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Jogos Olímpicos: mais alto, mais forte, mais longe das redes sociais

28.04.2012 - 14:48 Por Marco Vaza

  Organização pretende aproximar atletas e público através das redes sociais, mas fixou regras restritivas (Foto: Karl Mondon/Contra Costa Times/MCT) Não há imagens em movimento de Atenas 1896, os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Apenas texto e fotografias. Os primeiros registos deste género aparecem quatro anos depois, em Paris, quando o cinema ainda era pouco mais que uma curiosidade. Leni Riefenstahl elevou o registo de imagens de desporto à categoria de arte em Berlim 1936 com “Olympia” e os primeiros Jogos com transmissão televisiva internacional foram os de Roma em 1960. Em 1991, a Internet tornou-se global, a tempo de apanhar Barcelona 1992 e em Pequim 2008 já existiam blogues, Twitter e Facebook. Mas são os Jogos de Londres do próximo Verão aqueles que estão a ser apelidados como os primeiros das redes sociais.

Mas serão verdadeiramente livres? Haverá uma partilha sem reservas de tudo o que seja experiência olímpica? De acordo com as regras estabelecidas pelo comité organizador, não. E as proibições não são apenas dirigidas aos espectadores.

Os atletas também estão limitados nos conteúdos que poderão ter nas suas páginas durante os Jogos. Tudo em nome dos direitos de imagem e dos patrocinadores oficiais. A pena por desrespeitar estas regras por parte de um portador de bilhete ou de credencial dos Jogos pode ser a expulsão do evento.

Um exemplo dado por Zack Whittaker, jornalista da Zdnet.com: segundo os regulamentos, um atleta não poderia ter um vídeo na sua página de Facebook a falar sobre a sua marca preferida de cereais se esta não for uma patrocinadora dos Jogos.

O Guardian acrescenta outro exemplo extremo: e se Usain Bolt, recordista mundial dos 100m e 200m, divulgasse uma fotografia dele próprio a beber uma Pepsi, sendo que a Coca-Cola é que é o parceiro oficial dos Jogos? Poderia o jamaicano ser expulso dos Jogos? “Inconcebível”, diz Paul Jordan, especialista em “marketing”, ao mesmo jornal inglês. “Como em muitos regulamentos, algumas das sanções são muito rígidas e raramente usadas. Não haveria grande vontade em desqualificar atletas tão conhecidos [como Bolt].”

Para o portador de bilhete para uma das 26 modalidades que fazem parte dos Jogos há limitações sobre o tipo de fotografias e vídeos que pode colocar na internet. E a regra é suficientemente vaga para permitir várias interpretações. “Imagens, gravações de vídeo e de som dos Jogos feitas por um portador de bilhete não podem ser usadas para outro fim que não seja o uso privado e doméstico e um portador de bilhete não pode vender, transmitir ou divulgar vídeo e ou som, incluindo em redes sociais e na internet em geral”, diz o regulamento.

Caberá então à organização decidir o que é que é uso privado. Mas qual é o critério e como é que vai ser controlado? “Vamos ter uma abordagem de senso comum. Nós vendemos os direitos de transmissão, mas vamos conseguir controlar tudo? Claro que não. A Internet mudou o mundo e nós não somos tolos. A realidade é que vivemos num mundo em que meter coisas no Facebook está sempre a acontecer e não há muito que possamos fazer sobre isso”, diz à BBC Keith Mills, do comité organizador londrino.

Comité Português fixará regras

Da parte do Comité Olímpico de Portugal, serão estabelecidas regras específicas para a comitiva portuguesa dentro do regulamento interno no que diz respeito à utilização dos media sociais. Para já, o COP actualiza regularmente uma página no Facebook.

Mesmo com todas estas restrições, a organização dos Jogos pretende aproximar os atletas do público através das redes sociais e criou uma espécie de aldeia olímpica virtual, uma plataforma que agrega as contas de Twitter e Facebook dos atletas olímpicos.

“Com o lançamento do Hub, estamos a criar uma mudança de paradigma na comunicação durante os Jogos Olímpicos”, considera Alex Huot, responsável olímpico pelas redes sociais.

Entre o “top 5” dos atletas mais seguidos deste Hub, onde já estão mais de 1000 atletas, estão sem surpresa três basquetebolistas norte-americanos: LeBron James (14.477.055 seguidores), Kobe Bryant (12.203.912) e Dwyane Wade (8.435.136).

Os tenistas Roger Federer (10.433.685) e Rafael Nadal (10.424.258) completam a lista dos cinco mais seguidos. Para já, Naide Gomes é a única atleta portuguesa integrada neste Hub, contando com 4382 seguidores.

http://www.publico.pt/Tecnologia/jogos-olimpicos-mais-alto-mais-forte-mais-longe-das-redes-sociais-1543944

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