Cevnautas, muita gente vai argumentar que o maior problema desta pesquisa do IBOPE foi ter sido feita por telefone. Podem ter ficado de fora as escolas sem quadra e sem telefone. De qualquer jeito, é bom que estão tratando o problema. Tem uma entrada pra pesquisa comentada no fim da nota. Laercio

Pesquisa mostra que 30% das escolas públicas não têm espaço para educação física

Uma pesquisa realizada pelo Ibope e divulgada nesta quarta-feira mostra que 30% das escolas públicas brasileiras não possuem espaço destinado para para a educação física. O estudo, que ouviu professores e diretores de 458 escolas pelo país, ainda identifica a falta de um programa de ensino de qualidade para a disciplina, considerada funamental para o desenvolvimento do esporte educacional.

A pesquisa foi encomendada pela ONG Atletas pela Cidadania, pelo Instituto Ayrton Senna e pelo Instituto Votorantim. Por telefone, o Ibope entrevistou um professor e o diretor das instituições em questão, que aponta uma margem de erro de 5%.

"Alguns sinais aparecem neste estudo. A primeira é a da infraestrutura, que é deficiente em áreas rurais e no Nordeste. A segunda se refere à disciplina na prática, que não tem um objetivo claro e pode ser aprimorada. O lado positivo é que os professores são jovens e estão altamente satisfeitos em suas funções, o que é muito bom", disse Ana Moser, diretora da Atletas pela Cidadania e experiente na questão do esporte educacional.

De acordo com a metodologia do Ibope, o "espaço para educação física" não é apenas uma quadra poliesportiva, o que pode explicar o número considerável de escolas sem a estrutura adequada. Na área rural, só 50% das escolas têm o local adequado para disciplina, enquanto no Nordeste esse índice cresce para 51%.

A carência fica mais evidente na análise da formação dos professores, considerada adequada no cenário global, já que 44% dos docentes têm pós-graduação e outros 36% pelo menos uma licenciatura no ensino superior. Cerca de 6%, no entanto, têm apenas o ensino médio completo. Entre esses professores com baixa formação, 82% trabalham na área rural e 72% no Nordeste.

O contentamento em trabalhar com educação física, no entanto, contagia quase todos os professores. Segundo a pesquisa, 72% dos entrevistados dão notas entre 8 e 10 quando perguntados se gostam de sua profissão, sendo 0 a nota para "muito insatisfeito" e 10 para "muito satisfeito".

Se o estado de espírito dos professores não preocupa, o mesmo não se pode dizer do que é feito em sala de aula. Embora apontem como objetivos da educação física desenvolver nos alunos "atitudes para uma vida saudável" e "habilidades de colaboração e comunicação nos alunos", 78% dos entrevistados dizem avaliar os alunos pelo desempenho nos exercícios físicos.

"A pesquisa é uma fotografia que a gente precisava ter de como estão as escolas públicas no Brasil. Nós sempre cobramos muito investimento, mais insumo, mas podemos também trabalhar melhor a metodologia dos professores", disse Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Fonte: UOL

Para ler a pesquisa comentada (com gráficos e tabelas): http://cev.org.br/biblioteca/pesquisa-educacao-fisica-nas-escolas-publicas/

Comentários

Por Roberto Affonso Pimentel
em 3 de Abril de 2012 às 07:32.

Laércio,

Não só o telefone, mas principalmente na interpretação das respostas.

Estou debruçado na leitura do livro "O Código Cultural", do Dr. Clotaire Rapaille (originariamente um psicanalista francês), que há pouco mais de 30 anos tem usado a sua abordagem de decodificar o comportamento. Segundo ele, o Código Cultural constitui o significado inconsciente que aplicamos a qualquer coisa por meio da cultura em que fomos criados. Portanto, os Códigos também são diferentes. As razões são numerosas, mas tudo se resume aos mundos nos quais crescemos. É óbvio para todos que as culturas diferem entre si. No entanto, o que a maioria das pessoas não compreende é que tais diferenças fazem com que processemos as mesmas informações de maneiras distintas.

Seus estudos preliminares levaram-no a identificar uma clara ligação entre o aprendizado e a emoção, demonstrando que sem a última, o primeiro inexistiria. Quanto mais forte for a emoção, mais nitidamente uma experiência será aprendida. A combinação de experiência e emoção cria algo amplamente conhecido como uma impressão marcante (imprint). Quando isto ocorre, ela condiciona fortemente nossos processos de pensamento e confere forma às nossas ações futuras. Cada impressão profunda ajuda a nos tornar cada vez mais aquilo que somos. Enfim, elas nos definem. (quem não se lembra de alguns desses fatos ocorridos na infância?) 

No seu trabalho nos EUA como consultor de CEOs de alta categoria, o autor decodifica os arquétipos fundamentais para nos oferecer "um novo par de óculos", com os quais vamos enxergar as nossas ações e motivações. Entender os Códigos explica por que as pessoas são diferentes, e revela as pistas escondidas para entendermos uns aos outros.

O primeiro princípio, e o que se pode aplicar nesses comentários sobre a pesquisa do Ibope, é "Você não pode acreditar naquilo que as pessoas dizem". Isto resulta que o único jeito eficiente para entender o que as pessoas verdadeiramente querem expressar é ignorar aquilo que dizem. Isso não sugere que as pessoas mentem intencionalmente, nem que encenam aquilo que querem fazer parecer; mas que quando se fazem perguntas diretas sobre seus interesses e preferências, elas tendem a dar respostas que acreditam que o indagador queira ouvir. Tal fenômeno ocorre porque as pessoas respondem a essas perguntas com seu córtex, a parte do cérebro que controla a inteligência, e não as emoções ou os instintos. No córtex, as pessoas ponderam uma pergunta, processam-na e sua resposta é o produto da deliberação. Elas acreditam estar dizendo a verdade. No entanto, na maioria dos casos, não expressam aquilo que realmente querem dizer. Concluindo: a maioria das pessoas não entende sua motivação para agir.

E no que tange à aspiração final da presidente do Instituto Ayrton Senna quanto a trabalhar melhor a "metodologia" dos professores, parece revelar muito mais do que está escrito. Então, ouso oferecer modesta ajuda com o que se contém em www.procrie.com.br/novosumario/, além de uma visão geral de meu trabalho em http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/

Por Roberto Affonso Pimentel
em 4 de Abril de 2012 às 07:56.

Perdôem-me o retorno ao tema, mas move-me o intuito de compartilhar conhecimento com todos, independentemente da magnitude de instituições ou mesmo pessoas. Disponibilizo em www.procrie.com.br/ variados artigos sobre Metodologia e Pedagogia, matéria pouco difundida no Brasil, até mesmo pelas nossas universidades. O blogue tem uma Categoria exclusiva para o tema, que poderá ser acessado à vontade e, inclusive, com espaço para um fórum de discussões.

Particularmente, destaco os títulos: "Metodologia e Pedagogia, Para que Servem"? - "Formação Continuada, Lições" - "Melhores Treinos, Melhores Atletas" - Melhores Professores, Mais Talentos" (este, ainda não editado).

Imagino que um exame apurado dos internautas sobre o assunto, acrescido de seus conhecimentos compartilhados, conseguiremos nos livrar da letargia a que estamos condenados há décadas em se tratando de Metodologia e Pedagogia. Basta ver o nível da matéria nas próprias universidades. Estagnação total!  

Será que a próxima pesquisa do Ibope alcançará o problema na sua raiz, isto é, a formação dos professores? E tomara que não conclua que falta espaço, equipamento, salário etc.


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