícios fazem crescer os músculos ou queimar gordura? Saiu da escola sabendo como administrar a quantidade de séries, o tempo e a sobrecarga nos treinos para ter os resultados desejados? Não só não aprendeu nada disso, como não sabe do que estou falando? Pois há educadores propondo que as crianças aprendam esse tipo de coisa ainda no ensino fundamental e não dependam de um personal trainer no futuro.

A professora Fabia Antunes, uma das autoras da proposta, publicada na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte no ano passado, acredita que a educação física escolar deve servir não só para educar o físico, mas também a cabecinha das crianças. Na visão de Fabia, hoje a meninada já vive numa cultura que valoriza o corpo. Eles frequentam academias, querem ficar fortes e sarados, e muitos adolescentes já usam esteroides anabolizantes para conquistar rapidamente seus objetivos estéticos, ignorando os riscos que isso representa para a saúde. Se eles soubessem exatamente o que acontece no corpo deles ao longo do seu desenvolvimento, sugere Fabia, poderiam desde cedo tomar as decisões certas.

O artigo de Fabia, escrito em conjunto com o professor Luiz Dantas, da USP, procura estabelecer quais conteúdos deveriam ser incluídos nas aulas de educação física do ensino fundamental para as crianças terminarem a escola mais espertas com relação ao seu corpo. Ou seja, mais fisicamente educadas. Em primeiro lugar, sugere o artigo, elas deveriam ser capacitadas para refletir sobre conceitos ligados ao corpo e à cultura esportiva. Por exemplo: de onde vem o ideal de beleza da nossa sociedade atual, e qual influência ele exerce sobre os jovens? Como cada um se sente em relação ao seu corpo, às suas habilidades, e como isso interfere na autoestima? Por que o futebol é o esporte mais valorizado em nosso país? Qual o motivo para meninos normalmente não gostarem de balé?

Além de refletir sobre questões culturais, o estudante deveria, por exemplo, apropriar-se do conceito de frequência cardíaca e aprender a “manipular a intensidade do seu exercício físico de acordo com suas necessidades atuais e futuras; como, por exemplo, melhorar suas funções cardiovasculares, perder peso ou simplesmente usufruir com segurança de uma atividade prazerosa.”

Será que é papel da escola ensinar isso aos alunos? Será que esse aprendizado na escola hoje ajudaria a reduzir a quantidade de adultos com doenças cardiovasculares e obesidade em algumas décadas?

Vamos supor que sim. Que, além de promover a educação alimentar, como começou a acontecer nos últimos anos, a escola assuma também a responsabilidade de ensinar as crianças a fazer os exercícios certos para ter o corpo que quiserem. Que, assim como aprendemos a ler, escrever e fazer contas simples como somar e subtrair, aprenderíamos também a “ler” e “calcular” as necessidades do nosso corpo, com condições de planejar as soluções que dependessem apenas de uma mudança de hábito. Que resultados teríamos no futuro?

Eu não sei em que medida os conteúdos da faculdade de educação física caberiam nas aulas feitas para crianças entre 10 e 15 anos, mas gosto de acreditar que um dia todo mundo saberá administrar as próprias condições físicas melhor do que a maioria de nós sabe hoje. Uma sociedade fisicamente bem educada seria provavelmente mais saudável, mais bonita e bem menos dependente dos serviços de “saúde”. Imagino que, se saíssemos da escola sabendo melhor como cuidar de nós mesmos, talvez menos pessoas precisassem ir ao médico para só então descobrir que estão precisando se exercitar mais ou fazer uma dieta.

E você? Acha que as escolas deveriam ensinar as crianças a planejar seus exercícios, a ponto de elas se tornarem adultos independentes de treinadores físicos? O que você acha que um estudante de 15 anos deveria saber sobre atividade física? Traga suas ideias.
(Francine Lima escreve às quintas-feiras)

Comentários
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     Sheyla R. Farias | RJ / Rio de Janeiro | 03/03/2011 18:30
     Educação Física Escolar
     Felizmente trabalho em uma escola em que me permite usar os meus conhecimentos como professora de Ed. Física livremente, no 6º ano já começo a mostrar a importância de se fazer atividades físicas regularmente e que eles podem ganhar com esse abto, no 7º e no 8º além do esporte, procuro mostrar que pára ser esportista precisamos ter disciplina e dedicação e não só gostar daquele esporte, e no 9º ano procuro mostrar um pouco da cultura esportiva brasileira, inserindo a capoeira, explicando sua história e características, como também lembrando frisando que uma luta no é somente bater em alguém e sim toda uma filosofia de vida e respeito ao seu adversário, além disso dou aula em que mostro a importância da alimentação, como o corpo funciona quimicamente e fisiologicamente conjuntamente com os professores de química e física, assim um reforça o que o outro ensinou para esse grupo de alunos que precisa de muitos conhecimentos para o provável vestibular. Espero que um dia a Ed. Física Escolar seja vista com a mesma importância da matemática e do português em qualquer escola, um dia ainda vou isso se realizar esse sonho.
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     Raul Junior | DF / Brasília | 03/03/2011 17:58
     Personal trainer pra quê?
     Caros colegas. Muito pertinente a discussão e a colocação do colega Gustavo. Acredito que a Educação Física Escolar, a tempos, necessita ser repensada, reavaliada e redirecionada. Fatores externos do nosso cotidiano fazem com que as crianças não se desenvolvam como antes. A informação, a tecnologia e a situação da segurança, principalmente, em grandes centros fazem com que as crianças façam menos exercício físico, como correr, pular, saltar, com brincadeiras de rua ou tradicionais. Com isso a escolar passa a ter mais trabalho com relação as informações que devem ser passadas, a tais crianças, com relação ao seu corpo. Acredito que a informação de planejamento de exercício não fará com que a crianças se torne independente quando adulto. Na escola se ensina tratar do dentes, mas precisamos consultar o dentista freqüentemente. Não só o planejamento de exercícios, mas noções de primeiros socorros, atividades que envolvam o lúdico, a brincadeira, o jogo, são ações que podem transforma a vida da criança e melhorar sua qualidade de vida no futuro. Não podemos pensar que se dermos mais informações que já são passados para as crianças vamos estar "dando um tiro no nosso pé". Temos que pensar no lado positivo. Que são crianças, em sua fase de formação de carcter, principalmente, saindo mais preparadas para, nesse caso, cuidar de seu corpo em busca de melhora de qualidade de vida. Quanto mais puder ensinar, mas vão aprender a importância de fazer uma atividade correta. Abraços Lúdicos.
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     Gustavo Casimiro | RJ / Rio de Janeiro | 03/03/2011 13:22
     Personal Trainer pra quê ?
     É de extrema importância buscar investigar o conhecimento presente em uma área de conhecimento tão vasta como a Educação Física Escolar. Iniciativas similares estão acontecendo e parecem ter um objetivo comum: reformulação de conteúdo para de fato educar não só o corpo, mas o conhecimento sobre o corpo. Um projeto interessante é o que foi elaborado pelo professor de Educação Física Ademir Testa Júnior, ganhador do prêmio Victor Civita 2009 por seu projeto denominado “Movimento, Saúde e Qualidade de Vida.” (http://youtu.be/z5ZzVVRZiVo). Por outro lado, discordo de que a escola precise ou mesmo tenha condições de tornar a criança capaz de ”administrar a própria rotina de exercícios” [sic]. Mesmo porque já existem inúmeras questões que ainda estão longe dos objetivos pretendidos em todas as disciplinas, incluindo a Educação Física. É no mínimo precipitado achar que uma criança poderia ser formada “a ponto de se tornar um adulto independente de treinadores físicos”, mesmo porque não foi me pareceu ser esse o objetivo da pesquisa realizada pela prof. Fabia Antunes e pelo prof. Luiz Dantas citados na matéria. Pensar desta forma equivaleria subestimar todo um conteúdo pelo qual um profissional precisa estudar para exercer sua função. De qualquer forma, acho que iniciativas de reflexão e renovação de conteúdo podem e devem sempre ser estimuladas.

FONTE

Comentários

Por Francisco Castro Nunes
em 5 de Março de 2011 às 13:52.

A Educação física é uma disciplina que pode influir diretamente em toda a vida do individuo, atrvés dela o aluno pode ter acesso as habilidades motoras, conhecimento sobre o corpo, estilo de vida saudável e muito mais. Agora, não se pode afirmar que o luno adquira conhecimentos necessários para poder sozinho, conseguir fazer um progrma de exercício dentro da especificidade do conhecimento profissional.

O conhecimento que o aluno adquire é muito importante para desenvolver um estilol de vida saudável e para poder definir o que é certo ou errado, ou o que pode fazer bem ou mal e etc.

Por Vítor Camarão
em 10 de Março de 2011 às 21:13.

Acredito que a discussão torna-se sempre válida quando a mesma é permeada pela liberdade de opinião e principalmente bom senso. Para mim nenhum aprendizado na escola pode subsituir o profissional na vida adulta, por exemplo: se aprendermos nutrição na escola, os nutricionistas vão desaparecer? Se aprendermos sobre higiene bucal, os dentistas vão desaparecer? Creio que esse não é o ponto a ser discutido. Imagino que válido é ter um conhecimento mínimo sobre a fisiologia do exercício, para entender a necessidade da prática de atividades físicas regularmente e da mesma maneira poder desenvolver determinadas atividades com autonomia, da mesma forma como aprendemos as diversas modalidades esportivas na escola e nem por isso nos tornamos atletas, porém conhecemos o mínimo para podermos praticar no clube, na rua ou em qualquer outro espaço de lazer.


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