Cevnautas, vamos comemorar o 8 de março. Laércio

Olimpismo & Direitos das Mulheres
Gustavo Pires
 
O ano de 1975, foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em 1977, o dia 8 de março foi, pela primeira vez, celebrado como o Dia Internacional da Mulher. Muito embora estes factos tenham acontecido há quase quarenta anos, em Portugal, parece que existe gente que ainda não deu por isso. Passo a explicar.

Carla Sacramento, Maria Flor Pedroso e Maria Fernanda Rollo são as três únicas mulheres de uma pomposa Comissão de Honra constituída por 28 elementos da candidatura de Marques da Silva à presidência do COP. Claro que sabemos que as Comissões de honra só servem para “épater le bourgeois” contudo, temos de convir que, 3 mulheres para 25 homens é uma desproporção, pelo menos, desmoralizante.

Mas, apesar de entendermos que a dita comissão só serve para trazer para o desporto aquilo que de pior a política tem, sempre gostaríamos de perguntar às três únicas mulheres que a compõem se se sentem confortáveis em tal Comissão de Honra que promove uma lista candidata à Presidência do COP que, por incrível que possa parecer, simplesmente, ostraciza as mulheres.

E, como a composição da lista apresentada por Marques da Silva é conhecida vai fazer depois de amanhã um mês, gostaríamos também de saber as razões que levam pessoas como Manuel Brito - Professor de Educação Física; António Seruca Salgado - Administrador UNICER; António V. Tavares - Vice-reitor Universidade Clássica de Lisboa; Henrique Cayatte - Designer; José Couceiro - Treinador de Futebol; Luís Campos e Cunha - Professor de Economia; Nicolau Santos - Jornalista; Sidónio Serpa - Professor na FMH, a aceitarem continuar a honrar uma candidatura à presidência do COP que, sem qualquer pudor, em pleno século XXI, num País europeu que se diz civilizado, excluiu as mulheres da sua composição.

Dirão que não sabem do que se passa, que só apoiam o candidato porque ele é boa pessoa, que pouco sabem do que se passa no desporto, que não é assim tão grave quanto isso, que mais mulher menos mulher vai tudo dar ao mesmo, que as mulheres só servem para atrapalhar mas que não se pode dizer, etc., etc., etc….

Claro que não faltarão desculpas de mau pagador. Contudo, como duvido que algum dos nomes referidos se atreva a responder, permito-me dizer o que eu faria se, ingenuamente, fosse apanhado em tal situação. Eu, simplesmente, desmarcava-me publicamente de tal Comissão de Honra. Porque é a honra das próprias mulheres que está em causa. O Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas, económicas e desportivas das mulheres. Por isso, num país verdadeiramente civilizado a lista apresentada por Marques da Silva já tinha sido simplesmente arrasada pela indignação pública. São os direitos das mulheres que estão em causa. E os direitos das mulheres são uma das questões centrais do Movimento Olímpico.

FONTE: http://www.oprimeirodejaneiro.pt/opj/diarias.asp?idioma=item_lingua1&cfg=0&item=3720&cat=Opini%C3%A3o

 

 

Comentários

Por Edison Yamazaki
em 19 de Março de 2013 às 23:41.

Isso é fichinha perto do que acontece no Comite Olímpico Japonês. Numa reunião na federação (segunda-feira) para esclarecer verbas mal gastas pelos dirigentes do judô feminino, estavam presentes aproximadamente (não contei) uns 30 homens e nenhuma mulher.

Tudo isso está vindo á tona porque as judocas reclamaram de maus tratos físicos e pressões psicológicas durante os treinos e seletivas para as Olimpíadas passadas. O treinador e seus auxiliares (todos homens) foram demitidos. Somente aí é que foi notado de que não havia nenhuma mulher nem na Comissão Técnica, nem como representante dos atletas e federações.

 

Por Roberto Affonso Pimentel
em 20 de Março de 2013 às 15:58.

Olá Edson,

Bons tempos para as mulheres "lutadoras" por seus direitos na sociedade japonesa! Lembra-se dos comentários que realizamos em que dizíamos sobre o treinamento das voleibolistas japonesas na década de 60 e 70?

Abraço.  

Por Edison Yamazaki
em 28 de Março de 2013 às 20:52.

Roberto,

É verdade... hoje tudo está melhor para as mulheres atletas.

As judocas fizeram uma carta entregue à Federação dizendo que haviam sofrido maus tratos psicológicos e físicos por parte dos treinadores, todos eles ex-atletas e medalhistas olimpícos. Todos foram afastados.

No vôlei feminino as coisas estão melhores porque existem atletas de outros países disputando o campeonato local, inclusive brasileiras. O nível técnico está subindo e o público aumentando. Novas atletas também estão surgindo. O basquete feminino também melhorou bastante. Está mais competitivo e alguns times foram criados. O futuro promete dias melhores.

Abraço,

 


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