Professores e alunos dão pouco uso ao Magalhães
«As escolas ainda não o introduziram como ferramenta de trabalho generalizada»,
diz Lucinda Manuela, da FNE
2009-07-29
Um ano depois do anúncio da distribuição pelo primeiro ciclo de um computador especialmente pensado para as crianças, o Governo dá o processo como “praticamente concluído”. Entregou 373 mil portáteis dos 500 mil pretendidos e só 50 mil alunos não quiseram o computador.
Segundo pais e professores contactados pela Lusa, o Magalhães ainda não teve uso generalizado nas escolas e está longe de vencer o combate às desigualdades.
Em meados do mês passado, o programa contava com 404 mil alunos do ensino básico inscritos, 31600 dos quais não receberam o equipamento por incorrecção de dados ou falta de pagamento, segundo o Ministério da Educação.
Apesar de o Magalhães ter reconhecidas potencialidades e de haver estabelecimentos que as aplicam com sucesso, Lucinda Manuela, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), considera que, “em larga escala, as escolas ainda não o introduziram como ferramenta de trabalho generalizada na sala de aula”.
A sindicalista destaca que “houve atrasos nas entregas do computador, há salas de aulas em que umas crianças têm outras não, a maioria dos professores ainda não recebeu formação e muitas famílias estão pouco motivadas”.
“Isto faz com que o objectivo principal de promover a igualdade de oportunidades, em muitos casos, não tenha sido atingido”, afirma.
Os portáteis ainda não chegaram a muitas salas
Lucinda Manuela considera que “a introdução do computador nas escolas não foi bem preparada porque apenas um ou dois professores por escola recebeu formação”.
“Muitos pais não entendem que a informática e as novas tecnologias podem ser um auxiliar poderoso ao sucesso dos seus filhos. Cai-lhes em casa uma coisa que até foi gratuita e, sem a colaboração da família, essas crianças continuam prejudicadas em relação às outras”, realçou.
«As entregas só terminaram no mês passado»
No mesmo sentido, uma professora com um cargo de responsabilidade numa escola de primeiro ciclo da Póvoa de Varzim, que pediu o anonimato, realça que, apesar de uma circular interna que pede o uso do Magalhães pelo menos uma vez por semana, isso não se verifica na prática e a generalidade das crianças não usa o computador como material de estudo.
Esta docente destaca que “as entregas só terminaram no mês passado, há pais que não quiseram o computador porque era facultativo, depois ficaram com ele porque era gratuito, mas recusam-se a deixar as crianças levar o Magalhães para a escola”, mesmo quando os docentes o pedem expressamente.
Fonte do ministério admite que uma utilização desta “ferramenta de trabalho” nas salas de aulas deverá “ser progressiva”. O Ministério da Educação “está a trabalhar no sentido de que haja uma utilização pedagógica mais alargada do Magalhães no contexto de sala de aula”, afirmou.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=33689&op=all
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