Univesp lança cursos
27/8/2009
Por Thiago Romero e Heitor Shimizu

Agência FAPESP – O Governo de São Paulo lançou nesta quarta-feira (26/8) os primeiros cursos semipresenciais da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), programa de expansão do ensino superior público no Estado. O lançamento ocorreu no Espaço Univesp, no centro da capital, e marcou também a estreia do canal digital Univesp TV.

O primeiro curso da Univesp será a graduação em Pedagogia, a ser oferecido a partir do primeiro semestre de 2010 a professores da rede pública e privada, com 1.350 vagas iniciais. O curso está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e com o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

A Univesp é um programa gratuito do governo estadual que tem como objetivo expandir o ensino superior público de qualidade, aumentando e distribuindo o número de vagas oferecidas pelas três universidades públicas paulistas.

“Hoje é um dia histórico. Estamos dando um ponto de partida, um avanço em matéria de qualidade na difusão do ensino superior em São Paulo. Será um marco na história do ensino em nosso Estado e no Brasil”, disse o governador José Serra.

Os cursos serão desenvolvidos em parceria com a Unesp, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e com o Centro Paula Souza, responsável pelas Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado. Participam da Univesp outras instituições como a FAPESP, a Fundação Padre Anchieta, a Fundação do Desenvolvimento Administrativo e a Imprensa Oficial.

“Serão cursos muito bem estruturados e de qualidade, dados pelas melhores universidades de que dispomos. Estou otimista no diagnóstico e também na ação”, disse Serra. O governador também enfatizou a importância da Univesp para a qualificação dos professores da rede pública e privada em São Paulo e convocou os secretários estaduais a darem palestras para serem exibidas pela Univesp TV.

O secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, destacou a importância de se ampliar o acesso ao ensino superior. “O programa tem um caráter agregador e trabalha com o compromisso pela qualidade do ensino a ser oferecido. A ideia é fazer com que a virtualidade da Univesp possa oferecer, por mais paradoxal que isso pareça, um caráter de realidade e presença, de modo a ampliar o tempo e o espaço na atuação das instituições de ensino do Estado e aproveitar as formas utilizadas em várias universidade de ponta no mundo”, disse.

Segundo Vogt, a proposta é que “com” e “pela” Univesp “o jovem vá à universidade e a universidade também possa ir até a sua juventude”. “Com o auxílio das tecnologias da informação e comunicação, deveremos ampliar o número de vagas ofertadas, promover maior flexibilização do ponto de vista temporal e oferecer maior abrangência geográfica na oferta dos cursos”, apontou.

Participaram da cerimônia do Espaço Univesp (antigo Teatro Franco Zampari) o secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, o secretário de Cultura, João Sayad, o presidente do conselho curador da Fundação Padre Anchieta, Jorge Cunha Lima, o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, e a diretora-superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá.

Também estavam presentes o diretor-presidente da FAPESP, Ricardo Renzo Brentani, o diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, e os reitores da Unesp, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, e da USP, Suely Vilela Sampaio, também conselheiros da Fundação, além de representantes da Unicamp e de diversas outras instituições.

Primeiros cursos

As inscrições para o processo seletivo do Curso de Pedagogia serão realizadas ainda este ano. Com 40% das atividades no modo presencial, realizadas nos cerca de 30 polos distribuídos pelo Estado, o curso terá três anos de duração e carga horária total de 3.390 horas.

Para se inscrever, o candidato deverá estar em atividade docente na rede pública ou privada no Estado de São Paulo. A expectativa é que ao longo dos próximos dois anos sejam abertas 5 mil vagas.

Entre os outros cursos previstos pela Univesp estão o de Especialização em Filosofia, Extracurricular de Inglês Básico e Extracurricular de Espanhol Básico.

“Atualmente, o ensino semipresencial está praticamente concentrado nas universidades privadas. É um desafio para as universidades públicas usar as ferramentas tecnológicas disponíveis para mostrar que elas também conseguirão seguir essa tendência e oferecer cursos de qualidade. Por estar distribuída por todo o interior do Estado, a Unesp tem um papel social muito importante e nós conhecemos muito bem essa responsabilidade”, disse Voorwald.

Durante a cerimônia no Espaço Univesp também foi assinado um protocolo de intenções entre a Secretaria de Ensino Superior e o Centro Paula Souza para a oferta de 3,2 mil vagas no curso de graduação semipresencial Tecnologia em Processos Gerenciais, a ser realizado no segundo semestre de 2010.

Desde o mês passado, cerca de 200 professores das Fatecs participam de curso de capacitação oferecido pela Secretaria de Ensino Superior para o desenvolvimento de conteúdos para esse curso e para uso de metodologias on-line em cursos presenciais.

TV digital

A participação da Fundação Padre Anchieta, com a implantação da tecnologia digital no seu sistema de televisão, permitiu a criação da Univesp TV, um canal aberto dedicado exclusivamente à programação da universidade virtual.

A Univesp TV traz programas diretamente ligados aos cursos oferecidos, além de documentários, entrevistas e filmes. Para assistir na cidade de São Paulo é preciso sintonizar um conversor de TV digital no canal 2.2. Fora da capital, o sinal pode ser captado por parabólicas digitais na polarização vertical, na frequência 3.710 MHz (ou 1.440 MHz em banda L). Programas da Univesp TV têm sido veiculados desde abril pela TV Cultura todas as terças-feiras, às 23h10.

Segundo Markun, o lançamento da Univesp TV marca, além da disponibilização de um canal aberto com programação pedagógica e cultural ao grande público, a inauguração da TV digital no Brasil. “Estamos lançando um canal digital com mais conteúdo e programação diferenciada, dando a oportunidade de educação de qualidade e gratuita para milhões de pessoas no Estado de São Paulo e, talvez, em um segundo momento, no Brasil inteiro”, disse.

“Estamos inovando e andando na frente em um novo caminho da televisão brasileira que oferecerá mais cultura, conhecimento e educação, de modo que a TV digital seja muito mais do que somente um salto tecnológico do ponto de vista da qualidade de imagem”, destacou o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta.

Plataforma virtual

Para chegar ao grande público a Univesp optou por usar o que há de mais avançado em tecnologia de internet para fins educacionais. Para isso, conta com a colaboração do Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia), da FAPESP.

A plataforma a ser utilizada pelos alunos da Univesp está sendo desenvolvida no âmbito do projeto Aprendizado Eletrônico (Tidia-Ae), que reúne diversos grupos de pesquisa no Estado de São Paulo.

O Tidia-Ae é um ambiente virtual de aprendizagem composto por um conjunto de ferramentas que permite o desenvolvimento de atividades pedagógicas por meio da internet.

“Com a Univesp, a difusão do conhecimento pela internet, que sempre foi considerada a ferramenta do futuro, será muito mais rápida, poderosa e eficiente. Essa é uma iniciativa muito importante e a FAPESP está muito satisfeita em participar”, disse Brentani, diretor-presidente da FAPESP.

“Acho que os projetos de pesquisa vinculados à Fundação poderão ser utilizados para a elaboração de materiais didáticos nesse programa e, certamente, alguns dos cursos deverão evoluir para mestrados e doutorados que poderão vir a ser apoiados pela FAPESP”, disse.

Univesp: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br

Comentários

Por Leosmar Malachias de Oliveira
em 28 de Agosto de 2009 às 08:42.

Vamos torcer pra que este modelo de Ensino a Distância não se torne mais uma plataforma de Ensino "Distanciado da realidade e das necessidades dos professores". O recurso das novas tecnologias são muito bem vindos, porém observo alguns entraves a sua utilização. Certamente pra que este tipo de curso de certo, será no mínimo necessário um grande processo de inclusão digital voltados aos professores, "Não confundir inclusão digital, com acesso a computadores". Espero que o peso das Universidades envolvidas se traduza na qualidade de ensino desejada e necessária pra que este projeto realmente funcione.

Vamos torcer...


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